Toriphiles,
Da entrevistas que vi por esses dias, a que mais me chamou atenção foi a do site Planet Notion. Nela, Tori não só fala sobre detalhes do Night of Hunters, mas confessa que o musical The Light Princess terá outro nome, bem como detalha mais coisas do álbum comemorativo de 2012. Admite ainda que o Choirgirl quase se chamou “Confessions of a Choirgirl”, e o Pink, “God”, e que seus últimos álbuns tiveram uma longa duração por terem sido pensados como discos duplos. Agradecemos muito o Tumblr EarWithFeet pelo material, e recomendo a leitura! (se quiser ler a original, clique AQUI)
ENTREVISTA: TORI AMOS
Tori Amos teve um ano cheio. Além de gravar o Night of Hunters, seu primeiro álbum de música clássica, ela também coescreveu um musical para o National Theatre com o renomado dramaturgo Samuel Adamson. Um pouco mais cedo neste verão, Amos participou de um work shop e seleção de elenco com a diretora de War House, Marianne Elliot, ao mesmo tempo que organizava sua aguardada tour mundial e preparava um best of em celebração ao marco de aniversário do Little Earthquakes, seu primeiro álbum, completando 20 anos.
Doron Davidson-Vidavski encontrou-se com Tori e conversaram para a PlanetNotion.
PlanetNotion: Quanto tempo levou a produção de Night of Hunters, desde o surgimento da ideia até sua conclusão?
Tori: De certa forma, ele se desenvolveu dentro de mim por um longo, longo período. Mas do dia em que [o Selo Alemão] Deutsche Grammophon me abordou com a ideia, eu diria que foi um ano.
PN: O álbum abre com ‘Shattering Sea’, que lança o ouvinte diretamente na fissão do relacionamento entre a protagonista e seu marido. Somente mais tarde, em Fearlessness, que aprendemos mais sobre o que de fato ocorreu previamente entre eles, em sua jornada. Por que você escolheu começar a história desse ponto?
Tori: Bem, estava explorando todos as formas possíveis de como começar, e, sabendo que precisava escolher um momento-chave, e que nesse momento-chave poderia me usar de flash-backs, pensei que deveria trazer os ouvintes ao que era importante, a fim de que realmente entendessem o choque no qual ela se envolveu. Teriam assim uma noção de como era o relacionamento - o lado passional, mas também a brutalidade do que vinha acontecendo.
PN: Na canção ‘Cactus Practice’, você canta ‘cada casal tem sua versão do que eles chamam de verdade’. Quanto de seu relacionamento com seu marido, Mark, é refletido em sua prosa?
Tori: [pausa] Nós, obviamente, trabalhamos juntos. Para este álbum, gravamos o piano e os vocais - todos - sozinhos, só eu e ele. Somente depois disso, outras pessoas foram envolvidas no processo, mas pareceu ser esta uma narrativa tão íntima que o piano-vocal precisavam ser feitos primeiro - a emoção crua tinha de ser criada antes e assim ser gravada. Então, fechamos as portas e fizemos assim, só nós dois. Você não tem um relacionamento com alguém por um tempo tão longo sem experimentar várias emoções possíveis, então eu estava capacitada para me usar dessas experiências que tive com ele, durante anos, na história.
PN: Você está prestes a embarcar numa tour mundial com o quarteto de cordas polonês, Apollon Musagète. Quantas canções de seu catálogo anterior você treinou com eles?
Tori: Não o bastante! Mas o plano é que vamos treinar todos os dias na estrada [risos] para que possamos expandir o repertório. Tivemos de tomar decisões e John Philip Shenale [que fez os arranjos de corda e woodwind de Night of Hunters] teve de fazer estes arranjos para o quarteto a partir do catálogo... Então tivemos de fazer escolhas. Não consigo contar quantas canções nós temos agora, mas torcemos para conseguir adicionar mais algumas nos ensaios antes do primeiro show. Isso se expandirá e, com um pouco de esperança, haverá algumas surpresas. Planejamos ter dois segmentos no corpo principal do show, e terei meus momentos com o público, tocando solo, o que fará com que haja mais opções de uma noite para outra. Mas eu penso que, no começo, para os primeiros shows... Diria que as mudanças que acontecerão serão provavelmente somente em meu set solo.
PN: Sua filha, Natashya, que atua como Anabelle, no álbum, acabou de começar seus estudos na Sylvia Young Theatre School, e não lhe acompanhará na tour este ano. Você visa performar alguma das canções deste álbum com ela, publicamente, em algum momento futuro?
Tori: Não sei. Depende - Acho que ela está num momento bem escolar agora. E ela mal chegou aos 11. Ela quis ir para lá, fez uma audição e foi aceita, além de querer ter feito Anabelle. Tash realmente me ajudou a desenvolver a personagem, e então fui hábil para definir o que funcionaria para seu instrumento, bem como para Kelsey [Dobyns, sobrinha de Tori] que fez a Musa do Fogo. E ela [Kelsey] está também na escola - em New York. Então decidi não fazer o ciclo ao vivo toda noite, na mesma ordem, sem que elas pudessem estar lá comigo. Isso não significa que covers não possam ser feitos nem que em algumas noites não tocarei The Chase [dueto no álbum entre Tori e a personagem Anabelle], fazendo um cover dela. Mas foi esta uma das principais razões que me levou a não fazer o ciclo de canções ao vivo como está no álbum, a menos que pudesse levá-las comigo na estrada para atuar em seus papéis.
PN: Ter trabalhado para o National Theatre no esperado musical ‘The Light Princess’ ao mesmo tempo que trabalhava no novo álbum lhe distraiu, ou os projetos trocaram informações entre si?
Tori: Acho que eles informaram coisas, um ao outro. Com isso martelando em mim tantas vezes - “qual a narrativa ativa?” e “qual a motivação dessa personagem?” [risos]. Coisas desse tipo, que lhe envolvem quando você está trabalhando num musical, fizeram com que me fosse possível, eu acho, abordar um ciclo de canções. The Light Princess terá de fato um nome diferente, por que está mudado, agora. Sim, é uma história sugerida por George MacDonald, mas nós realmente a investigamos do ponto de vista dela, de modo a agora ter se tornado algo bem, bem diferente, e, com sorte, o novo nome [para o musical] será anunciado em breve.
PN: Como foi trabalhar com o dramaturgo Sam Adamson no musical?
Tori: Ele é incrível. Um dramaturgo incrível. Me ensinou muitíssimo sobre teatro, narrativa e histórias nos últimos cinco anos. Se não tivesse sido exposta a ele, além de ter trabalhado com Marianne Elliott - ele esteve lá, você sabe, nos incentivando de fato e me incentivando também... E quando você tem pessoas como essas lhe empurrando adiante, eu realmente creio que você adquire habilidades e consegue lapidá-las. Diria que abordo as coisas de uma maneira bem diferente de como fazia antes de trabalhar no musical, e isso até me ajudou a adentrar na ideia do ciclo.
PN: Recentemente, você andou vendo algo no National Theatre?
Tori: Sim. Eu assisti a “London Road” [musical de Alecki Blythe sobre uma sequência de assassinatos de 5 prostitutas em Ipswich]. Achei bastante intrigante. Não foi usual, e às vezes o gênero de teatro musical pode assumir vários clichés, o que é algo que você sempre procura evitar. Eles fugiram disso encontrando uma forma ímpar de abordar o espetáculo.
PN: Numa recente review retrospectiva de seu álbum, “From The Choirgirl Hotel”, você foi descrita como tendo uma “larga influência não noticiada sobre os cantores-compositores atuais, tanto masculinos como femininos”. Você se importa de Kate Bush e Joni Mitchell levarem exclusivamente todo o crédito de influência?
Tori: Não me importo! [risos]. Veja, eu continuo criando - é nisso que me mantenho focada, e se meu trabalho inspira outras pessoa significa então que temos mais pessoas criando - acho que essa é a razão. E, no fim das contas, você quer que lhe julguem pelo seu trabalho como compositora. Tudo o que sei é que existem muito mais pianistas do que havia em 1992! [risos].
PN: Falando sobre “From The Choirgirl Hotel” – você pode esclarecer um antigo rumor: é verdade que o álbum, originalmente, seria chamado de “Confessions of a Choirgirl”?
T: Possível. [hesita] É possível. [mais decididamente] Sim. E também é verdade que Under The Pink por pouco não foi chamado de God com um G maiúsculo.
PN: e por que você decidiu mudar esses nomes?
Tori: Eles não tinham ressonância. Eles precisam funcionar por mais de um dia. Ou uma semana. e se você pensa “hmmmm... Não está permanecendo comigo”, então a ideia não é a certa. Uma coisa é uma frase de efeito; outra um título.
PN: Álbuns recentes, como “The Beekeeper”, “American Doll Posse” e “Abnormally Attracted To Sin” foram criticados por sua longa duração. Eles teriam sido beneficiados por terem tracklists menores?
Tori: Você sabe, eles foram desenhados como álbuns duplos e talvez se ainda usássemos bastante o vinil e você pudesse tocá-lo e senti-lo, você sabe - lado A, lado B, lado C, lado D - então você os veria de uma forma diferente. Portanto, eles não foram necessariamente experimentados da forma devida. Veja bem, eu gosto de álbuns duplos. Mas outra vez, sou capaz de levar num boa, e, para mim, foi como se estivesse trabalhando num álbum duplo, em oposição a um formato único e longo.
PN: No começo de sua carreira, você fez uso proeminente do formato de vídeo para acompanhar as narrativas de suas canções, trabalhando com diretores como Cindy Palmano, Big TV e James Brown. Mas você pôs muito menos foco neste lado em anos recentes. Por quê?
Tori: [pausa] Bem, fiz uma escolha de pôr dinheiro na fotografia e na embalagem dos álbuns. Penso que se você prestar atenção na embalagem especial para este álbum - é algo realmente distinto e gastamos muito dos recursos, do orçamento para o projeto... Afim de garantirmos que este lado fosse especial, de verdade. Então, sim, foquei mais na embalagem que nos vídeos, e estes estão agora mais ligados às performances ao vivo porque é por elas que sou reconhecida.
PN: Em janeiro, “Little Earthquakes” completará 20 anos. O que podemos esperar para este aniversário?
Tori: Nós rearranjamos muitas canções com John Philip Shenale, e elas foram gravadas com a Metropole Orchestra. As canções são de álbuns distintos, incluindo Little Earthquakes - provavelmente mais deste álbum do que dos outros. Nós gravamos não faz tanto tempo e sairá em 2012. É uma abordagem diferente das músicas com esses novos arranjos. Acho que é uma retrospectiva dos 20 anos. E será lançado pela Deutsche Grammophon também.
PN: Antes de Lady Gaga começar a chamar seus fãs de Monsters, e outras popstars começassem a usar um apelido coletivo para os fãs, você lançou a tendência por afetuosamente se referir aos seus como ‘Ears With Feet’, logo no meio dos anos 90. Como isso surgiu?
Tori: Eu não gosto da palavra “fã”. Assim, sou fã de certas coisas mas às vezes o uso dessa palavra pode ter intuito de denegrir. Depende de como é usada e de quem a usa. Mesmo que possa ser usado respeitosamente... Não sei, sinto que o acordo mútuo de pessoas unindo-se e formando um laço com o artista... Merece mais. [pausa] Foi somente uma expressão daquela época.
PN: Finalmente, voltando ao novo álbum, você canta na última canção (“Carry”): “Seu nome é cantado e agora está tatuado em meu coração. Aqui eu o guardarei para sempre” - aqui, no fim desta jornada, a protagonista está se referindo à memória de seu marido, ou de Anabelle, a metamorfa que a guiou através do ciclo? Ou - a ambos?
Tori: Bem, acho que quem tem de decidir isso é o ouvinte. Todas as possibilidades existem...
Tori Amos fará um tour pelo Reino Unido em Novembro. O álbum, Night of Hunters, já foi lançado pelo selo Deutsche Grammophon. O musical The Light Princess (título provisório) é aguardado para ter sua estreia no National Theatre, London, em Abril de 2012.
-Doron Davidson-Vidavski
Fonte/Source: EarWithFeet tumblr
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