Tori deu uma entrevista e posou para fotos (lindas, por sinal) para a SOMA Magazine. Nela, a cantora fala sobre sua obsessão por sapatos e como a maternidade afetou seu processo de composição. Para ler a original, clique AQUI.
Tori Amos tornou-se uma força na música popular com Little Earthquakes, um álbum cheio de músicas confessionais que equilibrava em seu conteúdo melodias fortes com um conteúdo emocional ainda mais forte, incluindo “Me And a Gun”, canção que descreve uma experiência de estupro e abuso. Suas melodias levemente peculiares e honestidade emocional garantiram a ela uma legião de fãs; ela apresenta a visão feminina sem o foco suave da maioria dos artistas pop. Amos começou como um prodígio clássico, ganhando uma bolsa de estudo completa no Peabody Conservatory quando tinha cinco anos, ainda que pouco tempo depois ela foi retirada de lá por seu interesse em música popular. Ela retornou às suas raízes clássicas com o Night of Hunters em 2011, um ciclo de canção construído com temas de Bach, Satie, Mendelssohn e outros compositores clássicos. Em seu álbum atual, Gold Dust, ela reinventa 14 canções de seu catálogo como novos arranjos amparados pela Metropole Orchestra, grupo clássico da Holanda.
Você tem alguma obsessão?
Devo dizer que sapatos tem sido uma paixão já por um bom tempo. Não sei quantos pares eu tenho. Eu nem tentei contá-los recentemente, porque são bi-continentais. Alguns estão nos EUA, outros na Inglaterra e Irlanda em tour cases e caixas, para que não sejam atacados por mofo. Existem sapatos para shows e aqueles para o dia-a-dia, que normalmente tem um salto alto extra para lhe dar um leve up no palco, mas você não deseja usá-lo por muito tempo ou andar um caminho comprido neles. Compramos um lugar na Inglaterra com um celeiro atrás da casa. Meu marido disse que fez isso para ter onde deixar meus sapatos de quarentena.
Eu os cataloguei uma vez. Tirei uma foto para pôr em cada caixa, mas esse sistema ainda não passou por um update. Talvez na próxima pausa dos feriados eu possa fazer isso com minha filha Natashya. Ela tem 12 anos e usa o mesmo tamanho que eu, mas eu a digo para ir trabalhar e juntar algum dinheiro, para começar sua própria coleção.
Gold Dust não é de fato um álbum de Greatest Hits. Como se procedeu a escolha das canções?
Não estava em nossos planos fazer um álbum com a Metropole Orchestra. Eles me convidaram para fazer um show, então o repertório foi escolhido usando canções que funcionassem bem em conjunto. O resultado foi tão positivo que meu selo decidiu que a performance deveria ser capturada apropriadamente, então o próximo passo foi escolher mais canções para o disco. Eu nunca tinha gravado ao vivo antes. Costumo gravar meu piano e vocais e só depois os instrumentos de sopro e cordas são acrescentados, sendo tocados com minha faixas, comigo na posição de produtora. Foi intimidante, mas à medida que fui conhecendo o condutor, Jules Buckley, e todos os envolvidos, entendi a orquestra como uma criatura, um dragão; o condutor é o domador desse dragão, e eu preciso garantir que sentarei apropriadamente para passear com o dragão em meus salto alto e piano. Ele é como um trem indo a 220 milhas por hora e se você cai, precisa começar de novo. Isso aconteceu de fato durante performances ao vivo que fizemos, mas normalmente no começo dos shows, então tudo bem - uma vez, no entanto, que você o tenha selado, é preciso ser bom.
Quando você começou, fez uma escolha consciente em ser crua e honesta em sua composição, ou isso foi algo que não sofria qualquer controle consciente?
Após minha banda Y Kant Tori Read ter falhado, perguntei a mim mesma que tipo de artista queria ser. Depois de anos enviando demos e sofrendo rejeição subsequente, desde mais ou menos meus 14 anos, comecei a ver que não conseguiria um contrato se escrevesse o que as pessoas queriam ouvir. Quando uma review chamou o álbum de algo como “bimbo music”, compreendi que não tinha o poder de fazer as pessoas ouvirem para minha música. No entanto, eu tinha o poder de fazer a música que eu gostaria de ouvir, independente do desejo de outras pessoas em escuta-la. Esse se tornou meu compromisso. Como filha de um ministro de igreja, eu sabia como a patriarquia funcionava, como a vergonha operava. Minha busca foi em conhecer outros mitos e considerar o cristianismo apenas como mais um mistério, desligando-me assim da carga que se fazia muito presente no processo de composição. Religião, crença e o poder de nossas crenças acabaram se tornando uma grande porção de meus conteúdos. Você é aquilo em que acredita.
Tornar-se uma mãe mudou seu relacionamento com o processo de composição?
Mudou tudo. Você é uma mãe e quer ter uma relação de proximidade com seu filho, mas quando você é um artista, não está sempre disponível emocionalmente. Tornar-me uma mãe fez com que entendesse que o mundo não gira em torno de mim. Uma criança quer uma mãe que não é super crítica e um musicista precisa ser hipercrítico, então eu saio um pouco de mim quando preciso escrever.
Eu levava minha filha em turnê até pouco tempo atrás e vi o mundo através de seus olhos. Isso me deu um ângulo diferente sobre tudo: para crianças, cada experiência é nova. Eles conseguem ficar com os olhos brilhando ao conhecer coisas. Descobri que poderia fazer o mesmo observando-a com atenção e viajando em sua dimensão criativa, deixando de lado espíritos ou drogas e e consequentemente não ficando de ressaca depois. Mas você precisa manter sua antena de pé e ser um observador faminto. Se você vive mandando mensagens ou falando o tempo todo, as musas não conseguem se aproximar. Elas vão visitar outro compositor.
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Fonte: Fórum Afterglow
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