NOTA: leia a original AQUI!
GOLD DUST, DA TORI AMOS, INJETA EM SEUS HITS UM SABOR CLÁSSICO
Quando Tori Amos decidiu comemorar os 20 anos de aniversário de seu debut (Little Earthquakes), gravando versões orquestrais de canções que perfazem toda sua carreira, ela sabia que estava assumindo um risco. "Seu coração afunda e você fica petrificado", disse ela sobre o processo de gravar com a renomada Metropole Orchestra, “porque você percebe que se fizer as coisas errado, não terá como olhar no rosto de ninguém outra vez. Músicos pop conseguem às vezes errar feio quando adentram no universo do clássico ou da ópera. O cemitério é cheio deles.”
Amos não precisava ter se preocupado. Diferente de outros tão falados esforços semelhantes ao dela — pense em Elvis Costello colaborando com the Brodsky String Quartet em The Juliet Letters — Gold Dust (lançamento em Out. 2) soa menos como uma quebra radical em sua obra e mais como um passo além em sua evolução. Expulsa do Conservatório de Música Peabody, em Baltimore (Amos foi convidada a entrar nele aos 5 e saiu de lá com 10 anos), a cantora de 49 anos fez sua carreira de canções elaboradas que adicionavam detalhes clássicos (além do aspecto mais teatral do glam-rock) ao estilo de composição baseado no piano de Joni Mitchell e Elton John. Amos diz ter passado anos "fugindo" da música clássica. Mas durante o preparo deste álbum ela decidiu que "sentaria sozinha por horas e horas, afundando nestas obras primas", de Bach e Chopin a Stravinsky e Prokofiev. “Me senti mais 'humilde' ao ver como a mente deles trabalhava. Tive um romance com cada um desses homens mortos.”
O resultado captura emocionalmente e está mais distante da música pop contemporânea do que você possa imaginar. "Não pense que não canto junto quando Natashya (filha de Tori, 12 anos) toca Call Me Maybe no rádio", disse Amos. "Mas nós cantamos 'Kill Me Maybe'". Enquanto nos dias de hoje as gravadoras e produtores gravitam em torno do que Tori chama de "compositores banais", as coisas eram diferentes quando ela começou, há 20 anos atrás. "Compositores eram encorajados a ir além da superfície e falar sobre conteúdos e emoções que tirassem as pessoas de seu lugar comum", disse a cantora. “Se estivesse começando hoje minha carreira, com esta proposta, não sei se conseguiria um contrato de gravação.”
É essa proposta, ao menos na mesma medida de seu talento como uma compositora popular, que a transformou num ícone feminista, com canções como “Crucify,” “God,” e “Cornflake Girl” tocando em rádios alternativas nos anos 90, e dando a ela a chance de vender 12 milhões de álbuns, durante estes 20 anos. Little Earthquakes era cheio de canções sobre mulheres levantando-se contra opressores, exigindo que fossem ouvidas, e recusando-se a se punir pelo abuso que sofreram, comumente na mão de homens (“Me and a Gun”, uma sombria canção a capella que trata do estupro sofrido por ela, não deixou de ser arrepiante mesmo tendo hoje 20 anos). O tema de provocação sexual atravessa todos os seus discos e dá gás para seu trabalho com o RAINN (Rape, Abuse & Incest National Network), organização sem fins lucrativos cofundada pela cantora em 1994. Sua música também inspirou uma certa categoria de compositoras, entre elas Alanis Morissette, Fiona Apple, Beth Orton, e Regina Spektor — por tratarem com franqueza em suas letras sobre tópicos como sexo, vergonha, poder e violência.
Perguntada se ela pensa em ir ainda mais fundo no universo clássico, Amos é evasiva. Ouvir com tanta dedicação os velhos mestres fez com que, segundo ela, "mudasse a forma como eu vejo tudo agora, como eu escuto", mas como ela ainda considera estar gravando seu nome na história da música, prefere não definir isso ainda. Depois de uma breve turnê europeia para dar suporte a Gold Dust, (uma leg norteamericana seria "muito cara"), seu próximo objetivo é completar o trabalho em seu musical The Light Princess, inspirado por West Side Story (NP: creio que esteja errado, pois a original é um conto de fadas). E então, talvez, "se vir a inspiração", um novo álbum de canções pop-rock. O importante é manter-se assumindo riscos. Trabalhar com uma orquestra "foi perigoso", disse Amos. "E eu gosto de um pouco de perigo".
Fonte: a notícia chegou a mim por Bruno Paulino! Obrigado a ele ^^
PS: junto com Silent... e Gold Dust, a Rolling Stone publicou uma pequena entrevista com Tori, que será traduzida em breve também!
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