segunda-feira, 6 de abril de 2015

Lucy: A Mulher Misteriosa



por Ailton Palaria


Todos nós sabemos que as músicas de Tori são intrigantes, cheias de imagens estranhas, pessoas disfarçadas de animais e mensagens criptografadas. Hoje, especificamente, estava pensando em uma personagem que Tori faz referência em três canções: Lucy.
Tori certa vez foi questionada sobre essa figura misteriosa em uma entrevista e respondeu:

“Who do you think Lucy is? I’m not telling you who Lucy is.” [BAM – March 11, 1994]

Enfim, como sou um toriphile chato e curioso, estava refletindo sobre essa figura misteriosa e decidi me debruçar um pouco sobre essas canções para levantar alguma hipótese. Lucy aparece pela primeira vez na estranha e confusa Ode To The Banana King. A música se passa há dez mil anos – Tori e Raul Seixas devem ter se conhecido naquela época – portanto, podemos concluir que Lucy não se trata de uma figura humana, mas de uma figura arquetípica.

“Turning back ten thousand years,
It's all a blur
Where the taxis go
Monster man
A willing friend
Lucy serves the melon cold
Violent and delicious souls.”

Podemos perceber que Lucy – uma amiga com boa vontade – serve melão gelado para um Homem­Monstro, talvez uma referência ao homem ancestral. Portanto, Lucy está relacionada a alguma ideia de prazer, de boa surpresa.
A figura misteriosa de Lucy retorna na belíssima Pretty Good Year:

“Pretty Good Year, de fato, é a parte dois de Ode To The Banana King. Ode To The Banana King é a parte um ­ como podem ver, Lucy reaparece. (...) Então provavelmente escreverei a parte três.” [Beat – July 14, 1994]

Sabemos que Pretty Good Year narra a história de Greg, um jovem rapaz que se encontra num momento muito delicado de sua vida. No entanto, apesar de toda a frustração e desesperança, ele ainda pode ter um ano muito bom...

“And Greg he writes letters with his birthday pen
Sometimes he's aware that they're drawing him in
Lucy was pretty, your best friend agreed
Well, still, pretty good year.”

Finalmente, mais de uma década depois, a figura de Lucy volta na canção Edge of The Moon. No texto introdutório do álbum Night of Hunters, temos a seguinte explicação:

“Edge of The Moon revela então uma promessa que 'ele' fez a Tori. Ela começa a lembrar de como era o relacionamento deles antes dos dois permitirem que forças externas os separassem. (...) A culpa e a ira que um sentia pelo outro está se transmutando num espaço onde a extensão do amor sentido por ambos é maior que o dano sofrido pelo relacionamento.”

“Now I'm going back
Past that marmalade sky
Cause you've got my waxing and waning
As primitive goes
You can stir the embers of the Lucy
Inside of my soul.”

Nesta canção, fica claro que Tori, ao referir­-se a Lucy, está falando de um sentimento que existe dentro dela. Levando em consideração que Night of Hunters conta a história de um casal em crise, mas que acabam resolvendo suas diferenças, Lucy representa esse desejo de reconciliação.
Nas três canções, percebemos que Lucy está relacionada com alguma ideia futura, ou seja, Lucy é a representação da Esperança, do desejo que sentimos para que nossos sonhos sejam realizados. A Lucy de Tori, assim como a Lucy psicodélica dos Beatles e o fóssil encontrado há 40 anos, representam esse ancestral do Feminino que reside em todos nós e ainda tem esperança nos sentimentos humanos e no (re)nascimento do Amor.





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