Há alguns dias atrás, Tori deu uma entrevista ao site Windy City Media, como uma divulgação inicial para a leg norteamericana da Night of Hunters Tour. Além dos temas mais comuns, como a preparação do álbum e o cd comemorativo do Little Earthquakes, Tori falou sobre seus sound checks e até deu conselhos a seus fãs LGBT. O original você lê AQUI, e ele foi obtido via fórum Afterglow (Thank You!).
Cantora e compositora Tori Amos ganhou fama por seu piano e canções como Crucify e A Sorta Fairytale. Ela foi indicada a 8 prêmios Grammy e continua a desenvolver música inovadora. Apresentando-se em bares desde os 13 anos, seus shows ao vivo durante os últimos anos tem sido algo a não se perder e, por sorte nossa, ela sai na estrada novamente neste outono.
Windy City Times: Olá, Tori. acabei de ouvir seu novo álbum, Night of Hunters. O que inspirou o projeto?
Tori Amos: Deutsche Grammophon me abordou. Eles representam o lado clássico da Universal Music. O doutor deles em musicologia, Alexander Berg, me encontrou em turnê mundial há cerca de um ano atrás. E disse, “Acho que você deveria escrever um ciclo de canções do século XXI, baseado em temas clássicos”. E eu respondi, “Acho que preciso de um drink!”
WCT: [Risos] Certamente, é um grande cometimento.
TA: Vamos lá, Jerry. É um pedido dos grandes.
WCT: Imenso…
TA: Foi imenso, muito desafiador. Foram muitos os momentos de criar só bobagem. Quando você começa a trabalhar com as obras dos mestres, é algo realmente difícil. Sabia o suficiente indo ao Peabody [Institute da Johns Hopkins University] como uma criança e (dessa vez) não era uma progressão de acordes do tipo um-quatro-cinco-um. É verdadeiramente complicado.
Estas são catedrais porque estamos falando sobre estruturas sônicas. Não como pequenas casas de praia bonitinhas. É a construção de algo grande sonicamente. Eu tenho uma ótima carreira e fazer algo assim podia estragá-la. Mas quando compositores pop tem uma oportunidade dessas com a Deutsche Grammophon? Eu deveria estar agradecida! [risos]
WCT: Houve algum compositor com o qual você se conectou pessoalmente?
TA: Sim, todos os que fizeram parte do projeto foram os grandes, mas eu diria que a peça de Schubert, Star Whisperer - a variação de sua sonata - foi sim a chave que abriu tudo para mim. Sempre amei o fato dele provavelmente ter sido um dos primeiros a escrever canções. Ele escreveu, mais ou menos, 700 músicas no que concerne todos os seus grandes trabalhos. Eu sabia que não queria tocar no seu material de escrita de canções. Quis fazer algo que não estivesse nesse formato. Disse a Doutor Berg para que me enviasse peças que não estivessem em formato de canção; Quis também que me enviasse muita música, por eu ser familiarizada somente com as peças de recitais que toquei no passado.
WCT: Dentro da música clássica, sou muito fã de Franz Liszt, com sua extensão no piano.
TA: Ele chegou bem perto e esteve na última leva! Esteve comigo o tempo todo e eu meio que olhei para ele e disse, “Talvez na parte dois...”
WCT: Terei de esperar por isso.
TA: Bem, sim se isso um dia acontecer. Sério, ele esteve lá me guiando através de todo o processo, mostrando-me coisas. Pode soar como loucura, mas houve compositores cuja energia estava nas trincheiras deste projeto.
WCT: Eu disse a seu velho companheiro Rufus Wainwright que ele me lembrava Liszt.
TA: Aposto que ele amou ouvir isso. Franz Liszt se entendia bem com mulheres.
WCT: Franz também era dramático.
TA: Sim, muito dramático.
WCT: Descreva as várias vozes em seu disco.
TA: Ok, existem personagens nele. Anabelle é a criatura metamorfa e a história se passa na Irlanda. Tori encontra Anabelle na segunda canção. Ela a mostra coisas que aconteceram até numa vida passada. Acaba adentrando muito na mítica Irlandesa, numa volta ao tempo com o amante.
Anabelle funciona como uma representação da natureza, como em todos os bons ciclos de canção. Isso afeta a protagonista de tal maneira que aos leva a ver outra parte de suas vidas que não foram capazes de ver. Anabelle foi representada por Natashya, que tem 10 anos e é minha filha.
WCT: Talento atravessa a família.
TA: Ela foi aceita na Sylvia Young School em Londres, e já vem atuando na Stagecoach por mais de 3 anos. Eu a assisti em produções e ela tem mesmo um lado cômico. Ela tem todos os tipos de sotaques e é um certo tipo de atriz. Mesmo sendo uma criança, eu sabia que ela poderia atuar num papel atemporal. Pôr uma criança para falar algumas das coisas que Anabelle diz é difícil, especialmente quando se canta com afinação e consciência rítmica. Sabia quais as habilidades de Tash e como poderia desenhar Anabelle em torno dela. Esse foi o truque. Com Anabelle, precisei desenvolver o lado de donzela da Deusa Tríplice, por fazer parte da mitologia Irlandesa. Pensei, “vamos trazer a natureza como uma criança”.
WCT: Além delas, existe uma outra voz.
TA: Sim, a musa do fogo que se mostra em Night of Hunters. Ela é representada por Kelsey, minha sobrinha. Tanto minha filha como ela já tinham participado do Midwinter Graces, então já havíamos trabalhado juntas antes.
WCT: É um “family affair”. Como será seu show ao vivo desta vez?
TA: O show ao vivo é com o quarteto de cordas que tocou no disco. Há também um quarteto de woodwinds, o que deu ao trabalho o formato de octeto. Muitos trabalham em sinfônicas então só pudemos trazer o quarteto conosco. Daí, fizemos novos arranjos para parte do catálogo, pensados para um quarteto de cordas e piano.
WCT: Como você define o que entra no setlist tendo tantos álbuns?
TA: Bem, a primeira coisa é construir um repertório. Como o meu é bem vasto, posso de fato mudar os shows. Quando começar a leg Americana teremos o maior repertório possível, uma vez que até temos mais tempo. Sempre treino nos sound check. É quando se consegue desenvolver novo material.
Meus sound checks frequentemente duram duas horas e são obrigatórios para todo mundo. É por isso que meus shows ao vivo mantém uma reputação, por sempre adicionarmos novas canções neles. Para setembro tivemos de fazer algumas duras escolhas sobre quais músicas estariam no primeiro grupo. Não é por serem favoritas do catálogo, mas precisávamos daqueles com uma seção de cordas completa. Teremos também algumas que nunca tiveram um arranjo como esse, sendo ele construído a partir da parte do piano que toco.
WCT: Não consigo acreditar que seu álbum Little Earthquakes completará 20 anos em 2012!
TA: Louco, né?
WCT: Você está preparando algo especial para a data?
TA: Na verdade estou. Gravei recentemente com a Orquestra Holandesa Metropolitana. Material desses 20 anos foi rearrajando para eles. São uma orquestra de 54 componentes. E foi muito divertido cantar canções de todos os discos juntas, numa abordagem orquestral.
WCT: Você é bastante apreciativa para com seus fãs. Há alguma coisa que você gostaria de deixar para seus fãs gays?
TA: Eles precisam se envolver na próxima eleição. Não podemos dormir no ponto. São tempos de medo. Conheço vários amigos criativos, independente da sexualidade, gay, hétero, bi, quaisquer que seja, que às vezes pensam que agora vai funcionar, mas talvez não dessa vez. Precisamos estar despertos e vigilantes. Todos nós precisamos votar. Não se pode deixar de lado porque decisões estão sendo tomadas para nosso mundo com as quais talvez não possamos conviver. Estou somente acendendo um chama gentil, não uma ruim. Você pode tostar marshmallows nela. Pode cantar Kumbaya se quiser, mas depois saia e vote. Não estou sendo MTV Rock the Vote. Estou sendo muito mais pragmática sobre isso e até um pouco ameaçadora. Se nós queremos ver o mundo de uma forma mais aceitável e não participamos, então nosso mundo pode se tornar algo que não é de nosso desejo em somente cinco anos.
WCT: Esta foi uma boa escolha.
TA: A coalisão gay é grande o bastante para criar uma rachadura. Não queremos acordar para um mundo onde todos tem a mente tão aberta quanto à nossa. Não será tão fácil de mudar mais tarde. Uma vez que estabeleçam leis em diferentes estados é difícil de voltar atrás. A geração mais jovem olha em volta e pensa no que pode fazer, mas é possível que fique ainda pior! Precisamos de fogo em nossas barrigas. Nosso planete pode mudar de uma maneira criativa ou destrutiva para a liberdade daqueles que refletem.
WCT: Sua arrecadadora de fundos, RAINN (Rape, Abuse and Incest National Network), tem sido um projeto contínuo.
TA: A última novidade era o interesse de torná-la uma rede de língua hispânica também. A boa notícia é que existe muita paixão pelo projeto, mas a má notícia é ele ainda ser necessário. RAINN é uma caridade necessária. Com toda essa tecnologia e avanços, infelizmente ainda se vê no século XXI muita violência sexual por aí. Nossa última ideia foi criar uma hotline para quem fala espanhol.
WCT: Como você estará por aqui em dezembro, pretende tocar algo vindo do Midwinter Graces?
TA: Está no grupo daquelas a serem tocadas com o quarteto, sim.
Nenhum comentário:
Postar um comentário