sábado, 30 de setembro de 2017

Native Invader Tour: Munique, Alemanha (30/09/17)

SETLIST (compilado por Samanta Alcardo - obrigado!)

01. Iieee
02. Doughnut song
03. Russia
04. Graveyard
05. Past the Mission
06. Cloud on my Tongue
07. Suede
08. Toast
09. Landslide [Fleetwood Mac cover]
10. River [Joni Mitchell cover]
11. Reindeer King
12. 1000 Oceans
13. Take Me With You
14. Winter
15. Almost Rosey

Encore:
16. Flavor
17. A Sorta Fairytale

VÍDEOS



















sexta-feira, 29 de setembro de 2017

Native Invader Tour: Berlim, Alemanha (29/09/2017)

SETLIST (obrigado, Mariela Simão, pela compilação!)

01. Iieee
02. Little Earthquakes
03. Pancake
04. Cooling
05. Curtain Call
06. Climb
07. Crucify
08. This is Not America [David Bowie cover]/Luka [Suzanne Vega cover]
09. A Case of You [Joni Mitchell cover]
10. Reindeer King
11. Pretty Good Year
12. Bells For Her
13. Siren
14. Bliss

Encore:
15. Precious Things
16. A Sorta Fairytale

VÍDEOS











Mais vídeos, postados por Vervaceous (thanks!)




















Tori na TV alemã

Tori participou de dois programas televisivos durante sua passagem pela Alemanha. No programa Aspekte, apresentou duas canções ao vivo: Reindeer King e Upside Down 2; já hoje cedo tomou parte do Morgenmagazin, em que concedeu entrevista (com tradução simultânea ao alemão) e ainda cantou Russia do novo disco.





quarta-feira, 27 de setembro de 2017

Native Invader Tour: Essen, Alemanha (27/09/17)

SETLIST (via @Undented - thank you!)

01. Iieee
02. Leather
03. Space Dog
04. Russia
05. Flying Dutchman
06. Putting The Damage On
07. Graveyard
08. Carry
09. Candle In The Wind [Elton John cover]
10. Famous Blue Raincoat [Leonard Cohen cover]
11. Reindeer King
12. Goodbye Pisces
13. Cloud On My Tongue
14. Purple People
15. Beauty Of Speed

Encore:
16. Precious Things
17. A Sorta Fairytale

terça-feira, 26 de setembro de 2017

[Áudio] Entrevista do podcast "In Sight Out", da Pitchfork

Há algumas semanas atrás Tori realizou uma mesa de diálogo no Brooklyn para a Pitchfork, em seu podcast In Sight Out. A conversa, com duração de mais de uma hora, foi finalmente disponibilizada pela revista, e você pode escutá-la na íntegra logo abaixo.

Native Invader Tour: Hamburgo, Alemanha (26/09/17)

SETLIST

01. Iieee
02. Baker Baker
03. Pancake
04. Past The Mission
05. Graveyard*
06. Doughnut Song
07. Gold Dust
08. Gold Dust Woman [Fleetwood Mac cover]/Tear In Your Hand
09. Time [Tom Waits cover]
10. Reindeer King
11. Fire On The Side
12. Flavor
13. Breakaway
14. Almost Rosey

Encore:
15. Northern Lad
16. Cloud Riders/Cornflake Girl

*confirmada no facebook como intro para a canção seguinte.

VÍDEOS















domingo, 24 de setembro de 2017

Native Invader Tour: Oslo, Noruega (24/09/17)

SETLIST

01. Iieee
02. Jamaica Inn
03. Russia
04. Curtain Call
05. Josephine
06. Cooling
07. Imagine [John Lennon cover]
08. Norwegian Wood [The Beatles cover]
09. Reindeer King
10. 1000 Oceans
11. Cloud On My Tongue
12. Silent All These Years
13. Siren

Encore:
14. Precious Things
15. A Sorta Fairytale

sábado, 23 de setembro de 2017

Native Invader Tour: Copenhagen, Dinamarca (23/09/17)

SETLIST

01. Iieee
02. Jackie's Strength
03. Northern Lad
04. Beauty Of Speed
05. Garlands
06. Crucify
07. Let It Be [The Beatles cover]
08. God/Running Up That Hill [Kate Bush cover]
09. Reindeer King
10. Ruby Through The Looking Glass
11. Winter
12. Mrs Jesus
13. Blood Roses

Encore:
14. A Sorta Fairytale
15. Cloud Riders/Cornflake Girl

VÍDEOS






















sexta-feira, 22 de setembro de 2017

Vídeos dos shows de Genebra e Linz

Foram postados diversos vídeos dos shows em Genebra e Linz, de modo a termos compilados especialmente as novidades! Nossos agradecimentos aos canais que os publicaram.

GENEBRA

















LINZ
















Native Invader Tour: Zurique, Suiça (21/09/17)

SETLIST

01. Iieee
02. Little Earthquakes
03. Twinkle
04. Jamaica Inn
05. Putting The Damage On
06. Pancake
07. She's Leaving Home [The Beatles cover]
08. Tequila Sunrise [The Eagles cover]
09. Reindeer King
10. Apollo's Frock
11. Beauty Queen/Horses
12. Flavor
13. Northern Lad

Encore:
14. Precious Things
15. A Sorta Fairytale


VÍDEOS

Flavor



Northern Lad



A Sorta Fairytale




FOTOS (tiradas e publicadas por kaulphotographs.com)

quinta-feira, 21 de setembro de 2017

Native Invader Tour: Linz, Áustria (20/09/17)

SETLIST (via grupo The Afterglow - Thanks!)

01. Iieee
02. Spark
03. China
04. Curtain Call
05. Toast
06. Crucify
07. Daniel [Elton John cover]
08. Songbird [Eva Cassidy cover]
09. Reindeer King
10. Beauty Of Speed
11. Breakaway
12. Strange
13. Pretty Good Year

Encore:
14. Precious Things
15. A Sorta Fairytale

segunda-feira, 18 de setembro de 2017

Native Invader Tour: Genebra, Suiça (18/09/17)

SETLIST

01. Iieee
02. Cloud On My Tongue
03. Seaside
04. Josephine
05. Lust
06. Almost Rosey
07. Moon Shadow [Cat Stevens cover]
08. Circle Game [Joni Mitchell cover]
09. Reindeer King
10. Doughnut Song
11. Pretty Good Year
12. Silent All These Years
13. Beauty of Speed

Encore:
14. Bliss
15. A Sorta Fairytale


domingo, 17 de setembro de 2017

Native Invader Tour: Milão, Itália (17/09/17)

Fazendo uma breve passagem pela Itália, Tori surpreendeu com canções como Spark, Apollo's Frock e Marianne. O setlist foi obtido via o grupo The Afterglow (thanks!), e assim que vídeos saírem atualizamos a publicação.

SETLIST

01. Iieee
02. Butterfly
03. Northern Lad
04. Spark
05. Pretty Good Year
06. Pancake (w/ "Ohio" bridge)
07. She's Always a Woman [Billy Joel cover]
08. Lovesong [The Cure cover]
09. Reindeer King
10. Apollo's Frock
11. Flavor
12. Marianne
13. Bliss

Encore:
14. Leather
15. A Sorta Fairytale

VÍDEOS








La leggendaria ragazza-cornflake. Svengo. #toriamos #milano #thelegend #cornflakegirl #teatroarcimboldi #live #music #nativeinvader #nativeinvadertour

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Vídeos do show de Frankfurt (16/09/17)

O show completo foi postado no Youtube (primeiro vídeo), mas decidimos incluir vários outros gravados bem de perto.




















sábado, 16 de setembro de 2017

Native Invader Tour: Frankfurt, Alemanha (16/09/17)

Tori fez o primeiro de cinco shows na Alemanha hoje, estreando diversas músicas, incluindo Cloud Riders e Highness In The Sky (trilha do The Light Princess). O setlist foi obtido via @Undented (as always, thank you!) e abaixo dele você pode assistir a uma transmissão completa do show feita no Periscope! Quem a fez foi o twitter @songoftoriamos (thanks too!).

SETLIST

01. Iieee
02. Bliss
03. Little Earthquakes
04. Not The Red Baron / Take Me With You
05. Graveyard
06. Jackie's Strength
07. Blood Roses
08. Real Men [Joe Jackson cover]
09. Abraham, Martin And John [Dion cover]/ Swing Low, Sweet Chariot [Tradicional] / America
10. Reindeer King
11. Purple People
12. Winter
13. Highness In The Sky
14. Take To The Sky (w/ "I Feel The Earth Move" & "Datura" bridges)

Encore:
15. Cloud Riders / Cornflake Girl
17. A Sorta Fairytale

PERISCOPE

ASSISTA

quinta-feira, 14 de setembro de 2017

Native Invader Tour: Utrecht, Holanda (14/09/17)

Num show emocionante, Tori apresentou raridades como Butterfly, Rattlesnakes e Merman para o público de Utrecht. Além do setlist, vários vídeos já publicados estão listados aqui. Agradecemos o @Undented pela listagem em tempo real.

SETLIST

01. Iieee
02. Cooling
03. Pancake
04. Baker Baker
05. Butterfly
06. Crucify
07. Rattlesnakes (Lloyd Cole cover)
08. On Saturday Afternoons in 1963 (Rickie Lee Jones cover)
09. Reindeer King
10. Merman
11. 1000 Oceans
12. Flavor
13. Taxi Ride

Encore:
14. Tear In Your Hand
15. A Sorta Fairytale

VÍDEOS






















quarta-feira, 13 de setembro de 2017

Native Invader Tour: Amsterdã, Holanda (13/09/17)

O primeiro show em território holandês da Native Invader Tour foi marcado por setlist predominantemente acolhedor e gentil, incluindo a estreia da canção Upside Down 2 (também dedicada à Mary Amos, mãe de Tori). Além do setlist, obtido via @Undented (thanks a lot!), você poderá ver também as apresentações de UD2, Suzanne, entre outras.

SETLIST

01. Iieee
02. Flying Dutchman
03. Cool On Your Island
04. Cloud On My Tongue
05. Roosterspur Bridge
06. Caught A Lite Sneeze
07. The Rose [Bette Midler cover]
08. Suzanne [Leonard Cohen cover]
09. Reindeer King
10. Beauty Queen/Horses
11. Upside Down 2
12. Mother
13. Bliss

Encore
14. Blood Roses
15. A Sorta Fairytale

VÍDEOS


















terça-feira, 12 de setembro de 2017

[Tradução] Huffington Post: Resenha do Native Invader

Olá, toriphiles!

A resenha escrita para o Huffington Post é detalhada e aborda tematicamente o disco inteiro, portanto achamos válido traduzi-la para o blog. Leia a original aqui.


NOVO ÁLBUM DE TORI AMOS, NATIVE INVADER, PRECISA DE ESMERO

Por David Michael Conner



O novo álbum de Tori Amos, Native Invader, foi recebido com apreciação e cobertura midiática relativamente grandes para uma artista que foi fortemente renegada anos atrás, considerada por muitos como uma relíquia dos anos 90. Desde que seu status de it girl minguou, após os quatro primeiros discos lançados entre 1992 a 1998, a proeza criativa de Amos permaneceu forte (ainda que inconsistente), vagueando pela evolução da artista a seus próprios termos. Native Invader é uma dádiva para o mundo — ou, como escreveu a Rolling Stone: "Poucos artistas são tão habilitados quanto Tori Amos para escrever sobre como as pessoas processam a dor. Nesses tempos de trauma nacional, então, seu novo LP soa unicamente urgente".

A mensagem de Amos é, de fato, urgente. Native Invader é quase completamente (quase — veja a discussão sobre "Wings", a seguir) contrário ao clima político atual. Muitas pessoas tem associações específicas com a música de Amos — raivosa, anti-religiosa, chocante, e por aí vai — mas um fio condutor que corre por toda sua carreira, até mesmo no período da feroz juventude, é a empatia.

É interessante que tantas pessoas a vejam como uma espécie de vítima perpétua, quando esta é uma mulher que em cada instância examina ao extremo as infindáveis facetas de si e dos eventos, grandes ou pequenos, reconhecendo sua contribuição para os mesmos, no bom e no mau sentido.

Native Invader exemplifica o ponto de vista extraordinário da artista, unindo dois eventos maiores que mudaram sua vida no decorrer do ano passado. Ela aborda o clima político atual dos Estados Unidos de forma semelhante ao que fez em seu último álbum estelar, o pós-11/09 Scarlet's Walk, incluindo partidarismo político, completado com o dialeto da direita alternativa sobre "espaços seguros", e um olhar particular voltado à devastação ambiental — um tema político urgente que não recebe qualquer atenção dos políticos. O segundo evento a mudar sua vida foi um derrame sofrido por sua mãe, Mary, que está paralisada desde janeiro. De acordo com Tori, sua mãe esta quase inteiramente irresponsiva, com exceção de seus olhos e tentativas de cantar certos hinos e outras músicas familiares.

Tori Amos é mal interpretada por muitos como uma artista musical alternativa e maluca, que enfatizou sua sexualidade e abuso sexual para vender discos. Alguns não gostam dela desde seu primeiro disco por conta de similaridades percebidas com Kate Bush. Na verdade, Amos é uma pianista e compositora dotada com uma visão peculiar de mundo, informada pelas conflitantes influências nativo-americanas e cristãs de sua infância. Ela criou sua própria linguagem musical, e é precisamente uma poeta confessional e ensaísta musical, uma fabulista e intelectual autodidata sobre mitos, religião, artes visuais e literatura, que em sua música transmite informações intimamente pessoais de tal forma a se tornarem universais. Inconscientemente, ela explora as causas subjacentes de males psicológicos e políticos pelo exame de arquétipos, mitologia e cosmologia, às vezes invocando o poder de enteógenos psicodélicos como meio de atravessar o tempo e espaço para descobrir a verdade.

Segue-se não uma resenha pequena do álbum, mas um exame detalhado baseado no curto período de tempo que tive para ouvi-lo. Porque este álbum precisa de esmero.


Native Invader abre com "Reindeer King", uma balada bela e extensa que soa importante. Amos não lança um single com tamanho gravitas em muitos anos. "Cerne de cristal / Sua mente foi apartada de sua alma", Amos canta. "Pensamentos torpes e insuportáveis / Sua chama guardiã interior / não está perdida / de modo algum / não está perdida". Esta abertura emoldura o álbum, assim como "Shattering Sea" o faz para o impressionante e não proclamado clássico Night of Hunters, de 2011. A canção é logo entendida como uma resposta à devastadora condição pós-AVC de sua mãe — mas é também uma avaliação da nação atualmente. "Reindeer King" é uma canção sobre devastação, divisão, sobre o sentimento de estar preso e perdido — temas associados de forma estereotipada com a música de Tori — mas acima de tudo, é sobre resiliência e força. Em Night of Hunters, Amos cantou que "nossas prímulas podiam sobreviver a geada / se um gentil regato de chamas / fosse sustentado com carinho". Nas terras congeladas do "Rei Rena", Amos apela — como habitual — a um guia espiritual xamânico para "trazer-se de volta a si mesmo", e o álbum acompanha o processo dela em acender essa chama por meio de empatia e entendimento. Ainda que seu refrão soe um pouco como auto-ajuda (soou para mim da primeira vez), assim que você entende o contexto da canção, em que Amos pede pela reunião do corpo e da alma de sua mãe, essas palavras ganham profundidade.


A próxima canção, "Wings", lida com ser magoado e magoar a outros. Ela soa sincera em sua empatia, mas enquanto a escuto, existe uma pontada irônica e até mesmo passivo-agressiva em sua letra. Quando a canção começa, Amos pergunta se "é  tarde demais / para fazer de mim / um lugar seguro?". Mas no verso seguinte, ela o modifica com uma mordida: "Eu preciso / me tornar / um lugar seguro / para você chorar, baby". "Às vezes", ela canta, "garotos grandes precisam chorar". Na promoção do álbum, Amos discutiu o hiperpartidarismo e visões extremistas da direita alternativa e da extrema esquerda. Nesta música, ela quietamente se refere a ambos enquanto canta sobre a necessidade de criar espaços seguros para ela e para este "garoto grande". Seu fraseado enfatiza as palavras "cry baby (bebê chorão)", e sua vocalização do verso "Eu não pude ver" dificilmente escapa de uma leitura voltada para esses tempos estranhos de extremismo na história Americana. De qualquer forma, "Wings" culmina no mito de Ícaro, em que Amos trabalha com esse desconhecido para construir "asas / que lhe ajudem a fugir / de seu exigente anjo negro / e de mim". Juntos eles voam para "perto demais / de nossa estrela" e ambos se machucam. Ambos são cúmplices no acidente, magoando um ao outro e a si mesmos.

"Esta Flecha Partida precisa de  reparo", Amos canta enquanto uma guitarra wah wah abre caminho para sua voz assombrada e ressonante. "Os imprudentes e precipitados / não nos levarão / até onde queremos chegar". "Broken Arrow" é uma música claramente política, questionando se os Estados Unidos abandonaram a Dama Liberdade. A resposta de Tori? Não necessariamente — "Songlines ancestrais estão cantando para despertá-la". "Pode ela parecer frágil, e nós estarmos cansados da luta, ainda assim essas songlines cantarão dos Grandes Lagos aos nossos Desertos sagrados, passando pela doces pradarias". As songlines em questão não são canções como as conhecemos — são algo totalmente diferente que permite leitura mais aprofundada (incluir link). Broken Arrow é uma faixa de destaque por conta de sua produção funky e a voz poderosamente ominosa de Amos — lembrando a faixa-título de seu álbum tematicamente similar de 2002, Scarlet's Walk. De fato, "Wampum Prayer" desse disco serviria perfeitamente de intro para "Broken Arrow", visto que as duas juntas representam causa e efeito. 

O que não seria óbvio ao ouvinte casual que recebe a mensagem política é que essa canção, assim como com todo catálogo de Amos, é também intensamente pessoal. Parte de sua herança é Cherokee oriental e parte europeia. Como vemos hoje, as culturas de Nativos Americanos e do Americano contemporâneo (descendente primariamente de europeus) estão em disputa quase constante. Amos é a encarnação viva de um tipo diferente de realidade, uma no qual essas culturas e suas ideias unem-se para encontrar interesses comuns, para entender um ao outro. (como ela canta em "Your Cloud" do Scarlet's Walk, "se a chuva tiver de se separar de si mesma / ela dirá 'escolha a sua nuvem'?"). Invés desses diferentes aspectos da humanidade — e de sua individualidade — estarem em conflito, o que foi machucado pelo outro pode guardar algo de bom para ambos. Talvez, Amos sugira em Broken Arrow que essa songlines ancestrais que tentamos extinguir nos salvarão. Talvez seja ingenuidade. De qualquer maneira, ela canta, "Não, não deixarei passar / não serei silenciada ou paralisada / por aqueles que nos devem prestar contas / No senado / e na Casa".

"Cloud Riders" volta diretamente ao Night of Hunters de Amos, tratando-se de um tema regular neste disco. (Como uma nota lateral, eu tinha uma fantasia secreta de que Amos recriaria o Night of Hunters como um disco não-clássico para que mais pessoas o ouvissem, ja que é uma obra prima da narrativa sônica e uma tapeçaria incomum de mito e filosofia. Ela fez exatamente o mesmo com os temas em Native Invader). Esta canção é um lento passeio por um clima tempestuoso, mas Amos nos garante que "sairemos desta tempestade".

"Nós poderemos sobreviver / se uma Milícia da Mente / se armar contra os daltônicos do clima", Amos canta ao lado da próxima geração do mundo, sua filha Tash, em "Up The Creek". A canção, cujo título aponta para o ditado favorito de seu avô Cherokee, é um chamado auto-explanatório para uma nova geração de seres humanos conscientes (que provavelmente se autointitulariam "woke") cujas vidas, e a de seus filhos e filhas, serão profundamente afetadas pelas mudanças climáticas — algo que Native Invader teve um timing espetacular para ilustrar. A sonoridade da musica distingue-se bastante do resto do disco (e também de tudo o que Amos produziu previamente, algo marcante se considerada a grande variedade de estilos da artista): é urgente, com cordas sintetizadas em companhia de uma orquestração de sabor levemente Árabe. Este é o toque de alarme do álbum. Incrivelmente, poucos dias após o lançamento do disco, presenciamos parte do Texas tomada por enchentes, seguido imediatamente por um furacão de categoria 5 e outro de categoria 4 no leste dos EUA, incêndios a Oeste e um terremoto histórico no sul do México. Amos já fez várias referências pagãs implícitas em toda sua carreira, mas nesta faixa Gaia é uma criatura viva e que respira, com entendimento incutido em seus ossos. Pela quinta música do Native Invader, Amos já nos levou com suas próprias song lines através de muitas gerações - sua mãe, seu avô, sua filha - e então expande o escopo, de repente, para o tempo de vida do Planeta. Todos nós estamos inextricavelmente unidos. É uma crença ilustrada nos trabalhos maduros da vida adulta de Amos, Scarlet's Walk e Night of Hunters, duas obras primas por si só. Native Invader une histórias de ambos, alcançando um efeito estelar.

A próxima é "Breakaway", uma bela e intimista balada que soa bastante como a Tori Amos da qual muitos fãs sentem falta desde os anos 90. "Você sente-se traído", ela canta. "Eu me sinto enganada / por nossos supostos amigos / não os que deveríamos ter feito". "Breakaway", assim como "Wings", é uma canção em que todos foram machucados por todos - traição abunda. É como muitos de nós nos sentimos hoje.


"Wildwood" continua a invocação xamânica de Amos, enquanto ela canta sobre a "dádiva de Hera / que lhe ensina ser impossível escapar da angústia / mas que há maneiras de viver com ela". A canção é solar, um sonho de verão de uma irmã de "Sweet Sangria" (Scarlet's Walk). É uma jornada enteogênica a um tempo antes dos humanos terem repavimentado o chão, antes da desintegração da espiritualidade e da Terra em si. É uma continuação mais amigável aos ouvidos do mesmo tema explorado em "Battle of Trees" do Night of Hunters, no qual ela canta, "Das folhas da Hera extrai-se uma cerveja que pode desvelar / Os significados e serpentes escondidos / Somente revelados através de visões". Deve ser dito, também, que muitas pessoas no decorrer dos anos — incluindo ate fãs super dedicados — criticaram a forma como o marido dela toca guitarra em alguns de seus discos. Aqui, é um casamento perfeito.


Em "Chocolate Song", Amos alterna o pesar de pessoas ao dizer coisas das quais se arrependem instantaneamente com "chocolate delicioso e acetinado". É uma mistura estranha, algo melhor entendido quando a própria o explica. "Eu não lhe odeio", ela entoa duas vezes, enfaticamente. "Não, preciso ser mais como você / Na tensão de nossos opostos / Permitir de algum modo que a doçura dure / Sem trair nosso amargor".

"Bang, estourou o universo", Amos canta, "Uma poderosa dança solar da morte / Supernova explodindo / o fim de uma história semeia o início de outra". Esta propulsiva canção vai de tópicos de imigração até a criação do universo e uma Terra "hoje traumatizada / Por um grupo de humanos hostis / Aliados a seus ditadores do ódio". Como ela cantou em Night of Hunters — e tal noção resume a filosofia da Tori Amos sábia e madura — "Devemos portanto criar a partir deles / Com A Espinha Dorsal da Noite / Para re-humanizar". Amos já esteve em lugares obscuros. Já cantou e falou a seu respeito, também expressando que ir até eles é a melhor maneira de sair  das garras da escuridão. Quando fortalecidos por essas dificuldades que encaramos, precisamos então pensar e criar nossa solução para o enigma em que nos metemos. Com essa ideia em mente, Amos nos leva a uma visão psicodélica: "Os céus abriram-se / e eu ouvi vozes".

"'Não podem eles ver', você me disse, 'que todos nós somos Máquinas moleculares?'. Metas e sonhos, tudo o que quero é ser a melhor máquina que eu puder."

E no final ela desmembra a criação até seus elementos básicos, literalmente: iodo, ferro, manganês, molibdênio, selênio, silício, estanho, vanádio e zinco. "Tudo o que quero é ser / a melhor máquina que eu puder". Não é o que todos queremos? Parece que toda visão transcendente autêntica, independente de ser alcançada por meditação, oração ou drogas psicodélicas, nos diz uma verdade universal: todos queremos as mesmas coisas. Somos todos iguais. Então pelo que estamos brigando?

Invés de lutar, podíamos simplesmente escalar. Ok, não é tão simples assim. "Tudo em mim quer ser (Be)", ela canta, "acreditar (Believe)". Como nos conta Tori nessa graciosa e reverencial canção, que invoca a santa que ofertou seu véu a Jesus Cristo. “Tão pronto tu fores inteira poderás perdoar / mas é uma longa, longa escalada". Ainda que seja mais fácil falar que fazer, Amos de fato oferece instruções sobre como chegar lá: "Sonhe com outras dimensões, cruze então o véu até alcançá-las". Em outras palavras, crie a partir delas (out-create).

Com levada jazz, "Bats" é uma pintura de aquarela sônica que invoca o conhecimento de espíritos aquáticos ancestrais com os quais a humanidade firmou um pacto. “A coisa mais preciosa / pela qual lutaremos para salvar / o destino de nossas ondas / arrebentando no cetim azul dela” (o último é outro verso que revolve diretamente ao Night of Hunters).

"Você disse que os morcegos são sábios, e certa vez profetizaram qual seria o fim… Se traídas pela raça humana.
"

Esta canção flui livremente, soando suave e vaga — mas quando Tori fica quieta, é o momento de ouvir com ainda mais atenção. "Bats" é mais minguante e menos sobre entendimento compassivo dos vários lados de uma discussão. Ela está nos dizendo que, mesmo que lembremos ou não, alguém lembra que nossa raça concordou em ser uma boa zeladora deste planeta vivo. Na próxima canção, "Benjamin", Amos canta sobre seu "amigo morcego de computador", a quem descreve tanto como um ninja como parte de um exército. Esta faixa, em companhia de  Bats, divaga suavemente enquanto entrega uma mensagem inequívoca. A letra de "Benjamin", apesar da sonoridade doce, é um tapa na cara:

"Extraindo hidrocarbonetos do chão, esses cafetões em Washington estão negociando o estupro da América, enquanto atacam Juliana."

[A Juliana em questão parece representar as futuras gerações dos Estados Unidos, na forma da ação judicial Juliana vs Estados Unidos. É um caso aberto por jovens que clamam que as políticas do governo federal ameaçam o meio ambiente, e portanto os direitos constitucionalmente garantidos à vida, liberdade  e busca da felicidade para futuras gerações.]

Depois de "Bats" e "Benjamin", o álbum conclui-se com uma virada brusca aos "Olhos de Maria". O conceito desta canção é de despedaçar corações, uma vez que o título se refere ao único meio de comunicação da mãe de Amos depois do derrame. Por estranha coincidência, os pais de Tori Amos estavam sentados juntos a mim durante sua turnê para o álbum Scarlet's Walk. (Mary Amos e eu concordamos na época que Scarlet's seria o melhor trabalho de Tori em termos líricos. Creio que Mary concordaria que Native Invader também está entre os melhores de sua filha). Eu passei boa parte dessa apresentação observando Mary e Edison assistindo à sua filha, absolutamente cativos. Fiquei pensando quantos concertos eles teriam assistido durante a vida da filha, e também como eles não ficavam entediados depois de um tempo. Mas Amos tem um talento único. Um show de Tori Amos não é um show de Britney Spears, ou mesmo dos Rolling Stones. É algo completamente diferente, e os olhos dos pais de Tori estavam vidrados nela durante toda a noite, maravilhados como resto da plateia. A canção "Mary's Eyes" é uma oração, um apelo em fluxo de consciência de Amos para que a "Doula da Morte" traga sua mãe de volta — algo que por agora parece um milagre. Amos tentou esse truque antes, ao que parece com sucesso, como detalhado em "The Beekeeper" (2005), em que ela pediu a um porteiro similar que a "mantivesse viva". "Não posso aceitar que ela seja tomada de mim", Amos cantou. Dessa vez ela parece resignada em estar do lado perdedor da barganha, modificando seu apelo "pode trazê-la de volta a vida?" do começo de "Mary's Eyes" para o verso final, "podemos trazê-la apenas Deleite?".


É uma faixa final completamente pessoal, íntima e vulnerável para um disco ousado e por vezes desafiador.


Com Native Invader, a singular Tori Amos recorre à sua extraordinária e muito pouco apreciada reserva de conhecimento terreno e transcendental e sua afiada intuição, para encontrar sentido num mundo cada vez mais surreal. Muitos de nós nos Estados Unidos de hoje sentimo-nos numa posição muito difícil durante esse último ano. Alguns de nós já se questionaram sobre o que é ou não real esse últimos anos. O presidente dos EUA está realmente ameaçando uma guerra nuclear no twitter, hoje de manhã? Estes são nazistas de verdade? Como lidar com isso? Eu não tenho ideia. Mas eu sei ao menos que a resposta de Amos — temos de criar a partir disso — é uma boa, senão a melhor. Talvez a única viável.


Para alguém que foi xingada já no início de sua carreira de "froot loop de 24 quilates", Amos agora é uma mulher sábia que sempre respeitou a natureza do surreal e de fato fez um estudo dos aspectos do ser que não são óbvios ou dos quais tentamos fugir. Aqui e agora, ela é a mulher sábia que pode nos ensinar por meio de sua experiência e conhecimento. Native Invader, como Night of Hunters e Scarlet's Walk, é literatura, não música pop. Seu poder está em lê-lo e ouvi-lo atentamente.

segunda-feira, 11 de setembro de 2017

Native Invader Tour: Paris, França (11/09/17)

Passando em Paris pela Native Invader Tour, Tori finalmente estreou uma nova canção do disco em turnê: a escolhida foi Breakaway. A apresentação no Teatro Le Grand Rex ainda teve performances de Josephine, Northern Lad e o cover de Carly Simon, Boys in The Trees. Além do setlist, apresentamos também fotos tiradas pelo twitter @ToriAmosFrance, que inclusive listou ao vivo as músicas (Merci!).

SETLIST

01. Iieee
02. Silent All These Years
03. Caught a Lite Sneeze
04. Josephine
05. Northern Lad
06. Etienne (w/ "Nights in White Satin" brigde - Moody Blues cover)
07. Crucify
08. Boys in The Trees [Carly Simon cover]
09. Thank You [Led Zepellin cover]
10. Reindeer King
11. Breakaway
12. Curtain Call
13. Bliss
14. Blood Roses

Encore:

15. Flavor
16. A Sorta Fairytale

VÍDEOS (cortesia de Stephane Furina, Merci!)

















domingo, 10 de setembro de 2017

Native Invader Tour: Luxemburgo (10/09/17)


Num show marcado por canções densas, Tori dedicou 1000 Oceans para sua mãe (veja o vídeo abaixo), e cantou pela primeira vez na turnê canções como Fire On The Side, Cloud On My Tongue e Flavor. O setlist foi obtido via Undented (Thank you!).

SETLIST

01. Iieee
02. Crucify
03. Fire On The Side
04. Jackie's Strength
05. 1000 Oceans
06. Tear In Your Hand
07. Famous Blue Raincoat [Leonard Cohen cover]
08. A Case Of You [Joni Mitchell cover]
09. Reindeer King
10. Ruby Through The Looking Glass
11. Cloud On My Tongue
12. Blood Roses
13. Bliss

Encore:

14. Flavor
15. A Sorta Fairytale

VÍDEOS
















sábado, 9 de setembro de 2017

Native Invader Tour: Gante, Bélgica (09/09/17)

O terceiro show da Native Invader Tour teve um mash up de Caught a Lite Sneeze e On The Boundary, e a estreia de Leather numa situação inusitada: o microfone de Tori teve falhas técnicas, e quando foram corrigidas ela convidou o público a cantar a música com ela. A lista completa foi obtida via @Undented (thank you!), e pode ser lida abaixo.

SETLIST

01. Iieee
02. Bliss
03. Roosterspur Bridge
04. Cooling
05. Caught A Lite Sneeze/On The Boundary
06. Leather
07. Vincent (Starry Starry Night) [Don McLean cover]
08. Boys of Summer [Don Henley cover]
09. Reindeer King
10. Beauty Queen/Horses
11. China
12. Curtain Call
13. Blood Roses

Encore:
14. A Sorta Fairytale
15. Mother Revolution


VÍDEOS
















sexta-feira, 8 de setembro de 2017

[Tradução] Letras completas do Native Invader


Native Invader é um disco de teor político e polarizado, uma vez que explora conflitos de diversas ordens e busca a solução no elemento mais puro e visceral: a Natureza, materializada na figura da Grande Mãe e da Pátria. Se num primeiro momento a expressão "Invasora Nativa" pode suscitar um teor pejorativo, ao explicá-la (vídeo) Tori enfatiza sua ambiguidade, no sentido de que essa Invasora pode ser portadora da mudança tão esperada pela humanidade.
Nesta publicação, você encontrará todas as letras do novo disco traduzidas, algumas com notas explicativas para expressões ou referências. O material foi produzido pelo blog e revisado por Ailton Palaria, da página Bibliophagia, e claro, quaisquer sugestões são bem vindas. Por fim, se deseja ler as letras originais, é só acessar a página do disco no Yessaid, que por sinal foi de onde obtivemos o material para este esforço (Thank you!).


REINDEER KING (REI RENA)

Cerne de cristal
Sua mente foi apartada de sua alma
Agora você diz ser esse estrangeiro* em sua costa

A aflição causa carência
Congelamento nu,
Apanhado na geada
Pensamentos insuportáveis e torpes
Sua chama guardiã** interior
Não está perdida
De modo algum
Não está perdida

Acabei de voltar do Rei Rena
Diz ele, “sua pureza de alma, cristalina”
Tem que se trazer, trazer-se de volta a si mesmo
Você, de volta a si mesmo
Você tem que se trazer de volta si mesmo
Trazer-se de volta a si mesmo

Cerne de cristal
Você está no ponto morto d’um mundo em rotação
A divisão
Temendo a morte, ansiando a vida

Gelo, você foi o mais gentil com os rios
Você, o topo das ondas
Camada sob camada, sob camada

Acabei de voltar do Rei Rena
Diz ele, “sua pureza de alma, cristalina”
Tem que se trazer, trazer-se de volta a si mesmo
Você, de volta a si mesmo
Você tem que se trazer de volta si mesmo
Trazer-se de volta a si mesmo

E sabe que eu esquiaria
Esquiaria até o fim do mundo
Para segurar sua mão
Para livrar-lhe da dor
Você sabe que esquiaria
Da Escandinávia
Até as luas
De Júpiter com você

Você
Tem que se trazer, trazer-se de volta a si mesmo
Você, de volta a si mesmo
Você tem que se trazer de volta si mesmo
Trazer-se de volta a si mesmo

Acabei de voltar do Rei Rena


* O revisor da tradução apontou que “Stranger on your shore” pode ser uma referência ao livro de Albert Camus, “O Estrangeiro”. Veja que as capas de diversas edições deste livro apresentam de fato um homem pela costa.
** “Need-fire” trata-se de uma chama purificadora acesa pela fricção de madeira ou pedras, tradicionalmente usada para afastar maus espíritos de rebanhos (Fonte).


WINGS (ASAS)

Você está sofrendo
Ocultando sua dor
Segurando lágrimas não derramadas
Você diz: “São só águas passadas”

É tarde demais
Para fazer de mim
Um lugar seguro?
Não pude perceber
Os perigos
Os sacrifícios
Que você estava fazendo

Magoei você
Magoei a mim
Magoei você

Nunca quis lhe magoar
Me magoar
Eu preciso
Fazer de mim
Um lugar seguro
Para você
Chorar, querido
Pois às vezes
Garotos crescidos precisam chorar

Então construímos asas
Para lhe ajudar a escapar
De seu exigente
Anjo Negro
E de mim

É tarde demais
Para fazer de mim
Um lugar seguro?
Fui muito dura
Quando, voando
Nos aproximamos
Demais
Da nossa estrela

Magoou você
Me magoou
Magoou você

Nunca quis lhe magoar
Me magoar
Eu preciso
Fazer de mim
Um lugar seguro
Para você
Chorar, querido
Pois às vezes
Garotos crescidos precisam chorar


BROKEN ARROW (FLECHA PARTIDA)*

Esta flecha partida inspira cuidado
Quando grandes patronos brancos —
Sua cortesã é a desigualdade

Os precipitados e imprudentes
Não nos levarão
Aonde queremos chegar
Somos nós emancipadores ou opressores
Da Dama Liberdade?

Será que a perdemos?

Esta flecha partida inspira cuidado
Quando grandes patronos brancos —
Nossos envenenados rios alimentam sua cobiça

Os precipitados e imprudentes
Não nos levarão
Aonde queremos chegar
Songlines** ancestrais cantam para despertar
A Dama Liberdade

Pode ela parecer frágil
E nós estarmos cansados da luta
Ainda assim, essas songlines cantarão
Dos Grandes Lagos
Às nossas Terras Áridas
Passando pelas doces pradarias

Não, não deixarei para trás
Não serei silenciada ou interrompida
Por aqueles que nos devem explicações
Em nosso Senado
E na Casa também

Nós, o povo***
— Prezados juízes —
Estaremos de olho
Em vocês

Será que a perdemos?

Esta flecha partida inspira cuidado


* Na terminologia militar norteamericana, "Broken Arrow" refere-se a qualquer acidente que envolva armas nucleares, fora de um contexto de guerra. Associa-se ainda ao risco de contaminação radioativa (Fonte - dica de Erik Williams).
** Songlines correspondem a melodias e letras cantadas por povos tradicionais, em especial aborígenes australianos, representando aspectos da criação da natureza e seres vivos por entidades divinas. Por descreverem paisagens naturais, se cantadas em certa sequência as “linhas de canção” formavam verdadeiros mapas sobre a terra, os quais garantiam que viajantes não se perdessem mesmo navegando por longas distâncias (Fonte).
*** “We the People” é como começa o texto da Constituição dos Estados Unidos. Tori também já usou a expressão no encarte do American Doll Posse, quando foi escrita em suas costas para o ensaio (ver foto).


CLOUD RIDERS (CAVALEIROS DAS NUVENS)

De pé na beira do precipício
Nunca pensei que seria assim
Uma calmaria mortal antes da tempestade
Nenhum som de seus motores
(Do outro lado)
Vi uma estrela cadente às 4:22 da manhã

Um disparo em aviso dos demônios do ritmo
Ou dos pregadores de guitarra
Fui tocada por ambos,
E pelo Espírito Santo
(Do outro lado)
Vi uma estrela cadente às 4:22 da manhã

Debaixo de todas essas estrelas,
Eu disse, “Não, pare!
Não vou desistir de nós”
E não estou indo a lugar algum
Annie*, pegue seu baixo elétrico
Ajude-me a invocar a Lua de Outubro
Você então brada, “Corra por abrigo!”
Eu grito, “Acelere a Triumph**!”
Você diz, “baby, já é tarde demais
Dos Cavaleiros das Nuvens não há escapatória”
Querido, para que esse cobertor?
Saindo desta tempestade —
Nós iremos sair desta tempestade

Entalhei um sigilo invertidoª
Às nove portas para descobrir
Os segredos das Árvores
Certa vez já as ouvi cantando
(Do outro lado)
No passado, os Deuses do Trovão
Costumavam lançar ao vento nossa sorte
Mas então perdi contato
Perto de quando a carruagem dela
(Do outro lado)
Uma carruagem levada por gatos
Ronronando, “nós retornaremos”
Do outro lado
“Garota, já é tempo de pegar sua vida de volta”


* "Annie" deve ser uma referência dupla: a poeta norteamericana Annie Finch, escritora de um poema chamado October Moon (veja o verso seguinte); e Annie Clark, melhor conhecida como St. Vincent, já que a artista é conhecida pelo uso de guitarras e inclusive teve seu nome listado nos agradecimentos do disco. Agradecemos Marco Vieira pela indicação.
** "Triumph" é uma marca de motocicletas (Fonte), que assim como a expressão Cloud Riders já havia sido citada na canção Invisible Boy. Dado pessoal: ao que parece o marido de Tori é aficionado por esses veículos.
ª "Stave against the grain", traduzido como "sigilo invertido", trata-se de uma referência à magia medieval europeia. Pode referir-se também à cosmologia nórdica, o que vem a calhar com outras imagens da canção: a carruagem levada por gatos é uma alusão a Freyia, e as nove portas podem representar os nove mundos da Yggdrasil, grande árvore que os conecta. Obrigado, Netto Sousa, pelas informações.


UP THE CREEK (CORREDEIRA ACIMA*)

Se o vento estiver a nosso favor**
Se o vento estiver a nosso favor
Temos chance de sobreviver
Caso a Milícia da Mente
Arme-se contra os daltônicos do clima***

Irmã do Deserto
(Venho invadir)
Irmã do Deserto
(Para lhe evadir)

Entendimento incutido nos ossos de Gaia
Entendimento incutido nos ossos de Gaia
Cânion de granito, redes de rocha
Sua alma imaculada
Não será possuída ou apropriada

Acabada
Quando a esperança estiver quase acabada
Você sabe, é hora de nos mantermos
Firmes —
Cada garota em cada banda
Cada caubói cósmico desta nação
À Terra, você demonstrará compaixão?

Se o vento estiver a nosso favor
Temos chance de sobreviver
Caso a Milícia da Mente
Arme-se contra os daltônicos do clima

Irmã do Deserto
(Venho invadir)
Irmã do Deserto
(Para lhe evadir)

Se o vento estiver a nosso favor


* A expressão "Up The Creek (Without a Paddle)" é usada para indicar que se está numa posição difícil. Para incorporar o elemento natural, já que a palavra "Creek" significa "Afluente", decidiu-se por traduzir como postado. Outro ponto interessante é que Creek denomina uma nação de indígenas norteamericanos, da qual falamos na nota seguinte.
** "Good Lord willin' and the Creek Don't Rise" é um ditado cotidiano (muito usado pelo avô de Tori, como a própria explica) que foi aqui traduzido em seu sentido comum. A expressão no entanto tem origem histórica: o agente norteamericano ligado aos povos indígenas do sudeste, Benjamin Hawkins, recebeu uma carta do então presidente Thomas Jefferson, solicitando que voltasse imediatamente a Washington DC para discutir a situação daqueles povos. Episódios violentos haviam ocorrido entre os posseiros brancos (Crackers) e os Creek, que ocupavam a área. O governo federal pressionava a Confederação Creek a ceder parte de suas terras, para evitar novos conflitos com os posseiros que tentavam invadi-las. Hawkins o respondeu dizendo: "Good Lord willing and the Creek don't rise (se for a vontade de Deus e os Creek não insurgirem)", querendo dizer que voltaria a Washington caso os Creek deixassem (fonte: People Of One Fire ~ Indicado por Karl Lund, do grupo Tori Amos & Fans). Um fato curioso é que recentemente nos EUA a tribo Standing Rock Sioux passou por situação parecida, uma vez que o governo queria construir um oleoduto nas terras deste povo.
*** Decidimos traduzir "Climate Blind" como “Daltônicos do Clima”, e não “Cegos do Clima”, pois desconfiamos que Tori fez um trocadilho com o termo “Colorblind", usado para designar daltônicos em inglês.


BREAKAWAY (GRANDE FUGA)

Não, eu não espero
Que você me perdoe isto
Aliar-se a soldados que dizem
Sermos incapazes de ganhar o dia

Um teatro bélico, a moldura
Conflitos internos reinam agora
A intenção deles: dividir
Até não haver mais lados a tomar

Você sente-se traído
Eu me sinto enganada
Por nossos supostos amigos —
Não aqueles que deveríamos ter feito

E quando a história termina
E o palco escurece
Ambos podemos ouvir
O que estava escrito na parede
Imploro então ao bardo
Que escreva outra cena
Pois foi você
Quem me levou a acreditar
Haver algo a mais
Que eu preciso dizer
Deveria tê-lo dito, porém
Antes de ontem
Antes de sua grande fuga

Esta selva é escura
Mas repleta de diamantes
Que podem ferir e escravizar
Apenas com um sopro de sangue

“Fé em Espadas”* conosco
Então quais eram as chances
De que nossa mão de Copas perdesse
Para o flush de Paus deles?

Você foi traído
E eu enganada
Ao menos me fizeram sair
Pelo helicóptero** no palco

E quando a história termina
E o palco escurece
Ambos podemos ouvir
O que estava escrito na parede
Imploro então ao bardo
Que escreva outra cena
Pois foi ele
Quem me levou a acreditar
Não haver mais nada
Que eu precise dizer
Deveria tê-lo dito, porém
Antes de ontem
Antes de sua grande fuga


* A expressão “Faith in Spades” significa “Fé em abundância”; no entanto preferiu-se traduzir com está no texto por ser, na língua inglesa, uma expressão nascida do jogo de Pôquer (Fonte). É possível ler na mesma estrofe o nome de outros naipes do baralho (Copas, Paus), e a metáfora aqui deve referir-se a contendas serem resolvidas num jogo de azar, em que certa combinação de cartas acaba sendo mais forte que outra (a mão, o flush).
** Essa aqui é uma referência ao espetáculo musical Miss Saigon, em que numa das cenas um helicóptero aparece no palco. Diz-se que The Light Princess, musical escrito por Tori, foi rejeitado na Broadway para dar lugar àquele, então a situação deve estar sendo aludida em Breakaway.


WILDWOOD (MATA VIRGEM)

Mata virgem
Papoulas
Mata virgem
Toque-me

Por trás do rodamoinho de Bétulas,
Garotos do bongô em sua invocação —
O som agora semeia
Nos dedos da brisa oriental,
Onde esperam despertos
Pelo ascensão dela do perigoso fosso
Disse ela: “a única forma de mudarmos
Nosso destino é fazer chover”

Mata virgem
Papoulas
Mata virgem
Toque-me

Passados Amieiros e Carvalhos,
Atravessando o bosque de Salgueiros
Serpenteia a dádiva da Hera
A qual lhe ensinou ser impossível escapar da angústia
Mas que há formas de viver com ela
Então novidades trazidas por piscos
Formam em você uma radiância interior
Como se eles unissem-se a um espírito, velho conhecido seu
E que está voltando, mais uma vez

Mata virgem
Papoulas
Mata virgem
Toque-me

Além do trajeto do peregrino,
Com o talismã que colocou em minhas mãos
E sua mágica trazida do inverno passado
É o que lidera o caminho

Após três longos meses
Suportando sua ausência
Sobre trilhas draconianas acompanhamos a corrente
Um labirinto,
Com pequenos brotos de milho verde
Agora em abundância

Enquanto a floresta celebra,
Diz ela: “faça chover
Mata Virgem
Papoulas
Mata virgem
Toque-me,
Toque-me outra vez”

Nota: em entrevista à Consequence of Sound, Tori afirmou que Wildwood é inspirada na mitologia grega, em específico no retorno sazonal de Perséfone do Mundo Inferior (Fonte).




CHOCOLATE SONG (A CANÇÃO DO CHOCOLATE)

Não tenho que gostar do que você diz, às vezes
Também não gosto das coisas que digo
E agora, vogais (votos) e consoantes são nosso armamento
Fizemos votos de amor eterno

E escuto sua dor gritando
Escuto sua dor
Nas noites caladas
Nós éramos felizes
Costumávamos celebrar
No fogão
Às sós

Chocolate delicioso e acetinado
Eu não lhe odeio, não lhe odeio
(Chocolate delicioso e acetinado)
Não, preciso ser mais como você
Na tensão de nossos opostos
Permitir de algum modo que a doçura dure
Sem trair nosso amargor
Eu não lhe odeio, não lhe odeio
(Chocolate delicioso e acetinado)

Não tenho que gostar de viver entre extremos
Os altos tão altos, os baixos tão baixos
Primeiro lançando facas, depois preparando sobremesa
Nossa corda bamba balançando

Então escuto sua dor gritando para mim
Escuto sua dor gritando
Costumávamos ser,
Costumávamos celebrar
Costumávamos preparar
Chocolate delicioso, acetinado e feliz

Eu não lhe odeio, não lhe odeio
(Chocolate delicioso e acetinado)
Não, preciso ser mais como você
Na tensão de nossos opostos
Permitir de algum modo que a doçura dure
Sem trair nosso amargor
Eu não lhe odeio, não lhe odeio
(Chocolate delicioso e acetinado)

Escuto sua dor gritando
Costumávamos celebrar
No caldeirão em nosso fogão,
Um bom fogo, água doce
Costumávamos celebrar
Costumávamos celebrar


BANG

Bang!
Disparou a língua ferina deles
Crucificação da Palavra
Voltada aos imigrantes expulsos
Imigrantes — é o que todos nós somos
Por sermos feitos de estrelas
Você os disse
Sim, você disse

Bang!
Estourou o universo
Hidrogênio desejando a fusão do Hélio
Uma poderosa dança solar da morte
Supernova explodindo

O fim de uma história semeia o início de outra

Então os céus abriram-se
E eu ouvi vozes
Unidas em Hosanas
Ofegante, vi sua estrela

Tão brilhante que me cegou
Tive de proteger meus olhos

Foi quando você pegou minha mão
Sim, você a pegou

Bang!
O mundo hoje traumatizado
Por um grupo de humanos hostis,
Aliados a seus senhores de guerra do ódio
Devemos portanto criar a partir deles
Com A Espinha Dorsal da Noite*
Para re-humanizar

Então os céus abriram-se
E eu ouvi vozes
Unidas em Hosanas
A torre de confusão deles
Não pôde afogar a luz
De sua estrela

Tão brilhante que me cegou
Tive de proteger meus olhos

Foi quando você iluminou o caminho
Sim, você o iluminou

“Não podem eles ver”,
Você me disse
“Que todos nós somos
Máquinas moleculares?”
Metas e sonhos
Tudo o que quero é ser
A melhor máquina que eu puder

Oxigênio e Carbono
Partes de nossa máquina molecular
Metas e sonhos
Tudo o que quero é ser
A melhor máquina que eu puder

Hidrogênio
Cálcio
Fósforo
Potássio
Enxofre
Sódio

Tudo o que quero é ser
A melhor máquina que eu puder

Cloro
Magnésio
Boro
Cromo
Cobalto
Cobre
Flúor

Tudo o que quero é ser
A melhor máquina que eu puder

Iodo
Ferro
Manganês
Molibdênio
Selênio
Silício
Estanho
Vanádio
Zinco

Tudo o que quero ser —
Uma máquina molecular


* Esta nota foi traduzida de um ótimo comentário feito no facebook. Créditos a Louis van der Walt. “A Espinha Dorsal da Noite (The Backbone of Night)” é o título de um capítulo do livro “Cosmos” (1980), de Carl Sagan (que junto a Frank Zappa foi citado como forte inspiração à música). Sagan tinha orgulho de defender que nós todos somos feitos de matéria estelar. Os elementos mais pesados necessários para uma química rica, capaz de sustentar a vida, só podem ser produzidos no interior quente de estrelas. Quando elas morrem, explodindo numa supernova, esses elementos espalham-se por todo universo, podendo assim serem usados para a evolução da vida no planeta. Com isso, o verso “O fim de uma história semeia o início de outra” é uma verdade literal, não apenas uma bela metáfora.


CLIMB (ESCALADA)

“Escale o muro da igreja”, disse ele
“Você pode dar de comer às carpas* no tanque”
“Escale o muro da igreja, em seu vestido de domingo
Certifique-se de dar de comer às carpas no tanque”
É uma longa, longa escalada, voltando no tempo

Todo meu ser quer acreditar que os anjos me encontrarão, Santa Verônica**
Todo meu ser quer acreditar que de algum modo você me salvará, Santa Verônica

Ele disse, “ajoelhe-se diante de seus juízes em reverência,
Sua penitência pela mulher que será um dia.
Você sabia que se falasse qualquer coisa haveria uma consequência,
Sua sentença pela mulher que será um dia”
10 dias de inferno na cela de Satã

Todo meu ser quer acreditar que os anjos me encontrarão, Santa Verônica
Todo meu ser quer acreditar que de algum modo você me salvará, Santa Verônica

Sonhe com outras dimensões, cruze então o véu até alcançá-las
Cubra-se de linho, com Jesus bem próximo,
Clamando por Santa Verônica

"Desce do ventre da besta***”, disse ela
"Torna-te uma testemunha liberta do abismo.
O templo da alma terá de curar a carne.
Tão pronto tu fores inteira poderás perdoar,
Mas é uma longa, longa escalada"

É uma longa, longa escalada


* A carpa (koi) é muito significativa para a cultura chinesa e o feng shui, representando lições e mesmo provações pelas quais as pessoas tem de passar na vida. Isso se deve ao fato desse peixe nadar contra a corrente e subindo o rio durante seu ciclo de vida, conferindo-a simbolicamente traços de coragem, ambição e perseverança, entre outros (Fonte). Achamos interessante evidenciar essa analogia, uma vez que Climb parece tratar exatamente dessa noção de superar-se.
** Santa Verônica é, de acordo com a mitologia cristã, uma piedosa mulher que tirou seu véu para limpar o rosto do Cristo, durante seu calvário (Fonte).
*** “In the belly of the beast” é uma expressão que significa “situação extremamente difícil”, mas foi traduzida literalmente pela temática religiosa da música (Fonte).


BATS (MORCEGOS)

Se você ver três velas na janela,
Estive lhe aguardando, Ondina* do Mar
Os Entes Queridos** estão aqui comigo
Ondina do Mar
Continue respirando, garota

Recebi a visita de um morcego
Que parou por um tempo de ensinar
Na Faculdade de William e Mary
Você pediu a opinião dele
Sobre o acordo fechado entre
As antigas damas do mar e a humanidade

Alertando: “A coisa mais preciosa
Pela qual lutaremos para salvar:
O destino de nossas ondas
Arrebentando no cetim azul dela”

Se você ver três velas na janela,
Estive lhe aguardando, Ondina do Mar
Os Entes Queridos estão aqui comigo
Ondina do Mar
Continue respirando, garota

Você disse que os morcegos são sábios
E certa vez profetizaram
Qual seria o fim… Se traídas
Pela raça humana

Sim, cobertas de névoa irmãs surgirão
Dos brejos e pântanos, silenciosamente
Tudo pelo amor de nossa mais querida amiga
E dá-se o início

Se você ver três velas na janela,
Estive lhe aguardando, Ondina do Mar
Os Entes Queridos estão aqui comigo
Ondina do Mar
Continue respirando, garota


* "Ondinas" são criaturas elementais da água associadas a cultos pagãos, representadas em diversas culturas como sereias, nereides e ninfas (Fonte).
** Os “Kindly Ones (Entes Queridos)” devem ser uma referência à coleção homônima de revistas da série Sandman, de Neil Gaiman (Fonte).


BENJAMIN

Benjamin,
Prodígio da ciência,
Meu amigo morcego de computador*
Diga-me onde
Diga-me quando
Eu lhe encontrarei, ninja Ben

Por trás da loja de discos
Com gravações que, você garante,
Provam o tamanho da maldade deles

Enquanto se livram de nossos cientistas,
Meu morcego de computador caça os fatos

Campanhas financiadas
Pela indústria de combustíveis fósseis
Quantos de nós seremos dominados
Para que obtenham seu controle global?

Extraindo hidrocarbonetos do chão
Esses cafetões em Washington
estão negociando o estupro da América,
Enquanto atacam Juliana**

Agora não há como evitar
A Necessidade ressuscita a si mesma
E a suas filhas
Que nunca serão compradas
Nem por deuses,
Nem pelos homens na colina
O fio da vida —
Julgado breve —
Retorça
E recorte

Benjamin
Prodígio da ciência
Meu amigo morcego de computador
Diga-me onde
Diga-me quando
Eu lhe encontrarei, ninja Ben
Diga-me onde
Diga-me quando
Estou em seu exército, Ben


* A imagem do "morcego de computador" soa incomum, por essa não ser uma expressão de uso corrente. No entanto, uma possibilidade é que o BAT seja referência a uma sigla típica de tecnologia, que corresponde a "Best Available Techniques/Technology (Melhor Técnica/Tecnologia Disponível)". Ainda, foi apontado num grupo de fãs no facebook que no ano passado, criou-se um bot de inteligência artificial capaz de produzir sozinho roteiros para filmes. O curioso é que esse bot se auto-nomeou Benjamin (Fonte). Vale salientar, por fim, que segundo a própria Tori, esta canção relaciona-se à anterior, portanto o Bat deve referir-se também ao animal.
** “Juliana” é uma ação judicial movida por 21 adolescentes norteamericanos, exigindo que o presidente norteamericano Donald Trump tome decisões cientificamente embasadas sobre as mudanças climáticas. Para conhecer mais sobre, leia aqui.


MARY’S EYES (OLHOS DE MARIA*)

O que se esconde nos Olhos de Maria?
Olhos de Maria
Olhos de Maria

Doula da Morte
Pode trazê-la de volta à vida?
Doula da Morte
Pode trazê-la de volta à vida?

Irmã Desespero**
Irmã Desespero
Pode trazer o Rei do Sonho para mim?
Irmã Desespero
Esconda suas lágrimas perto de Maria
Temos de levá-la ao
Júbilo do Mundo
Júbilo do Mundo***

Hinos para cantarmos
Ela tem fé
Hinos trancados em sua memória
Eu tenho fé que sejam a chave

O que se esconde nos olhos de Maria?
Padrões importam
Sequências amarradas em conjunto importam
Para resgatar
Resgatá-la até nós

Doula da Morte
Pode trazê-la de volta à vida?

Irmã Desespero
Irmã Desespero
Ela não deve ver você chorando
Esconda suas lágrimas
Vamos trazê-la somente Deleite?

Hinos para cantarmos
Ela tem fé
Hinos trancados em sua memória
Eu tenho fé que sejam a chave

O que se esconde nos Olhos de Maria?
O que se esconde nos Olhos de Maria?
Olhos de Maria
Olhos de Maria

Maria


* Esta música reflete sobre a saúde de dona Mary Ellen, mãe de Tori que após um AVC perdeu a capacidade de falar. Ela só consegue se comunicar pelos olhos e por meio de melodias e hinos que acompanha balbuciando, quando tocados no ambiente (Fonte). Ainda que o mais adequado seja manter a grafia do nome em inglês, senti que traduzir para “Maria” favoreceria o sentido poético da letra.
** Os citados “Desespero” e “Deleite” (que vem a se tornar "Delírio") são Perpétuos, personagens da série Sandman de Neil Gaiman (Fonte). O “Rei do Sonho” também deve ser uma referência de mesma origem.
*** “Joy to the World” é um hino cristão natalino, que em português chama-se “Vinde, Cantai”.


UPSIDE DOWN 2 (DE CABEÇA PARA BAIXO 2)

Veja os barcos partindo
E a vida de outro alguém
Aqueles rostos sorridentes,
Nós já os tivemos antes
Veja os barcos partindo
Não, essa não é nossa vida
Não hoje
Não hoje
Certas coisas funcionam assim

Não ficarei com raiva
Ultimamente tudo parece
Estar desmoronando
À nossa volta
Nós temos que virar essa testa franzida
Temos que virar essa testa franzida
De cabeça para baixo*

Aqueles rostos sorridentes,
Nós já os tivemos antes
Veja os barcos partindo
Não, essa não é nossa vida
Não hoje
Não hoje
Certas coisas funcionam assim

Não ficarei com raiva
Ultimamente tudo parece
Estar desmoronando
À nossa volta
Nós temos que virar essa testa franzida
Temos que virar essa testa franzida
De cabeça para baixo
De cabeça para baixo


* “To turn that frown upside down” significa assumir uma atitude positiva depois de um momento ruim (Fonte). Por conta do título da música, preferiu-se preservar a imagem da letra.


RUSSIA (RÚSSIA)

— áudio de emissoras numéricas russas —

Os que estão à Direita
Precisam construir uma ponte
Os que estão à Esquerda
Têm de construir uma ponte
Os que estão em Washington
Respondam somente uma pergunta:
Stálin está em seu ombro?
Stálin em seu ombro,
Como esteve com os compositores dele

Hora de acordar
Ativar nossa Invasora Nativa
Guerreiros da Terra,
Já está ficando tarde
Hora de encarar
Aqueles que tomam
Mais e mais
de nossa Grande Mãe
A Mãe que chamamos de lar

Stálin está em seu ombro?