O grito de uma geração silenciosa era dado há exatos 20 anos. Esse grito, às vezes berrante, às vezes tranquilo, ao mesmo tempo melancólico e encantador, perdurou durante todo essas décadas, e se mostra relevante e completamente atual, como qualquer grande obra. Esse grito foi dado por uma cantora e musicista ruiva, que depois de anos em silêncio, precisava exprimir toda a revolta diante da opressão sofrida por ela, como uma mulher. E assim, esse pequeno livro de grandes crônicas narrou sobre insatisfação sexual, mutilação religiosa, rompimentos, relações familiares e um dos maiores extremos do desespero e desorientação emocional: o abuso sexual.
Tori Amos ganhou então fama com seu Little Earthquakes. Não só por até hoje ser seu álbum mais vendido e mais relevante, na opinião de praticamente toda a crítica musical, mas também por ser brutalmente sincero, o que estranhamente funcionou com seu timbre de sereia e suas ricas e viçosas composições ao piano. De fato, com este disco, Tori estabeleceu praticamente todas suas grandes marcas, e transcendeu o limite do que se conhece como música popular, uma vez que desde sua origem havia influências clássicas e para além disso, aqui e ali.
Tori Amos finalmente havia mostrado a que veio, fazendo jus a todo seu talento e carisma como performer, dando aos ouvintes a chance de permitirem a si próprios sentir tudo o que viessem a sentir. Fosse a derrota ou a vitória. Fossem os céus ou a escória... Tudo o que lhe marcassem em suas memórias, que aflorasse à cada nota, cada acorde, cada suspiro e grito explosivo, uma supernova. Não à toa, ela definiu felicidade assim: "I think that happiness is when you can let yourself feel every emotion you want at any time instead of being a lying little fuck."
Dessa maneira, essa pianista ruiva levou adiante uma carreira lindíssima, cheia de pungência, complexidade e riqueza, em forma e conteúdo. Fazer uma retrospectiva dos últimos 20 anos só mostra como ter um início tão magnífico quanto o Little Earthquakes lhe parece natural... Uma força inata, natural. Então só nos resta comemorar, e escutar. O silêncio é só impressão... VAMOS ESCUTAR!
PARABÉNS, LITTLE EARTHQUAKES!
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