domingo, 24 de novembro de 2013

O Press Release de "Unrepentant Geraldines"!

O tumblr EarWithFeet divulgou o press release do disco novo de Tori! A seguir, a tradução (leia o original clicando AQUI):

"'Unrepentant Geraldines' é um retorno à identidade e essência de Tori Amos, como criadora de canções contemporâneas de beleza requintada, na sequência de uma série de projetos musicais inovadores e de inspiração clássica, nos últimos quatro anos. Abastecido por esta amostra de projetos únicos e (novas) experiências, 'Unrepentant Geraldines' é tanto um passo adiante na evolução artística de uma das mais bem sucedidas e influentes artistas de sua geração, como um retorno à música pessoal e inspiradora pela qual Amos é reconhecida no mundo inteiro."

PS: Dica de Samanta Alcardo. Obrigado!

"Unrepentant Geraldines": o novo disco de Tori Amos!


Eu sei que soa repetitivo, mas com Tori Amos é sempre assim: tudo acontece de uma vez só! Durante o dia de hoje, vários foram os boatos envolvendo os próximos lançamento e excursão de Amos, e agora há pouco tudo foi confirmado pela própria cantora, ao atualizar seu site oficial e perfil no facebook!

O disco novo de nossa pianista deve se chamar "Unrepentant Geraldines" ("Geraldinas Impenitentes", tradução livre) e será lançado na primavera do hemisfério norte (entre abril e junho/2014). A julgar pelas datas dos shows, que normalmente começam só depois do lançamento do disco, ele deve sair entre final de abril/início de maio; tais datas foram listadas na seção Tour do site, todas por enquanto no continente europeu, e alguns dos shows já terão ingressos à venda AMANHÃ, com outros entrando em pré-venda ainda essa semana. Finalmente, a tour levará o nome do disco.

À medida que mais informações surgirem, serão divulgadas em nosso facebook e no blog; portanto, fiquem ligados.

May 7
Dublin, Ireland
Olymbia

May 10
Glasgow, UK
O2 Academy

May 11
Manchester, UK
Apollo

May 12
Birmingham, UK
Symphony Hall

May 14
Nottingham, UK
Royal Concert Hall

May 15
London, UK
Royal Albert Hall

May 17
Paris, France
Le Grand Rex

May 19
Frankfurt, Germany
Jahrhunderthalle

May 20
Berlin, Germany
Tempodrom

May 22
Oslo, Norway
Scentrum Scene

May 24
Copenhagen, Denmark
DR Koncertsalen

May 25
Hamburg, Germany
Laieszhalle

May 28
Brussels, Belgium
Cirque Royal

May 29
Amsterdam, Holland
Het-Concertgebouw

May 31
Zurich, Switzerland
Volkshaus

June 2
Rome, Italy
Auditorium Parco della Musicai

June 3
Milan, Italy
Teatro Nazionale

June 4
Padova, Italy
Geox

June 6
Vienna, Austria
Konzerthaus

June 7
Linz, Austria
Brucknerhaus (Opera House)

June 9
Stuttgart, Germany
Hegel Saal

June 10
Munich, Germany
Philharmonie

June 11
Prague, Czech Republic
Forum Praha

June 12
Warsaw, Poland
Sala Kongresowa

June 14
St. Petersburg, Russia
Music Hall

June 15
Moscow, Russia
Crocus Hall

June 17
Kiev, Ukraine
Oktiabrskiy

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

"The Light Princess" na premiação Evening Standard!


O Evening Standard Awards é um prêmio britânico que já existe há quase 60 anos, voltado para consagrar o que houve de melhor durante o ano nos teatros londrinos. The Light Princess concorreu em duas categorias, Melhor Performance em Musical (para Rosalie Craig, como "Althea") e Melhor Musical, saindo vencedor na primeira delas. A atriz recebeu o prêmio e comemorou junto a Amos e Samuel Adamson, dramaturgo da peça, como se pode ver nas fotos a seguir. Todas foram retiradas do facebook do Undented.

ps: um detalhe curioso veiculado após as imagens de Tori serem apresentadas é que seus óculos são da marca Miu Miu!

sábado, 28 de setembro de 2013

Overview das resenhas para a preview de "The Light Princess"


“The Light Princess”, o primeiro musical de Tori, em parceria com o dramaturgo Samuel Adamson, finalmente teve sua estreia. Na verdade, o espetáculo já vem sendo apresentado numa espécie de fase-teste, para definir os ajustes finais, com datas que irão até 08 de outubro. Dia 09 será dedicado à imprensa especializada, e a partir de 10/10 finalmente a peça será lançada para o público em geral. Como pelo menos quatro blogs já trataram do que viram no palco, vamos fazer aqui um apanhado geral com as informações mais relevantes até agora veiculadas.

Ao que parece, o musical perde um pouco da pretensa infantilidade de contos-de-fada, para assumir uma atmosfera um pouco mais terrígena e em parte obscura, semelhante às folk tales dos Irmãos Grimm. No entanto, engana-se quem pensa que a história não tenha ressonância sobre o público mais jovem, uma vez que seus dois personagens principais, a princesa Althea (Rosalie Craig) e o príncipe Digby (Nick Hendrix), são adolescentes lidando com um pesar vindo desde sua mais tenra infância: a perda de suas mães.

Em termos de narrativa, a ação se passa em dois reinos inimigos, Lagobel e Sealand, e seu primeiro enfoque está na forma como ambos herdeiros lidaram com a morte materna. Enquanto Althea se sublimou em seu sofrimento, não conseguindo chorar e se tornando leve a ponto de flutuar, Digby tornou-se duro e pesado como uma rocha, não podendo esboçar sequer um sorriso. A tirania e despreparo de seus pais fazem com que não consigam apaziguar a dor de seus filhos, de modo que o pai de Althea, interpretado por Clive Rowe, prefere deixar a filha trancada ao invés de encarar sua condição. As coisas passam a mudar quando princesa e príncipe se encontram numa área natural e intocada, localizada entre os dois reinos: eles se apaixonam, e ao que parece, terão de enfrentar o mau julgamento de seus pais monarcas e do povo.

Mesmo que sua história denote um sabor tradicional, “The Light Princess” torna-se moderna por tratar das agruras da adolescência, advindas não só da perda de entes queridos, mas da pressão sofrida para crescer e assumir responsabilidades perante o futuro, além de tópicos feministas (bem típicos de Amos). A leveza de Althea pode suscitar, inclusive, uma expressão de anorexia, algo que sem dúvida tem ressonância sobre a juventude. A atriz que a interpreta deu uma ótima entrevista sobre o espetáculo (leia aqui), na qual conta mais detalhes sobre essas correlações.

Em termos de ambientação, os mais diversos recursos foram utilizados. Além das marionetes representando os animais amigos dos herdeiros, o grande destaque cenográfico recai sobre o flutuar de Althea, feito em alguns momentos com o auxílio de fios metálicos, e em outros pelo amparo do elenco de apoio. Rosalie Craig afirmou que os recursos são uma novidade, e que a personagem a obrigou a cantar em posições pouco convencionais. A voz da atriz, inclusive, foi bastante elogiada por sua pureza e sensualidade, sobrando espaço para louros também a Clive Rowe (pai da princesa), a quem se diz ser atribuído um momento show-stopper, cheio de força e dramaticidade. Assim com os outros atores, Nick Hendrix é ovacionado por seu canto, cheio de doçura e romantismo. O blog Boycotting Trends faz até uma comparação divertida entre a voz do ator e seus atributos físicos, ao dizer que ele é “as sweet of voice as he’s buff of bicep”.

Musicalmente falando, Tori procurou não se repetir, mesmo trazendo muito de sua personalidade nas melodias e nos versos das canções. Um dos blogs disse ter ouvido um pouco de “Winter’s Carol” em certo momento do espetáculo, lembrando que, mesmo lançada no Midwinter Graces, está é uma canção originária da peça. Definindo as composições como robustas, rapsódicas e lúdicas, o blog Boycotting Trends aponta que o material composto por Amos e Adamson conversa com o Night of Hunters, mantendo no entanto sua própria identidade. Por fim, fala-se ainda que a versatilidade de Tori se mostra durante toda a peça, havendo espaço para um pouco de soul, música gospel e até pop/rock, tudo com uma organicidade que dá integridade ao material.

Por fim, todas as resenhas recomendam a ida ao Lyttelton Theatre, não só aos fãs, mas a um público interessado em ver inventividade no mundo dos musicais. A quem interessar, as datas do espetáculo estão AQUI.

Os blogs consultados para esse texto foram: Boycotting Trends, There Ought To be Clowns, Monkey Matters e The Play's The Thing.

ps: após a primeira noite de espetáculo, Tori fez algo raríssimo: usou o twitter, dessa vez para agradecer a todos envolvidos nessa primeira apresentação.

domingo, 15 de setembro de 2013

[Tradução] Entrevista para o site do Jornal The Guardian


Saiu hoje no site do The Guardian uma entrevista de Tori, na qual ela fala sobre o musical The Light Princess e, principalmente, alguns aspectos de sua vida pessoal. Dentre eles, sua relação com Tash e seus pais, seu passado em terapia e até a motivação por trás da fatídica foto em que amamenta um porquinho, no encarte do Boys For Pele. Por fim, ela ainda confirma um novo disco para o ano que vem, acompanhado de turnê!
Para ler a original, clique AQUI. A tradução segue logo abaixo.

TORI AMOS: "É MUITO MAIS FÁCIL FALAR SOBRE QUALQUER ASSUNTO NUMA MÚSICA DO QUE NUMA CONVERSA"

A cantora e compositora norteamericana fala sobre lidar com o sofrimento, criar uma filha e escrever seu primeiro musical para o National Theatre.

Você compôs para um novo musical, The Light Princess, no National Theatre. Era para a peça ter sido lançada em 2011. Foi um processo agitado?

Foi ótimo, está de brincadeira? A princesa flutua por todo o palco: isso levou tempo para funcionar. Nick Hytner (diretor do National Theatre) me disse: “Um bom musical é a coisa mais difícil de se preparar para um palco.” Nick nos aconselhou a escrever algo poderoso, que não se tornasse banal ou para um público generalista, dos 5 aos 95 anos.

De onde surgiu a trama? (Envolve um príncipe e uma princesa de reinos inimigos, abatidos pelo sofrimento, que se apaixonam)

Creio que todo mundo compreenda o sofrimento, a jornada que isso nos leva a tomar, seja sobre a morte de um ente querido, o fim de um relacionamento, uma decepção. Algumas pessoas não lidam com isso, o poder que o sofrimento tem. Já outras sim. Algumas sentem o peso dele e acaba o deixando ditar suas próprias decisões. Tive de me abrir ao sofrimento em diferentes contextos.

Você cresceu em Maryland, onde seu pai era um pastor: soa muito religioso.

Havia uma certa maneira de se comportar nos anos 60, sendo parte da família de um pastor. Tive uma criação muito rigorosa com meu pai e era muito próxima à minha mãe, a qual sempre foi extremamente amável. Sou abençoada por ainda ter meus dois pais em minha vida.

Seus 13 álbuns venderam 12 milhões de cópias e você é uma musicista indicada oito vezes ao Grammy. Música sempre foi sua paixão?

Eu frequentei o Conservatório Peabody como estudante de música clássica quando tinha cinco anos, mas mais tarde entrei em conflito com a filosofia conservadora de lá. Meu pai então disse que se eu quisesse uma carreira na música contemporânea, deveria treinar. Um dia, aos 13 anos, ele disse para me vestir como se fosse mais velha, então vesti calças e saltos e fomos os dois bater na porta de bares em Georgetown, Washington. Mr Henry’s, um bar gay, me deu a primeira oportunidade. Meu pai recebeu críticas de alguns paroquianos, mas disse a eles: “Não consigo imaginar um lugar mais seguro para minha filha de 13 anos do que um bar gay.”

Você já cantou sobre ser estuprada, sobre casamento e maternidade. Por que tão confessional?

Porque era como me sentia naquele momento. Foi verdadeiro e cru. Para mim, é muito mais fácil falar sobre todo e qualquer assunto numa música do que numa conversa. Nunca fui diagnosticada com depressão, mas já passei por fases muito difíceis. Fiz anos de terapia, graças a Deus! Foi absolutamente vital. Precisava e fui beneficiada com isso. Percebi que o acompanhamento não era mais necessário em 2005, daí parei.

Por que você foi fotografada dando de mamar a um leitão em seu álbum, Boys For Pele?

A mensagem era que deveria ser sempre aceitável dar amor a todas as coisas. Muita da minha criação foi galgada na hipocrisia e julgamento da igreja Cristã. “Ame seu semelhante”, compaixão - tudo do que Jesus havia falado não me parecia presente. Aquela foto não tinha teor sexual, tratava-se de uma afirmação do que deveria ser o Cristianismo: que tudo o que normalmente é julgado deveria ser acolhido.

Você casou com o engenheiro de som inglês Mark Hawley, em 1998, e tem uma filha de 13 anos, Natashya (Tash). A maternidade lhe mudou?

É a experiência mais desafiadora que já tive na vida. Não sinto que fui uma mãe tão boa quanto foi a minha. Ela ficava em casa, eu trabalho em horário integral, mas Tash diz: “se você estivesse por perto o tempo todo seria irritante”. Quero que ela sinta em mim o amor incondicional que eu senti em minha mãe. Eu queria até mais filhos, mas como abortei algumas vezes antes de Tash, depois de tê-la decidimos parar por aí.

O que ela quer fazer?

Ela está na escola de teatro Sylvia Young. Não sei o que ela fará. Ela podia se tornar primeira ministra ou presidente, por conta do status de seu passaporte. Nossa dinâmica não é tradicional. Desde seu primeiro ano de vida, ela estava em turnê comigo, e tem muito amigos adultos; saía com a equipe, o que acabou por se tornar uma educação. Ela começou a aterrissar aos 11, quando me disse: “estive viajando pelo mundo e estou tentando entender o que devo fazer para me tornar independente”.

Você tem casas na Irlanda, Flórida e Cornualha...

A casa da Cornualha é do Mark. Ali é o lar da alma dele, onde teve várias memórias de seu pai, que faleceu há muitos anos atrás. Eu tenho um lugar na Flórida. Sou muito reclusa, assim como ele. Sou casada com Greta Garbo. Trabalhamos juntos desde 1994, e até hoje continuamos assim. Ele e Tash fazem brincadeira de tudo, são ultrajantes. Acabam sempre me fazendo rir.

O amor é importante?

O romance é importante para mim e manter um romance com seu marido dá um certo trabalho. A chave está em garantir que seu companheiro sinta sua falta. Isso significa que você precisa se retirar, também.

Como foi fazer 50 anos?

O elenco do musical cantou Parabéns. O relógio está andando para todos. Pode não parecer se você é 20 anos mais novo, ainda que conheça pessoas em seus 20 anos que sentem suas vidas voando. Minha própria mortalidade me é tangível. Aos 50, minhas preocupações são sobre a qualidade de meu trabalho, ser uma boa ouvinte para Tash, além de dar apoio às pessoas com quem trabalho.

Envelhecer para os homens é mais fácil?

Homens na música e no cinema chegam aos 50, ganham uma pança e uma aparência tão marcada quando a dos homens da Marlboro, e continuam atraindo mulheres mais novas. Mulheres ganham linhas em seus rostos e marcas também - a mulher Marlboro - o que é legal, mas não um afrodisíaco. Não falarei sobre a Miley Cyrus no VMA, mas direi que existem mulheres que se sexualizaram e fizeram disso arte; mesmo sendo criticadas, continuava sendo algo poderoso.

Mas se você se sexualiza e não faz disso arte, está apenas se sexualizando. Todos ficam envergonhados. Não é lá muito bom, sabe? Você está apenas cansando sua imagem.

Seu próximo disco será um retorno à música contemporânea?

Sim, e eu sairei em turnê no ano que vem. Confie em mim, quando você escreve um musical, além de criar uma filha de 13 anos, acaba tendo muita coisa sobre o que escrever. Eu amaria compor para um balé. Algumas de minhas composições musicais favoritas, especialmente “Romeu e Julieta” de Prokofiev, foram escritas para balé. Eu mesma não consigo dançar, mas tudo bem.

xxx

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

[Tradução] Matéria sobre The Light Princess para o site Standard UK

Saiu hoje uma matéria sobre o The Light Princess, musical de Tori com estreia para o final de setembro. Nela, vemos a cantora e compositora dando vários detalhes do processo criativo para a peça, além de falar sobre qual se tornou a motivação real para sua nova empreitada; tudo isso nos motivou a fazer a tradução. Para ler a versão original, em inglês, segue o LINK; já a versão em português, logo a seguir.

TORI AMOS FALA SOBRE SEU NOVO MUSICAL, THE LIGHT PRINCESS, ESTREANDO EM BREVE NO NATIONAL THEATRE

O musical de Tori Amos “The Light Princess” esteve em produção nos últimos cinco anos e agora está bem próximo de ser lançado no National Theatre. Espere por canções originais, fantoches mágicos e uma mulher flutuante, sobre o palco.


“Nick Hytner me disse, ‘Escrever um musical é um pesadelo glorioso’,” conta Tori Amos com franqueza. “Ele disse, ‘você terá a jornada de sua vida. Mas precisa estar disposta a desmontar toda a estrutura para rescrevê-la novamente’”.
Está claro que foi uma jornada. O musical de Amos, “The Light Princess”, seria inicialmente lançado em 2011, e só agora chega ao palco do National Theatre’s Lyttelton, no final de setembro. As apostas são as melhores: será dirigido por Marianne Elliott, responsável também por War Horse.
É, apesar do suporte estelar, um projeto bastante pessoa para Amos, 49 (sic), que escreveu a música e letras em parceria com o dramaturgo Samuel Adamson (Pillars of the Community, Breakfast at Tiffany’s). Não só The Light Princess tem a ocupado pelos últimos cinco anos, mas seu tópico principal — o despertar sexual feminino — é bem importante para ela. É por isso que Amos, nascida na Carolina do Norte e hoje dividida entre a Flórida, Irlanda e Cornualha, passou seu verão numa sala de ensaios em Southwark.
Livremente adaptado a partir do conto de fadas de George MacDonald, escrito no Século XIX, The Light Princess conta a história de Althea, uma princesa que vive sob uma maldição que a sublima em angústia, sendo assim obrigada a viver presa para não sair flutuando sem rumo. Só quando aprende a arte de chorar, torna-se mais assentada e pode assim se casa com o príncipe que por ela se apaixonou.
É um material rico psicologicamente para Amos, que já documentou o meio religioso em que foi criada, experiências sexuais, abortos e gravidez em canções que rompem tabus, como Cornflake Girl, Professional Widow e God. Tendo sobrevivido a um episódio de violência sexual aos 21 anos, ela co-fundou a Rede Nacional para o Estupro, Abuso e Incesto (RAINN), uma organização anti-agressão sexual com centros locais por todo os EUA.
Mesmo baseada nos elementos do conto de fadas de MacDonald, ela insiste, “nunca foi nosso desejo ambientar o musical antes dos direitos das mulheres terem surgido. Queríamos um prumo adolescente que tivesse ressonância em jovens do século XXI, bem como em seus pais”.
Amos mantém total sigilo sobre como Althea irá de fato flutuar no palco, mas, assim como em War House, a apresentação será composta também de animação, fantoches e efeitos aéreos. Haverá também uma orquestra ao vivo, mas a produção não será cheia de números showstopping. Canção, diálogo e movimento são integrados. “Sam e eu escolhemos por manter uma linearidade dramática também nas canções, fazendo com que não paremos a peça por conta de momentos muito emocionais.”
Amos vendeu mais de 12 milhões de álbuns e foi indicada ao Grammy oito vezes. Ela primeiro surgiu no cenário musical em 1992 com seu disco solo, Little Earthquakes, um set de canções baseadas no piano. Confirmou o status de uma das mais imaginativas artistas femininas do pop com seus lançamentos subsequentes, incluindo Under the Pink, Boys for Pele, e uma coleção de covers, Strange Little Girls. Mais recentemente gravou dois discos em parceria com o selo clássico Deutsche Grammophon; no entanto, ela nunca havia escrito um musical antes.
Inicialmente, Amos abordou os promoters da Broadway com o conceito de The Light Princess; não demorou para perceber que precisava de uma produtor criativo, “não somente um de olho nas cifras de dólar”. Ela foi então aconselhada a encontrar Hytner, o diretor artístico do National Theatre, “porque eles estavam procurando por músicos contemporâneos para colaborações”.
Ainda que ele tenha enumerado as dificuldades de escrever um grande musical (“existe um cemitério cheio deles”), Amos sabia ter encontrado o produtor certo. “Eu gosto de me arriscar”, diz ela com olhar vislumbrado.
O National organizou seu encontro com Adamson (que já havia adaptado o filme “Tudo Sobre Minha Mãe” para o Old Vic [teatro britânico]) e uma parceria criativa nasceu. Hoje ela o chama de seu “marido no papel”. Originalmente só ela escrevia as canções, mas agora eles as escrevem juntos. “Somos implacáveis um com o outro. Eu olharei para ele e direi, ‘se é melhor em diálogo, então assuma’.”
A relação foi testada quando Hytner adiou a estreia. “Foi a melhor decisão,” Amos diz hoje. “Nick disse a mim, ‘esse musical tem de ser melhor do que bom. Não estou dizendo para simplesmente empatetá-lo, ou universalizá-lo com o objetivo de fazermos mais dinheiro dele. Estou lhe recomendando o contrário. Vá mais fundo, seja corajosa. Você tem a chance de dizer coisas a adolescentes e adultos que ressoarão neles e nelas quando saírem do teatro, coisas sobre as quais poderiam estar discutindo naquela semana’.”
Ela e Adamson começaram a reescrever. Dois anos depois, ficou pronto. Elliott trouxe consigo uma super equipe, incluindo a designer Rae Smith (que ganhou o Evening Standard Best Design Award por War Horse), o supervisor musical Martin Lowe e o coreógrafo Steven Hoggett (Black Watch, Once).
É como uma masterclass em teatro todo dia, Amos fala com entusiasmo.
“Marianne está em sua melhor forma neste momento. É seu primeiro musical, e o rigor que ela traz para toda sua equipe criativa é algo que nunca vi igual em minha vida. Ela nos incentiva a criar em conjunto, e então quando trazemos o resultado supervisiona tudo”.
Amos deleita-se em ser tão presente. “Às vezes você precisa compor no momento, porque a equipe visual necessita de mais 20 compassos com a adição de uma nova cena. E eu não creio no uso de fillers. Design sônico é afrodisíaco quando você ganha o traquejo”.
O elenco de The Light Princess é uma combinação de performers de musicais (Clive Rowe, Hal Fowler) e atores de fora deste meio. A ruiva Rosalie Craig (que se assemelha à jovem Amos) fará Althea. “Ela tem treinado por 18 meses para encarnar o papel,” diz Amos. Nick Hendrix (que atuou pela última vez na peça The Winslow Boy) é o príncipe guerreiro Digby.
Amos, que chama suas canções de “garotas”, nunca compôs antes para vozes masculinas, e tem amado escrever para a extraordinária extensão vocal de Rowe (ele será o pai da light princess). “São quase três oitavas, o que é muito raros dos dois lados do Atlântico.”
Mesmo quando os atores fazem uma pausa para o almoço, ela volta ao salão de ensaios para que possa ouvi a equipe criativa. Ela e Craig brincam de que gostariam de permanecer lá em sacos de dormir. Muitas cantoras pop ficariam a ver navios num salão de ensaio do National Theatre, mas Amos credita sua tenacidade à insistência de seus pais em oferecer uma educação musical completa para a filha. Treinada em música clássica, ela participava do Peabody Conservatory of Music até os 11 anos.
“Minha mãe era a esposa de um pároco nos anos 60, antes do movimento feminista, então ela trouxe muitas de suas ideias para mim. Quando meu pai ia trabalhar, lá vinha ela com uma coleção de discos, tocando para mim de um tudo: desde Fats Waller e Billie Holiday até trilhas de musicais.”
Em 2011 ela gravou Night of Hunters, com tributos a Bach, Chopin e Schubert, seguido pelo álbum Gold Dust (2012), no qual a vimos retrabalhando antigas canções com a Metropole Orchestra.
As experiências a abriram para “um sem fim de música clássica sobre a qual ela não se debruçava há anos, ou nunca de fato tinha se aberto. Eu amo Schubert mas não tinha ouvido Winterreise antes. E tudo isso aconteceu durante o processo de rescrita de The Light Princess.”
Esta peça é sobre a angústia — Althea e seu príncipe perderam suas mães, e precisam ganhar independência de seus pais poderosos. Isso a fez questionar seu próprio papel como mãe. “Nós fazemos coisas para nosso filhos; nem sempre as manejamos bem.”
Ela e seu marido, o engenheiro de som inglês Mark Hawley, tem uma filha (“13 com jeito de 32”) e sua irmã tem cinco. Então The Light Princess absorveu bastante dessa adolescência mais crua.
Por várias razões, Amos não inveja a infância moderna. “Pensamos ser mais fácil por causa da maior exposição e das redes sociais; mas você pode se tornar globalmente envergonhado, não somente em sua escola.”
Após o musical, ela começa a gravar um novo álbum pela Universal. “Mas trabalhar com o National Theatre me mudou para sempre. Quando voltar a meu próprio mundo, levarei comigo muito do que aprendi.”

XXX

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Gold Dust, por Lucas Tolotti

Dando continuidade às comemorações dos 50 anos de Tori, estamos publicando agora um conto escrito por Lucas Tolotti, toriphile que já havia colaborado conosco ao escrever um belo texto para o The Beekeeper. Dessa vez, fui pedido para ler seu conto, e por haver nele diversas referências a canções de Amos, achei uma boa ideia sugerir que fosse publicado aqui. Sem mais delongas, leiam a seguir sua intensa e melancólica narrativa.

Gold Dust

Ela desceu na estação errada. E sabia disso. Mas não tinha para onde ir. Não mais. Na saída para a rua, ao subir as escadas, viu um homem tocando violino. Aquela melodia não era estranha. Alguma sinfonia? Não, não soava clássica. Música de raiz? Talvez. Porém nem o som nem o instrumentista davam dicas de que lugar do mundo saíram essas notas.

Observando cada som meu.

O violinista era jovem, deveria ter trinta anos no máximo. Porém sua barba castanha aumentava a aparência madura e adulta, e os pés no chinelo de dedo, calejados e com unhas maltratadas, denunciavam uma vida não muito fácil. Pegou dinheiro da sua bolsa a tiracolo e gentilmente colocou a nota no chapéu de veludo invertido no chão, que funcionava como uma bolsa coletora.

Tenho que dizer alguma coisa, mas nada vem.

Finalmente subiu as escadas e foi abraçada por um dia quente. O céu azul deixava tudo mais difícil. Por que não poderia estar chovendo e nublado? Por que esse sol desdenhando de todas as emoções? Começou a ficar com dor de cabeça. Maldito tempo quente.

É minha nova aparência nesta estação.

Ao andar pelas ruas, atravessando sinaleiros e dobrando esquinas a esmo, ela foi se sentindo fraca. Não era uma fraqueza física. Já andara muito mais em outros dias, outros momentos. Com ele então, era capaz de andar por um dia inteiro, sem cessar. Mas ele não existia mais.

Você deve escolher um lado. Escolherá o medo ou o amor?

Quando estavam juntos, era como se tudo fizesse sentido e só aquilo seria o bastante para uma vida inteira. Distantes, ela se sentia angustiada. Não que ele parecesse se importar. Mas talvez o problema estivesse com ela. Não era sempre assim, afinal? Por que alguém sempre tem que perder?

Você só é popular com anorexia.

Ao sentir cair uma lágrima em sua mão, quase que instintivamente a limpou. Isso tudo não merecia mais uma lágrima. Não depois dos mil oceanos chorados. Ao olhar seu reflexo em um vidro de um carro estacionado junto ao meio-fio, sentiu repulsa pela sua própria imagem. Estava gorda. Cada vez mais magra.

Círculos e círculos, e círculos de novo.

Passando por uma ponte, viu dois lados da cidade. E ouviu os gritos do outro lado da montanha. Gritos que vinham de dentro dela. Gritos de reconhecimento, de autoconhecimento. E também de frustração. Lembrou-se do lado dele que ela não queria ver. Ao menos ter um lado ruim significava possuir um bom. Não era o caso dela.

Você pode ser um companheiro cruel.

Sentou num banco de uma praça, que só não estava deserta pela presença dela (afinal, ela era alguém na praça, não? Era ela alguém?) e de um mendigo (mais alguém que ela? Menos alguém que alguém?). Fixou seu olhar nele. E nas milhares de pombas ao redor. Tinha horror a pombas. Só estavam no mundo para serem transmissoras de toxoplasmose. Mas agora, que diferença fazia? Queria ter toxoplasmose, ao invés de tudo o que tinha. Sangue doente, corpo doente, alma doente.

Eles podem ver.

No banco, deitada embaixo de uma árvore, pensou em sair de lá apenas quando o sol, imprestável sol, desaparecesse. Fechou os olhos. Deixou a bolsa no chão. Pouco importava se a roubassem. Coisas materiais não tinham serventia. Seria pior se roubassem sua essência, seu futuro, sua vida. E isso já havia sido feito.

Garota, foi legal. Mas eu preciso navegar.

Ao acordar, com o sol se pondo, olhou para o chão e surpreendentemente sua bolsa estava lá. Ao abrir, reparou porém que só havia seu absorvente e um gloss. Suas sandálias também haviam sumido. E nenhum sinal de um paraquedas.

Essas coisas preciosas. Deixe-as sangrarem. Deixe-as lavarem.

Andando novamente sem rumo, deparou-se com outra estação de trem. Mais duas e estava em casa. Casa? Lar? Seu pai havia abandonado ela e sua mãe três anos atrás. Aparentemente, cocaína para se manter acordado nas longas noites de trabalho não foi uma boa ideia. Desde então sua mãe trouxe um sem-número de homens para casa. A maioria parecia preferir a filha, porém. E sua grande capacidade de manter a boca fechada. Ou aberta.

Parabéns, seu sangue em minhas mãos.

Em uma noite, ao fugir de sua casa, encontrou ele. Ele ofereceu ajuda. Admirou-se com sua bravura. Ela nunca achara alguém compreensivo assim. Nunca achara alguém. Era o começo de uma vida nova. Era o começo de sua morte. Engraçadas as coisas que você acha na chuva.

Nós trazemos ouro e mirra para ele.

Ela não se moveu desde que recebera a ligação. Ele estava morrendo. Morrendo e mentiu para ela esse tempo todo. Fora usada. Isso era crime. Mas o que fazer agora? Ele não deveria durar mais dois dias. Meses depois, a confirmação. Ele tinha deixado sua marca. E ela acertou. Ele não durou dois dias.

As coisas vão mudar muito rápido.

Sol escaldante durante o dia, frio cortante à noite. Algo a mais para cortá-la. Estava cansada das ruas, das avenidas, das luzes amarelas e vermelhas dos carros. Cansada dos barulhos, principalmente daqueles que vinham de dentro da sua cabeça, que corriam e a seguiam.

Eu estive aqui.

Seus pés estavam posicionados. De frente ou de costas? Como se despedir? Voltara à ponte. Ponte das cidades, das montanhas, do seu interior. Em algum lugar, alguém ri. Alguém chora. Alguém recebe uma notícia boa. Outros, menos afortunados, uma notícia ruim. E ela?
Ela pula.



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Os 5 melhores discos de Tori Amos

Não é lá muito comum na música vermos artistas permanecerem na ativa depois de décadas de carreira, sendo esse um feito ainda mais impressionante se falamos sobre mulheres. Elas ainda tem menos chance de longevidade em suas carreiras musicais, fato comercialmente comprovado se observarmos a lista das 10 turnês musicais mais lucrativas da história. Formada somente por artistas veteranos, apenas uma mulher a integra; no caso, Madonna.
Se para ela, que sempre teve um olho voltado para a cultura de massas, é até hoje complicado manter sua carreira de vento em popa, imagine para uma cantora e compositora de tom mais alternativo, e que teve raros momentos de concordância entre sua proposta artística e o tipo de visão que as gravadoras tinham dela. Multiplique a dificuldade lembrando que essa mesma compositora nunca foi reticente em tratar de temas espinhosos, como violência sexual, fanatismo religioso e morte (seja de pessoas, seja de sentimentos), num tom que ia da melancolia à histeria. Por fim, pense nela como uma visão ruiva e excêntrica, meio maníaca, meio divertida, e feche a fórmula pondo esta visão para “cavalgar” o banco de seu fiel piano enquanto se apresenta. Dá para imaginar que num mundo cada vez mais padronizado e repetitivo ela conseguiria manter uma carreira de mais de 20 anos, completando 50 primaveras em plena atividade e longe, muito longe de se aposentar? Pois bem, essa é Tori Amos, a aniversariante do dia.
Tori tem em seu currículo 13 álbuns de estúdio lançados ao decorrer das duas últimas décadas, e mesmo se mantendo fiel ao seu piano como instrumento principal dos discos, soube explorar em sua prolífica carreira vários estilos musicais e instrumentos secundários (Fender Rhodes, órgãos e sintetizadores), fazendo de seu catálogo um dos mais inovadores e ricos no universo das ditas “cantoras confessionais”, “nascidas” em sua maioria nos anos 90. Para comemorar sua nova idade, relembrar algumas de suas pérolas e apresentar um pouco desse vasto catálogo a pessoas que não a conheçam tanto, o ToriBr listará um Top 5 dos melhores discos da artista. Tentou-se ao máximo manter as decisões imparciais na hora de listar os álbuns, o que nos fez deixar de fora alguns dos discos mais queridos pelos toriphiles. No entanto, será um prazer ouvir sua opinião sobre essa lista, seja nos comentários do blog, seja no Facebook, lembrando sempre que sua formulação tem por objetivo maior celebrar! Celebrar e recapitular um pouco das muitas histórias cantadas por Amos, desde sua mais tenra idade.

Parabéns Tori, por ser tão espetacular e diferente de tudo o que costumamos ver e ouvir por aí. Você é extraordinária, simples assim.

Agora, o Top 5.

5º - NIGHT OF HUNTERS (2011)



Night of Hunters surpreendeu a todos por seu anúncio repentino e proposta curiosa, bastante distinta de trabalhos anteriores de Amos. O conceito, ambicioso e arriscado, baseava-se num ciclo de canção (song cycle) formado por variações inspiradas em temas de música clássica, narrando o drama de um casal que ia da separação à reconciliação no curso de uma noite. Muitas possibilidades foram cogitadas, dentre elas de ser um álbum instrumental, até que finalmente em meados de setembro fomos apresentados ao resultado final. Com o suporte de um octeto clássico, Amos compôs 14 canções a partir de peças de Chopin, Mendelssohn e Debussy, entre outros eruditos, com a cantora interpretando uma mulher que, após grave discussão com seu marido, é tomada pelo desespero e foge de casa. Ela então se depara com uma personagem mítica, Anabelle (interpretada por Tash Hawley, sua filha), que a ajuda a resgatar fragmentos de um passado distante; através deles, a personagem pôde recobrar também o sentimento de compaixão por si própria e, em última instância, por seu marido, permitindo a ela cantar que “you will not ever be forgotten by me, in the precession of the Mighty Stars” para ele.
Dotado de composições complexas e pungentes, evoluindo graciosamente do anoitecer ao amanhecer, Tori demonstrou através do Night of Hunters que nunca é tarde para se aventurar em universos novos, como em parte era o da música clássica para ela. Mesmo “tomando emprestado” motivos melódicos para criar suas próprias canções, a adaptação permitiu à cantora imprimir sua identidade no material, fazendo deste sem dúvida um disco de Tori Amos. Além de sua primeira turnê acompanhada de músicos do mundo erudito, o quarteto de cordas Apollon Muságete, NoH rendeu à artista um prêmio Echo de música clássica, na Alemanha.

Ouça: Shattering Sea; Star Whisperer; Carry

4º - SCARLET’S WALK (2002)



Com a virada do milênio, praticamente todos os discos de Tori trariam um forte conceito para embasá-los. E mesmo já havendo um trabalho conceitual em Strange Little Girls (2001), foi só com seu sucessor, Scarlet’s Walk, que Amos nos entregaria uma concepção riquíssima e bem acabada, na forma de um romance sônico sobre uma heroína às avessas, entregue a uma road trip pelos EUA. Se num primeiro momento Scarlet queria somente acompanhar alguns amigos e affairs até onde eles a levassem, as pessoas e fatos que cruzam seu caminho acabam a obrigando a amadurecer. É assim que a vemos tornar-se uma mulher mais consciente das tragédias e responsabilidades que a circundam, fazendo de sua viagem uma busca pela identidade roubada dela e da terra, por invasores que dominaram seu espírito e os de seus ancestrais. Amos cria um grande mapa de seu país através das figuras que descreve e dos eventos que retrata; um dos mais fortes é o atentado de 11 de setembro, ambientado pela etérea e contundente I Can’t See New York.
Scarlet’s Walk não merece estar nesta lista somente por ser um disco bastante fiel a seu conceito; bem dizer, suas músicas revelam uma faceta mais centrada e “terrígena” de Tori, advinda de sua experiência materna, e são imbuídas de um fogo que flameja calmo, constante, porém dono de uma força tremenda. É nesse espírito mais compassivo que a vemos criar algumas de suas melhores melodias, apresentadas dessa vez não só em seu piano, mas também em instrumentos mais suaves, o Rhodes e o Wurlitzer. Por fim, os arranjos orquestrais de John Phillip Shenale, também envolvido no NoH, pontuam a elegância e imponência de algumas das canções, fazendo do passeio de Scarlet uma das maiores aquisições de Amos como artista.

Ouça: A Sorta Fairytale; I Can’t See New York; Gold Dust

3º - FROM THE CHOIRGIRL HOTEL (1998)



Tori é e sempre será conhecida por ir a fundo em suas feridas emocionais, e isso se deve parcialmente às canções do aquático e soturno From The Choirgirl Hotel. Nascido do sofrimento da cantora pela perda de seu primeiro filho, por um aborto espontâneo (o primeiro de três), é uma coleção de músicas lúgubres e intensas, representando as filhas que deram consolo à Amos enquanto lidava com a sensação de infertilidade, pelos incidentes passados. Musicalmente, trouxe como grande novidade a formação de uma banda completa, o que levou alguns fãs a rechaçá-la por preferirem o formato mais melódico, baseado no piano, dos discos anteriores. A mudança no entanto fortaleceu suas composições, justo por acrescentar novas nuances à visceralidade e crueza do material. Além da banda, a pianista também investiu no uso de pianos eletrônicos e na influência do jazz, em especial para as canções Liquid Diamonds e Pandora’s Aquarium.
Choirgirl é um disco despojado de vaidades, e exatamente nisso que reside sua virtude e genialidade. Ouvimos Tori entregue a seus piores medos e mazelas, como num pesadelo escuro e sufocante, no qual os gritos são diluídos e os movimentos dificultados pela densidade da água. Mesmo com letras por vezes herméticas, os sentimentos expressos não encontram dificuldade em se fazer sentidos, e assim nos deparamos com nossas próprias decepções e medos ressoados nos sussurros, berros e sons abafados que perfazem toda a obra. Como a própria Amos disse, se ela não conseguia criar biologicamente, que fizesse isso da forma como sempre fez, musicalmente. É nesse escambo de almas que reside a estranha beleza do hotel das coristas.

Ouça: Spark; Liquid Diamonds; Playboy Mommy

2º - BOYS FOR PELE (1996)



Se no Scarlet’s Walk a chama que perpassa o disco é suave, isso é algo que não se deve esperar do Boys For Pele. Dedicado à deusa havaiana de mesmo nome, pela qual garotos eram jogados em vulcões na tentativa de apaziguar sua fúria, é um álbum que externa o lado mais obscuro e devorador de Amos, normalmente metaforizado por divindades femininas em suas faces mais “escusas”, menos compreendidas. É um mergulho na raiva e ressentimento sentidos pela cantora, após o término de um relacionamento de sete anos com o homem que ela julgava ser sua alma gêmea. Nesse mergulho, vemos “Pele” evoluir de um início explosivo e inquietante (Blood Roses, Caught a Lite Sneeze) para um final mais singelo e assentado (Putting The Damage On, Twinkle), passando no meio do caminho pelo fundo do poço (Hey Jupiter e Way Down). Há espaço também para destrinchar alguns estigmas de religiões organizadas, especialmente no que diz respeito à herança machista do patriarcado.
Em termos musicais, o disco é sem sombra de dúvida o mais experimental de Amos. A pianista está em sua melhor forma como multi-instrumentista, trazendo e ressignificando diferentes instrumentos de teclas para suas músicas. O cravo, de origem renascentista, é tocado com agilidade, criando assim uma espécie de “chama sonora” que em alguns momentos evoca fúria, e em outros sensualidade; o órgão harmonium, por sua vez, remete a um fogo esvaecendo com suas notas longas e morosas; por fim, o clavicórdio é usado de forma quase cínica, como de uma gargalhada irritante, em Little Amsterdam. Como se não bastasse todos esses novos elementos, algumas das canções ganharam orquestração, arranjos de big band e até mugidos de touro! Tudo isso coordenado pela própria Amos como produtora (pela primeira vez) de seu álbum.
Marcante é a palavra que melhor define “Boys For Pele”. Único em sua execução, representa o tipo de esforço que, creio eu, Tori não tem intenção de igualar; como dizem, um raio só cai uma vez no mesmo lugar... Sorte nossa dela ter captado o trovão antes dele silenciar.

Ouça: Blood Roses; Hey Jupiter (Dakota Version); Doughnut Song

1º - LITTLE EARTHQUAKES (1992)



Little Earthquakes pode não ser o álbum preferido da maioria dos fãs de Tori Amos. No entanto, sua importância, bravura e verve criativa tornam inevitável que seja este o seu melhor disco. Foi através dessa gravação que o mundo conheceu Tori, e através dela que a artista provou sumariamente sua habilidade como pianista, cantora e compositora. Como se não bastasse, o disco mantém o posto de maior vendagem de sua carreira, com cerca de 5,5 milhões de cópias comercializadas desde 1992.
O que torna o Little Earthquakes realmente especial é o fato de suas canções serem, ao mesmo tempo, únicas e universais. Tratando de temas como repressão religiosa, depressão, relações familiares, sexo e até violência sexual, o disco abrange uma variedade de tópicos que não se tornaram obsoletos, mesmo depois de duas décadas. Suas melodias viçosas e cativantes agregam um caráter ainda mais atemporal ao álbum, trazendo à tona velhas e novas emoções sempre que ouvido novamente. É difícil não se comover com os acordes de Winter, nem se projetar nas letras de Silent All These Years ou Precious Things. É impossível não se aterrorizar com o relato de Me And a Gun, ou soltar um riso meio amedrontado para as soturnas piadinhas de Happy Phantom. Quem nunca se sentiu nu ou nua na frente de alguém? Quem nunca esteve na pele daquela everybody else’s girl, querendo na verdade ser de si mesmo?
Pela diversidade de emoções conjuradas e por ser surpreendentemente “pop” que Little Earthquakes é o melhor disco de Tori Amos.

Uma obra prima.

Ouça: Silent All These Years; Winter; Precious Things

quinta-feira, 13 de junho de 2013

The Light Princess: novas informações!


O site do National Theatre divulgou há pouco todas as informações sobre a equipe profissional envolvida e a venda de ingressos para The Light Princess! A atriz principal da peça será Rosalie Craig (que estampa o poster oficial já divulgado AQUI), e o elenco completo é composto de 26 atores e atrizes (confira a lista completa). Os ingressos por sua vez variam entre 12 e 48 libras esterlinas, que em reais vai de R$ 40,00 a R$ 120,00, aproximadamente. As vendas começarão em 18 de junho para elenco de apoio, e passadas duas etapas de vendas para membros do National Theatre, será aberta ao público em geral em 1º de julho. Confira as datas neste LINK.

Além dessas informações, foi também divulgada uma sinopse do musical, traduzida logo abaixo:

"Era uma vez uma princesa e um príncipe de reinos inimigos que haviam perdido suas mães. Althea, incapaz de chorar, sublimou-se em sua angústia e passou a flutuar, o que a fez ser aprisionada. Digby, por sua vez, ficou com o coração tão pesado que nunca pôde sorrir, sendo assim treinado como um guerreiro.

Um dia, ele declarou guerra. Althea é forçada a sair de seu esconderijo e a novamente pisar no chão; entretanto, numa afronta a seu pai, foge e acaba por encontrar o solene príncipe em terra contestada. Ao lado de um lago, os herdeiros em guerra apaixonam-se e dão início a um namoro proibido. Mas para que Althea encontre o amor verdadeiro, ela terá de primeiro confrontar a escuridão do mundo e se deparar com seus medos mais profundos.

"The Light Princess" une a icônica cantora e compositora Tori Amos ao dramaturgo Samuel Adamson e à diretora Marianne Elliott (Curious Incident), nesta espetacular história sobre amadurecer. Um conto-de-fadas sombrio sobre a tristeza, revolta e o poder do amor.

'Estou farta, Pai, Mantenha sua coroa,
Juro que jamais o magoarei!
Não sou uma rainha material (Queen Material)!' "


Por enquanto, são estas as novidades! Fiquem ligados no blog e em nosso facebook para mais informações!

Informações sobre "The Light Princess", musical escrito por Tori Amos!


E como tudo no mundo de Tori Amos, uma boa quantidade de novidades é veiculada de uma vez só! Além do belíssimo poster oficial de "The Light Princess", PerezHilton.com divulgou com exclusividade onde, quando e como serão as vendas de ingresso para o espetáculo.

A temporada do musical terá início em 09 de outubro no Lyttelton Theatre (braço do National Theatre de Londres), sinalizando o site do próprio NT para futura aquisição de ingressos.

Assim que saírem mais novidades, publicaremos aqui ou em nossa página do facebook.


(Poster retirado da página Tori Amos Argentina)

sábado, 18 de maio de 2013

Show do Infinity Hall (Out/2012) será transmitido em junho!



Como divulgação para o Gold Dust, Tori fez dois shows acompanhada de um octeto nos Estados Unidos. Um deles foi transmitido ao vivo pelo site NPR (relembre AQUI), e outro em Connecticut foi gravado, mas não havia recebido qualquer indicação oficial de quando seria apresentado ao público... Até hoje.

A série Infinity Hall Live começará sua segunda temporada em junho deste ano com o show de Tori, ainda que não em formato completo, já que as canções solo Purple People, Marianne, e 1000 Oceans foram cortadas da edição final. O setlist para a transmissão ficou assim:

Leather
Cloud on My Tongue
Snow Cherries from France
Smokey Joe
Taxi Ride
Ribbons Undone
Jackie’s Strength
Flavor
Hey Jupiter
Winter


Mais informações sobre como e quando será transmitido serão dadas em breve. Por enquanto, aqui o anúncio oficial da participação de T na série.

Fonte: Facebook do Toriphoria/Yessaid

ps: três canções deste show foram disponibilizadas previamente e em HD no youtube. Assista abaixo!







segunda-feira, 11 de março de 2013

Vídeos do show no Caprices Festival (10/03/13)



Através de alguns Toriphiles, coletei alguns vídeos da apresentação de ontem e estou unidas aqui! Agradecemos Samanta Alcardo, Mariela Simão e Fernando Ramirez pelos diferentes links!

BOUNCING OFF CLOUDS (trecho)



MOUNTAIN



PUTTING THE DAMAGE ON



THE POWER OF ORANGE KNICKERS (trecho)



TAKE TO THE SKY (com a ponte de DATURA)



domingo, 10 de março de 2013

Setlist do show no Caprices Festival (10/03/13)

Terminou agora há pouco a que parece ser a única apresentação que Tori fará em 2013, no Caprices Festival, Suiça. Até o momento, só temos uma foto amadora e os setlists do show e do soundcheck (imenso e relativamente mais interessante que o concerto em si):

Setlist do show

BOUNCING OFF CLOUDS
LITTLE EARTHQUAKES
CAUGHT A LITE SNEEZE
RUNNING UP THAT HILL/TUBULAR BELLS/GOD
CRUCIFY
PERSONAL JESUS/BODY AND SOUL
ROOSTERSPUR BRIDGE
TAKE TO THE SKY/DATURA
TWINKLE
CONCERTINA
THE POWER OF ORANGE KNICKERS
PUTTING THE DAMAGE ON
SECRET SPELL
BELLS FOR HER
SMELLS LIKE TEEN SPIRIT
PRECIOUS THINGS

Encore:
MOUNTAIN
LOVESONG
RUNNING TO STAND STILL

Setlist do Soundcheck

Barons of Suburbia
The Power of Orange Knickers
Famous Blue Raincoat
Putting The Damage On
Lovesong
A Sorta Fairytale
Curtain Call
Little Earthquakes
Smells Like Teen Spirit
Bells For Her
Secret Spell
Precious Things
Mountain
Caught a Lite Sneeze
Crucify
Bouncing off Clouds
Father's Son

Foto do instagram de Luis Cueto



As informações foram tweetadas por @luiscueto e repassadas a todos pelo @Undented. Créditos também a Pedro Nogueira por repassar tudo aos fãs no facebook ;)

PS: toriphiles, com esta postagem retomamos o blog em 2013! Temos alguns materiais novos para publicação em breve, então fiquem ligados e perdoem o sumiço heheheh