sexta-feira, 18 de novembro de 2011

[Tradução] Entrevista para o jornal Cape Times


Tori deu, pelo menos, duas entrevistas a mídias da Cidade do Cabo, e como havia informado via twitter, ambas serão traduzidas e postadas nesse interstício da tour. A primeira delas já se encontra aqui, e foi realizada pelo jornalista Jason Curtis, dia 14, para o jornal Cape Times. Nela, além de falar de sua experiência em performances solo, e do que a motiva na preparação dos shows, Tori ainda descreve um pouco melhor seu processo de composição.
O link para a matéria foi obtido via Undented, e para acessar a versão original, é só clicar no nome da página.


A "COLECIONADORA DE CAÇADORES" TORI AMOS TOCA NA CIDADE

Tori Amos, pianista estadunidense avant-garde, cantora e compositora, reinventou a si mesma em cada um dos seus álbuns solo. Seu último lançamento não difere disso – e fãs locais terão a chance de uma vida de sentir seu talento pessoalmente nesta quinta-feira.
Conhecida como uma artista sempre disposta a tentar coisas novas e desafiar convenções a cada mudança, Amos faz jus à sua reputação de metamorfose contínua por levar seu último álbum, Night of Hunters, em turnê a países e cidades que nunca tinham sido privilegiadas com suas extraordinárias performances ao vivo.
Rússia, Noruega e África do Sul são algumas dos locais visitados pela primeira vez*, onde ela promete compilar um novo setlist informado por cada destino, sua história e realidade atual. “Estar afinada com a energia de uma cidade e seu povo é parte do ápice dramático que busco”, Amos explica. “Um bom show é quando o público sente que os levei a outro lugar, sem que tenham saído de suas cadeiras”.
A leg sulafricana de sua turnê inclui 3 shows esgotados sendo concluídos hoje, no Theatre of Marcellus at Emperor’s Palace, em Joanesburgo, seguidos por uma única apresentação na Grand Arena, em GrandWest, Cidade do Cabo, nesta quinta-feira.
Desde o lançamento de seu debut solo em 1992, Little Earthquakes, o reconhecimento de Amos continuou crescendo no mundo todo; no entanto, foi o Reino Unido que (np: primeiro) patrocinou sua marca singular de narrativas baseadas no piano (hoje ela divide seu tempo entre a Cornualha e a Flórida, nos EUA).
Durante sua celebrada carreira, a artista nascida na Carolina do Norte tratou de uma miríade de temas que iam de assuntos duros, como estupro, a excêntricos, tal qual a apicultura. De seus primeiros singles, como Crucify, Silent All These Years e Professional Widow, até seu hit mais bem sucedido nos EUA, A Sorta Fairytale, Amos continuou se desnudando e partilhando de sua jornada catártica ao longo das últimas duas décadas.
Em anos mais recentes, ela focou sua energia criativa na composição e gravação de álbuns conceituais, o primeiro deles sendo Strange Little Girls (2001), inspirada pelo nascimento de sua filha, Natashya “Tash” Lórien Hawley.
“A música sempre foi um meio de cura para mim, desde que eu era pequena”, ela admite. “Posso estar em completa dor, daí ouço ou toco alguma música, e me sinto... Leve. Sinto como se a música me tocasse, o que me torna um instrumento dela”.
Esta noção de inversão criativa volta a surgir quando ela explica que novas ideias vêm a ela, invés dela se dispor a procurá-las. “Conscientemente, nunca saí por aí procurando”, diz Amos. “É mais o caso de cada canção que escrevo me levar a sempre estar aberta. Nunca fui capaz de simplesmente escolher um assunto e escrever sobre ele. Sei de escritores que, observando outrem, escreviam sobre o que viam. Não sou boa em fazer isso, tenho de experimentar primeiro. Preciso provar e sentir; se não se conhece a linguagem subjacente àquele assunto, você não será capaz de contar a história.”
“Escrever e compor dessa maneira me leva por diferentes caminhos. Quando estou a fundo nisso, é quando a mágica acontece. Com o risco de soar 'new age', vejo a mim mesma como um meio, um escriba”.
Mesmo não estando acompanhada do quarteto clássico para a passagem pela África, seu piano Bösendorfer, fiel marca registrada, veio, e com a promessa de um íntimo affair.
“Quando toco sozinha, isso me dá espaço para fazer a experiência como um todo ainda mais extrema”, ela sugere. “Não toco, como faço com meu quarteto, seguindo um roteiro. Nestes shows, antes de cada performance, encontro-me com o público, e adquiro um senso de onde estão essas pessoas, naquele dia em particular”.
Isso faz com que nenhuma de suas performances ao vivo seja previsível. Ela disse preferir criar a narrativa no momento – e dessa forma, ela tende a conversar muito pouco no palco.
“É importante para mim que esteja muito presente, visando ser capaz de tornar numa história conceitual o que está acontecendo no mundo à nossa volta”, ela explica. “Escolho as canções que não precisam de muito, e então a experiência como um todo torna-se complementar. É preciso permanecer aberta ao público por ser estar uma conversa, do tipo emocional, que, se usadas as cartas corretas para o show, torna o construto mágico para todos – inclusive para mim”.
Seu novo álbum, lançado pelo selo Deutsche Grammophon, paga tributo a figuras como Debussy, Granados, Satie, Schubert, Bach e Chopin – mais uma prova de que permanecer onde está ou reciclar velhas ideias não é o estilo de Amos.
Ela disse que viaja regularmente, “somente para se afastar de um ciclo repetitivo. Quanto mais vejo e experimento, mais inspirada me torno e a música flui disso”.

XXX

*esta informação está errada. Sabe-se que Tori fez sua primeira incursão à Rússia em setembro de 2010, com sua Summer Tour, enquanto Noruega é um destino visitado desde, pelo menos, a Original Sinsuality Tour.

NOTA: a imagem reproduzida aqui veio de outro artigo, Fire and Tenderness: Tori Amos: Live in SA, também traduzido anteriormente por mim [LINK].

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