terça-feira, 13 de setembro de 2011

[Tradução] Review de Ann Powers, no NPR

Toriphiles,

Aqui está a tradução da review que a jornalista Ann Powers fez sobre o Night of Hunters. Para ler a original, clique no link abaixo, no qual você pode também ouvir o álbum completo.

REVIEW ORIGINAL + OUÇA O NIGHT OF HUNTERS

Tori Amos é uma artista conceitual disfarçada de pop star. Por quase duas décadas, essa dama de múltiplas personas tem feito prestidigitação com estruturas de canções, abraçando sagas completas – sobre religião e mito, gênero e sexualidade, conflitos cósmicos e sua própria evolução interna – dentro das intricadas caixas de cristal de suas canções. Cada projeto no qual ela entra opera sob o jugo de um novo princípio governante, uma inovação em forma ou temática que auxilia Amos a expressar suas grandes ideias, de maneiras tanto desafiadoras como musicalmente sedutoras.

Parte do que faz Amos ser uma compositora tão diferenciada é sua base vir da música clássica. Aos 6 anos, ela começou a treinar no Instituto Peabody, em Baltimore, a estudante mais nova que já foi admitida em seu programa. Mesmo quando ela adentrava em novas combinações de rock, folk, cabaré e Top 40 pop, Amos manteve seu repertório clássico em seu subconsciente. A memória dele aparece em toda sua música.

É por isso que Night of Hunters não é algo tão surpreendente vindo dela. De fato, o cliché funciona: Este é o álbum para o qual ela foi destinada, por aprendizado e afinidade espiritual, a gravar.

Um ciclo de canções baseado em peças familiares de compositores como Satie, Chopin, Schubert e Bach, Night of Hunters conta a história multidimensional de um casal que se separa e da busca da mulher pela unidade dentro de si própria. O conto é animado por personagens e motivos que qualquer fã reconhecerá como característico: uma metamorfa, poetas ancestrais, batalha num ringue de árvores; um Encantador de Estrelas; uma Musa do Fogo. É transmitida numa estrutura de música de câmara, que permite a Amos mostrar suas habilidades clássicas em colaboração com músicos ímpares, incluindo o quarteto de cordas Apollon Muságete e o clarinetista Andreas Ottensamer.

Soa como um material pretensioso, mas como uma admiradora de longa data de Amos (além de uma vez colaboradora – eu coescrevi um livro com ela em 2005), estou impressionada em como ela funde sua maneira de compor à forma de canção-arte. E a música é profundamente satisfatória. Nas teclas de seu amado Bösendorfer, Amos expande seus limites como instrumentalista, descobrindo novos níveis de nuance e delicadeza dentro de seu estilo ritmicamente poderoso. Tudo cuidadosamente complementado pelos amplos arranjos de cordas criados por John Philip Shenale, além dos de woodwind. Reinterpretando os clássicos numa maneira que explora como eles se conectam às formas populares, das quais seus compositores tomaram emprestado e as quais eles mesmos inspiraram, Amos nunca soa inflexível ou enevoada.

Night of Hunters é ambicioso, mas também pessoal – não no sentido confessional, mas musicalmente. Amos divide 4 faixas com sua filha de 11 anos, Natashya Lorien Hawley (cuja precoce voz grave sugere mais uma “Adele elfica”), e sua sobrinha, Kelsey Dobyns, também faz uma aparição. Deixe para Amos encontrar um modo de desafiar a tradição clássica de comando masculino, ao trabalhar numa mágica mais matrilinear. É apenas o estilo dela de reinventar a tradição, mesmo quando está a honrá-la
.

Fonte: Undented

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