quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Tori entre as 60 maiores cantoras/compositoras de todos os tempos!

O jornal The Telegraph, do Reino Unido, decidiu listar as 60 maiores cantoras/compositoras de todos os tempos, e Tori entrou na lista, encabeçada por Joni Mitchell, em 36º lugar. Leia abaixo a tradução para o texto dedicado à pianista, e neste LINK a lista completa.


Tori Amos, pianista norteamericana com treinamento clássico, começou a cantar em bares aos 13 anos, acompanhada pelo seu pai. Depois de uma breve passagem pela banda de synth-pop Y Kant Tori Read, Amos deu início à carreira solo em 1990. Ate o momento já vendeu mais de 12 milhões de discos, lançando 14 álbuns de pop e rock baseados no piano - o mais bem sucedido deles, Boys For Pele (1996), detém seu maior hit, Professional Widow, que liderou as tabelas do Reino Unido após ser remixada pelo produtor dance Armand van Helden.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

tori amos e as pessoas

No caminho para casa, estava ouvindo Amber Waves e tive a inspiração para esse texto. The Northern Lights are waving...


Tori Amos sempre se define como uma contadora de histórias, aspecto que se tornou mais evidente na última década, à medida que seus discos ficaram menos “pessoais” e mais conceituais. No entanto, mesmo quando escrevia sob sua perspectiva, Amos demonstrava uma tendência a construir narrativas de natureza diversa, indo desde contos íntimos até epopeias às vezes num único disco. E o aspecto mais interessante dessa abordagem são as suas personagens (e personas). A pianista é apaixonada por gente, humana e não-humana, até quando essa gente lhe deixa a ponto de enlouquecer — por isso a escreve em canções.

Dentre as pessoas que clamam pela atenção de Amos, é fato que suas escolhas são bem “incomuns”, palavra aqui aplicada com gentil eufemismo. Tori escreve sobre personagens marginalizadas, ulceradas e que muitas vezes não tem como gritar por socorro. Suas palavras são por vezes escritas em honra a esse povo mutilado, de quem se extraiu a última gota de dignidade; dessa forma, visita a existência de mitos, figuras históricas e até de pessoas ditas comuns, com quem se convive no dia-a-dia. Nunca se sabe o que se passa ao lado, ou o que de fato aconteceu há milênios atrás, e o que quer a trovadora de cabelos vermelhos? Resgatar a segunda versão, dar voz à escória, permitir que cada uma das pessoas relegadas à escuridão tenha chance de conhecer o sol… Tori escreve com fome de justiça.

Não à toa uma de suas paixões íntimas é Maria Madalena, especialmente pelo que ela representa em contraponto a Jesus, o homem e o Messias. Desde o começo dos anos 90, Tori cantava sobre como essa Maria tinha sido atacada e tripudiada, ainda que já visse chegando a hora das pessoas reconhecerem que aquela mulher, pagã e voluptuosa, era mais do que uma simples seguidora do Cristo (Mary). Amos usou a metáfora da Madalena como o exemplo perfeito da incisão íntima dada a cada mulher do mundo, e assim o fez para reclamar a si o direito de não ser apenas santa ou profana: ela deseja, sim, deseja ser completa. Mesmo quando Madalena não se fazia presente em suas músicas, sua mote era corrente em face de outras figuras que visitaram a obra de Tori. A moça abusada na infância pelo pai, e que durante a vida adulta ainda lidava com cada um de seus traumas (Bells For Her, Carbon); as meninas africanas sendo obrigadas a passar por mutilação genital, realizada por suas próprias familiares (Cornflake Girl); ou a estrela pornô, ludibriada e escravizada por um negócio que só a deteriorava mais e mais (Amber Waves); cada uma delas era defendida pela pianista como sua irmã, como a pessoa que os outros nunca lhe deram a chance de ser.

Mas não somente de mulheres Tori embebe seus contos-canções. Algumas figuras masculinas bem espinhosas precisavam ser revisitadas por alguém, e como temas difíceis nunca foram motivo de fuga para ela, lá estava escrevendo sobre Deus, Lúcifer, Jesus, alguns outros tipos messiânicos e até seu marido, como não? Os caminhos que Amos escolhe para falar sobre esses homens costumam tomar contornos pouco casuais, a exemplo de representar o Príncipe das Trevas como uma de suas canções mais charmosas (Father Lucifer), e Deus ser mais um desses garotos birrentos e egocêntricos, que há aos montes por aí (God). Mais uma vez, ela tentava mostrar o outro lado das lendas, trazendo por meio disso uma nova consciência sobre a complexidade de nossa existência, e buscando extinguir ideias maniqueístas de que somos bons ou maus — somos Yin e Yang, temos dever de ser.

Há de se ressaltar, no entanto, a maneira como Tori escreve pelo seu marido. Não é foco desse texto entrar em detalhes íntimos dos dois, mas uma canção em particular retrata-o com uma doçura sem igual: Invisible Boy. Amos disse que a música é dedicada a um homem de vida interna extremamente densa, mas que prefere tornar-se invisível somente para não ter de se explicar demais. É como se descrevesse as angústias e fragilidades que às vezes ele deixa escapar, fazendo delas uma ponte para alcançá-lo e mostrá-lo o quanto tudo isso importa. E mesmo que todos sejamos feitos de barro, ele não se resumiria a isso, por ser o melhor garoto invisível para ela. É um momento de trégua, em que as partes encontram um caminho comum e existe compaixão. Empatia e compaixão.

Tori vem de uma linhagem de mulheres compositoras e escritoras que buscavam se afirmar diante do mundo, demarcando o lugar que nele ocupam e, se necessário, usando um pouco de violência para tal. No entanto, desde cedo aprendeu que ocupar um espaço nessa terra jamais seria uma experiência solitária, o que parece tê-la motivado a encarar o rosto das pessoas de frente e sem medo. Em certos momentos, relatar aquilo que viveu ou conheceu parecia ter vindo somente de sua ânsia por sobreviver. No entanto, mesmo nas horas mais escuras, o que ela fazia era passar sua tocha adiante, uma chama inflamada a cada nova pessoa cantada, em cada nova história contada. Assim a trovadora constrói seu legado e passa sua missão.


Por Hernando Neto

quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Tori participará de "Blackbird: The Beatles Album", disco de Miloš Karadaglić


O violonista clássico Miloš Karadaglić lançará um disco de covers para canções de The Beatles, e uma delas conta com a presença de Tori. A faixa em questão é She's Leaving Home, a qual a pianista já vinha apresentando em suas turnês recentes (vídeo abaixo). Para encomendar o disco de Miloš, visite o site da Amazon.