domingo, 16 de maio de 2010

Tradução: Scarlet's Walk - Scarlet's Bio [PARTE 2]

Continuando o passeio de Scarlet, retomamos a jornada em Oklahoma, com uma mocinha que não pretende voltar a Las Vegas...

Em outro sonho, ela ouve o chamado de sua sobrinha de 18 anos, que está vivendo em Las Vegas e envolvida numa confusão. “O problema é que se Scarlet voltar a Vegas para ajudá-la, ela mesma terá de enfrentar seu passado. O Príncipe das Valetes Negras (The Prince of Black Jacks), que domina a cidade, é uma paixão antiga sua. Se ela for, precisará então da ajuda dele. Mas ela sabe que terá um preço a pagar – daí a mote dela, NÃO ME FAÇA VOLTAR A VEGAS (DON'T MAKE ME COME TO VEGAS).
Seu pedido é atendido e, invés disso, SWEET SANGRIA a encontra em Austin, Texas. Lá ela conhece um revolucionário latino, lutando contra a intervenção americana nas Américas do Sul e Central. Mas quanto mais Scarlet afunda-se nessa luta, mais ela vê que não pode aceitar a ideia de machucar pessoas inocentes – de ambos os lados. “Para ele os fins justificam os meios. Mas mesmo ela acreditando na causa, Scarlet não é capaz de pôr munição na arma... É sobre as coisas nas quais você acredita e o quanto você é capaz de afundar nisso”.
Ela o deixa na fronteira de Laredo e YOUR CLOUD a encontra atravessando sozinha Mississipi até Memphis. De lá, ela viaja até um local aonde milhares de Cherokees morreram. “Ela está pensando sobre a ideia de segregação e sobre como pessoas podem segregar a si mesmas da terra. Todos tem um Mapa Corporal, e ela está tentando achar o seu”. Ela passa ainda pelos campos de batalha da Guerra Civil, antes de alcançar a Philadelphia e visitar o Liberty Bell – observa que ele está rachado.
PANCAKE nos mostra Scarlet seguindo para Delaware e, de lá, para os Assentamentos a Nordeste de Aprendizado e Poder. Lá ela conhece uma figura Messiânica, mas rapidamente torna-se desiludida. Se seu latino revolucionário era somente ação, este Messias era somente conversa. “Ele não respeita os valores que prega. É surdo para as reais necessidades do povo e está se tornando ludribiado pelo tipo de poder o qual um dia ele próprio denunciou”.
De Boston, a história segue para Nova York, onde Scarlet presencia a explosão de um avião no meio do ar. Tori estava na cidade em 11 de setembro e I CAN'T SEE NEW YORK é uma história que obviamente ecoa deste fatídico dia. “Quando viram o ocorrido na televisão, as pessoas precisavam entender que aquilo não era um filme. Estar lá e ser capaz de sentir o que dali exalava... Você sabe que é de verdade”.
Tentando escapar de Nova York, Scarlet aceita uma carona. “Ela está cheia de dúvidas e nenhuma resposta numa época em que o mundo caiu num poço profundo. Nada ficou em seu lugar. Mas MRS JESUS representa a vida e ela decide acompanhá-la para fora da cidade a fim de entender tudo o que tinha acontecido”.
Elas se separam em Chicago, em que Scarlet procura por velhos amigos. Lá ela descobre da morte de um amigo gay e resolve visitar sua casa em Baton Rouge, antes de viajar a Nova Orleans. “TAXI RIDE é sobre como as pessoas reagem à morte, e como essas mesmas pessoas podem trair até aquelas que já tenham partido”.
Nova Orleans é quente e suave com o cheiro de madressilvas no ar. Mas Scarlet estava lutando contra a cobiça no PARAÍSO DE OUTRA GAROTA (ANOTHER GIRL'S PARADISE). Suas viagens levam-na da Flórida ao Havaí , antes de retornar a Miami. “Durante esse tempo todo ela vinha conversando com o desejo. Compreende então que poucos de nós podem genuinamente desejar o bem aos outros de um modo altruísta”.
Em SCARLET'S WALK, ela traça os passos dos primeiros europeus a se assentarem ao longo da Costa Leste, e acaba passando pela capital da Nação Cherokee. “Na canção, América é uma jovem garota olhando sobre a água para outras garotas, que podem ser chamadas de França, Espanha ou Inglaterra. Sua curiosidade faz com que as convide a entrar. Em pouco tempo, elas se mudaram para lá e tomaram tudo – seu marido, sua casa, seu trabalho – e o novo xerife já assumiu seu posto”. A trilha também assume a história do tataravô materno de Tori, um puro Cherokee que sobreviveu à Trail of Tears ao fugir para as Smokies.
Em VIRGINIA, Scarlet faz seu caminho por Washington e visita Jamestown, um dos primeiros assentamentos europeus. Ela questiona como uma terra construída acerca da noção de liberdade para os assentados pôde tê-la negado aos povos Nativo-americanos. “Em sua mente, ela vê o irmão branco chegando e a jovem indígena o seguindo. A mitologia de outro terra foi imposta à América”.
No ano passado (2001), Tori deu a luz a uma filha, e no fim da jornada, acontece o mesmo com Scarlet. Com o nascimento de sua criança em GOLD DUST, ela é finalmente hábil de ver o mapa que havia perdido. “Apesar de ser a mulher aventureira, Scarlet tem agora uma outra vida que depende dela. E ela finalmente vê o que é transitório e permanente sob uma nova luz. Quando as Torres Gêmeas sucumbiram, percebemos que tudo o que for permanente continua em nosso coração”.

Uma sinopse tão breve como essa somente beira a superfície dos temas explorados em Scarlet's Walk. Multifacetado, cinematográfico e desafiador, é um álbum que provoca, estimula e revela novos níveis de significado a cada audição. Tori Amos trilha o caminho enquanto fala o devido.

NP: Para quem não conhecia a Biografia de Scarlet, é hora de reler o Scarlet's Walk.

Fonte: HereInMyHead.com
Por Hernando Neto

Nenhum comentário: