Nota: Inclusas aqui Flying Dutchman e Snow Cherries From France, não traduzidas anteriormente. Para ler a primeira parte, clique AQUI.
WINTER (originalmente no Little Earthquakes)
A neve pode esperar, esqueci minhas luvas
Limpo meu nariz, ponho minhas novas botas
Sinto meu coração um pouquinho aquecido quando penso no inverno
Ponho minha mão na luva de meu pai
Eu corro para onde os montes de neve ficam mais fundos
A Bela Adormecida tropeça em mim, com um olhar severo
Ouço uma voz “Você deve aprender a se levantar sozinha,
Pois nem sempre estarei por perto”
Ele diz: “Quando você se decidirá?
Quando você se amará tanto quanto eu lhe amo?
Quando você se decidirá?
Pois as coisas irão mudar tão rápido”
Todos os cavalos brancos continuam sobre a cama
Digo a você que quero sempre lhe ter por perto
Você diz: “as coisas mudam, minha querida”
Garotos são descobertos enquanto o inverno derrete
Flores competindo pelo sol
Os anos passam e eu ainda estou esperando
Murchando no lugar onde estava um boneco de neve
Espelho, espelho meu, aonde está o Palácio de Cristal?
Mas consigo apenas ver a mim mesma
Patinando em volta de quem sou eu de verdade...
Ainda que saiba, papai: o gelo está derretendo
Ele diz: “Quando você se decidirá?
Quando você se amará tanto quanto eu lhe amo?
Quando você se decidirá?
Pois as coisas irão mudar tão rápido”
Todos os cavalos brancos continuam sobre a cama
Digo a você que quero sempre lhe ter por perto
Você diz: “as coisas mudam, minha querida”
O cabelo está grisalho e o fogo queimando
Tantos sonhos sobre a prateleira
Você diz “eu quis que você tivesse orgulho de mim”
Eu mesma sempre quis isso
“Quando você se decidirá?
Quando você se amará tanto quanto eu lhe amo?
Quando você se decidirá?
Pois as coisas irão mudar tão rápido”
Todos os cavalos brancos seguiram adiante
Digo a você que quero sempre lhe ter por perto
Você diz que as coisas mudam, meu querido
Nunca mudam
Todos os cavalos brancos...
FLYING DUTCHMAN
Ei, criança, tenho uma carona para você
Eles dizem que no seu cérebro tem um livro de quadrinhos tatuado,
E que você não chegará a lugar algum
“O que você fará da sua vida?”
Oh, é a única coisa que ouve de meio-dia até a noite
Venha viajar numa nave espacial, baby,
Onde o mar é o céu
Conheço o cara que comanda as coisas aqui,
E ele está fora de vista!
Holandês Voador, você está por aí?
Holandês Voador, você está por aí?
Holandês Voador...
Engravatados - eles não entendem
Ela até tentou, aquela lá com as botas de crocodilo,
Mas o outro lado acabou a puxando...
Coração em queda livre quando ela se foi,
E até a Via Láctea vestiu-se de preto
Venha viajar numa nave espacial, baby
O mar é o céu
Conheço o cara que comanda as coisas aqui,
E ele está fora de vista!
Holandês Voador, você está por aí?
Holandês Voador, você está por aí?
Holandês Voador...
Pois eles não conseguem ver
O que você nasceu para ser
Eles não conseguem ver a mim...
Eles não podem ser
Algo em que não acreditam
Eles não veem aquilo que você vê
E deixam o garoto girando
Em volta do mundo pequeno deles!
“Amarrem-no para que não diga uma palavra!”
Deixam o garoto girando
Em volta do mundo pequeno deles,
Por morrerem de medo de que esse garoto se torne
O que eles nunca foram...
Venha viajar numa nave espacial, baby
O mar é o céu
Conheço o cara que comanda as coisas aqui,
E ele está fora de vista!
Holandês Voador, você está por aí?
Holandês Voador, você está por aí?
Holandês Voador...
Pois não conseguem ver
Pois não conseguem ver
Pois não conseguem ver!
Você ainda está por aí?
(Eles não viram mas estou voando agora,
Consigo ver e agora me perdi!)
Eles não conseguem ver, não conseguem ver!
Você sabe, sabe que está pulando de um lugar muito alto!
Não esconda sua cabeça, esconda sua cabeça...
Tantos fazem isso, você sabe como é,
Mas eles, eles não conseguem ver...
PROGRAMMABLE SODA (originalmente no American Doll Posse)
Pensa em mim como um refrigerante personalizável
Muito cereja?
Baby, então você pode pôr cola
Pensa em mim como um refrigerante personalizável
Porque você consegue ser um cara cruel...
OK, então eu evito a baunilha
Pensa em mim como um refrigerante personalizável
Porque sou predisposta,
Predisposta a aceitar que
Por mentiras de amor você é um fanático
Mas não posso deixar que isso me lance
Em um pânico genital!
Pensa em mim como um refrigerante personalizável
Muito cereja?
Baby, então você pode pôr cola
Pensa em mim como um refrigerante personalizável
Quando, garoto, você pensa
E quando bebe também
Quando você pensa em mim...
SNOW CHERRIES FROM FRANCE
Conheci um garoto que não dividiria sua bicicleta
Oh, mas ele me deixou navegar
Prometi ser capaz de sobreviver a qualquer tempestade
Oh, ele então deixou que fosse
“Você consegue lançar Foguetes daqui?”
Garoto, já fiz isso por anos
Logo acima da minha cabeça
E quando prometi minha mão,
Ele me prometeu de volta
Cerejas de Neve da França
Por todo aquele verão,
Viajamos o mundo
Sem ao menos deixar seu quintal
Garotas, eu não sabia
O que podia ser isso...
Oh, mas ele me deixou navegar
Você me questiona:
“Consegue conduzir qualquer coisa numa boa?”
Senhor, você se refere às suas mudanças de humor?
Invasores e mercadores
Com as melhores intenções
Podem convencê-lo a partir
“Parecem Piratas daqui”
Garoto, eu já fui uma por anos
Mantendo minha cabeça no lugar
E quando eu prometi minha mão,
Ele me prometeu de volta
Cerejas de Neve da França
Por todo aquele verão,
Viajamos o mundo
Sem ao menos deixar seu quintal
Garotas, eu não sabia
O que podia ser isso...
Oh, mas ele me permitiu navegar
E então, um dia, ele disse:
“Garota, foi bem legal,
Mas preciso sair navegando”
Com lábios de canela
Que nem se comparavam a seus olhos
Oh, ele então deixou que fosse...
MARIANNE
(originalmente no Boys For Pele)
Atum,
Borracha
Um pouco de gordura de baleia no meu iglu
E eu conhecia você,
Tranças e todo o resto...
Garotas quando caem
E eles disseram: “Marianne se matou"
E eu disse: “Sem chance”
Você não ama essas garotas, damas, bebês?
Velhas chatas que falam: “Como ela era bonita...
Por que, por que, por que, por que ela caiu
Nessa ravina velha e profunda?"
Vamos lá, tranças, garota e todos aqueles marinheiros
Peguem suas bolsas e se contenham!
Você não irão se conter?
Pois Ed está atento ao meu menor ruído,
Eu disse...
Eles estão atentos ao menor ruído que eu faça
A doninha guincha mais rápido que uma semana de sete dias
Eu disse, Timmy e esse Macaco roxo
Estão tristes
Na casa de Bobby,
Tornando-se importunos, medrosos e bufões
Meus traidores da classe...
E eu ando pensando,
Ando pensando em Marianne
Ei, ela podia ultrapassar até a mais rápida lesma!
Ela podia...
E eu ando pensando em Marianne,
A garota mais rápida numa frigideira...
Eu ando pensando em
Marianne
SILENT ALL THESE YEARS
(originalmente no Little Earthquakes)
Com licença, mas posso ser você por um instante?
Meu cão não morderá se você ficar bem quieto
Eu tenho o Anti-Cristo na cozinha, gritando mais uma vez para mim
Sim, eu posso ouvi-lo
Fui salva novamente pelo caminhão de lixo
Tenho algo a dizer, mas entende, nada sai
Sim, eu sei o que você pensa de mim: “você nunca se cala”
Sim, eu ouvi isso...
E se eu fosse uma sereia, usando o jeans dele
Com o nome dela ainda na calça?
Mas não me importo se às vezes
Digo, às vezes,
Eu ouço minha voz e percebo que ela esteve aqui...
Calada todos esses anos
Então você encontrou uma garota que tem pensamentos tão profundos...
O que há de tão fantástico em pensamentos tão profundos?
Garoto, é melhor você rezar para minha menstruação chegar logo...
Que tal este pensamento?
Meu grito se perde num copo de papel
Você acha que existe um paraíso para onde alguns gritos escaparam
Eu tenho 25 dólares e uma bolacha, será que paga a ida até lá?
E se eu fosse uma sereia, usando o jeans dele
Com o nome dela ainda na calça?
Mas não me importo se às vezes
Digo, às vezes,
Eu ouço minha voz e percebo que ela esteve aqui...
Calada todos esses anos
Anos voam
E eu continuarei esperando por alguém que entenda?
Anos voam
Se sou despida de minha beleza
E as nuvens laranjas continuam chovendo em minha cabeça...
Anos voam
Vou afogar em minhas lágrimas até não sobrar mais nada?
Mais uma baixa, você sabe
Somos tão fáceis, fáceis...
Fáceis...
OK, amei a forma como nos comunicamos
Seus olhos focados no divertido formato de meus lábios
Vamos ouvir agora o que você pensa de mim, mas, baby, não olhe para cima:
O céu está caindo
Sua mãe aparece num vestido bem ousado,
Sua vez de ficar na minha posição
Todo mundo lhe encarando...
Aqui, segure minha mão
Sim, eu posso ouvi-los
E se eu fosse uma sereia, usando seu jeans
Com o nome dela ainda na calça?
Mas não me importo se às vezes
Digo, às vezes,
Eu ouço minha voz
Eu ouço minha voz
Eu ouço minha voz
E percebo que ela esteve aqui...
Calada todos esses anos
Eu estive aqui
Calada todos esses anos
Calada todos esses...
Calada todos esses anos
GIRL DISAPPEARING (originalmente no American Doll Posse)
Sete da manhã
Então, começa novamente
1 a 0 para algumas silhuetas familiares
Chicotes e correntes que sobraram
Boicoto tendências, na surdina
E este é meu novo visual para a estação
Passeando na garoupa de palominos
Preparada para atacar
É tão bom, tão bom quanto parece?
Com a garota desaparecendo,
O que na Terra está acontecendo?
Pois ela está bem em frente a mim
Uma garota desaparecendo
Em alguma prisão secreta...
Atrás de seus olhos,
Ela suspira
“Grande surpresa... Não havia qualquer proteção
Nas luzes da cidade
Então, corro em direção a uma constelação
Aonde eles ainda possam ver você”
A inveja pode se espalhar com tanta sutileza
Ela adentrou aqui, antes que pudesse sequer notá-la
Em minha guerra pessoal, sangue na zona cereja
Quando eles opõem mulheres a feministas
Passeando na garoupa de palominos
Destrinchando a Loira Fatal,
E trabalhando seu inferno
Nesse tapete vermelho
Com a garota desaparecendo,
O que na Terra está acontecendo?
Pois ela está bem em frente a mim
Uma garota desaparecendo
Em alguma prisão secreta
Mas ela está bem em frente a mim!
Uma garota desaparecendo
Em alguma prisão secreta
Atrás de seus olhos,
Ela suspira
“Grande surpresa...
Não havia qualquer proteção
Nas luzes da cidade...
Então, corro em direção a uma constelação
Aonde eles ainda possam ver você"
E correrei também, se lhe servir de consolo
Porque eu ainda consigo lhe ver
quinta-feira, 22 de novembro de 2012
terça-feira, 20 de novembro de 2012
[Traduções] Gold Dust (Parte I)
Por Gold Dust se tratar de uma coletânea, a princípio não tive interesse em fazer as traduções desse disco (12 de suas canções já estavam traduzidas no toribr, inclusive). Mas, trabalhando no YKTR, pensei que seria justo ele também ter publicações próprias, até para facilitar a consulta de quem se interessar nelas. Além do mais, Snow Cherries From France e Flying Dutchman serão novidades, mas que ficam para a parte dois, com as sete últimas canções do álbum.
Saliento que todas as letras passaram por intensa revisão, na tentativa de corrigir os erros ocasionais e refinar sua escrita. Enfim, com vocês, a primeira parte!
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FLAVOR (originalmente em Abnormally Attracted to Sin)
A batalha entre mentes
Clama de cima, clama de baixo
Você precisa escolher um lado
Escolherá o medo,
Ou o amor?
Com o que se parece
Esta bola orbital vinda das franjas da Via Láctea?
Como você a sente,
Esta bola orbital vinda das franjas da Via Láctea?
Chovendo sabor
Cobrindo de sabor
Sabor, amor...
Que Deus então é Deus?
Todos eles querem jurisdição
No Livro da Terra,
O Deus que espalha medo,
Espalha amor?
Com o que se parece
Esta bola orbital vinda das franjas da Via Láctea?
Como você a sente,
Esta bola orbital vinda das franjas da Via Láctea?
Chovendo sabor
Cobrindo de sabor
Sabor, amor...
Ajuste as freqüências!
Com o que se parece
Esta bola orbital vinda das franjas da Via Láctea?
Como você a sente,
Esta bola orbital vinda das franjas da Via Láctea?
Chovendo sabor
Cobrindo de sabor
Espalhe esse sabor
Sabor...
YES, ANASTASIA (originalmente em Under The Pink)
Pensei ter passado por isso em 1919,
Contando as lágrimas de 10.000 homens...
Colhi todas elas, mas meus pés estão escorregando
Há algo que deixamos no parapeito da janela
Há algo deixado, sim...
Veremos o quão corajosa você é!
Veremos o quão rápido você correrá!
Veremos o quão corajosa você é...
Sim, Anastácia
E todas suas bonecas têm amigos
Pensei que ela merecesse não menos do que entregou
Bem, feliz aniversário,
O sangue dela em minhas mãos...
Tenho vergonha de admitir, mas eu gostei desse vestido
São engraçadas as coisas que você encontra na chuva
As coisas que você encontra, sim...
Nos campos abertos e nas minas do tempo!
No nó que ficou em seu cabelo
No ônibus, que me leva ao fundo do poço,
Ao fundo do poço...
Todas as garotas parecem ter chegado lá
Veremos o quão corajosa você é, sim...
Veremos o quão rápido você correrá!
Veremos o quão corajosa você é...
Sim, Anastácia
Veremos o quão corajosa você é, ó, sim...
Veremos o quão rápido você correrá!
Veremos o quão corajosa você é...
Sim, Anastácia
Venha, minha amada
Venha comigo
Venha, minha amada
Descobriremos o quão corajosa você é
JACKIE’S STRENGHT (originalmente em From The Choirgirl Hotel)
Uma Bouvier até o dia de seu casamento
Tiros foram disparados e a polícia chegou
Minha mãe me pôs no gramado
E orou pela força de Jackie
Sentindo-me velha aos 21
Jamais pensei que meu dia fosse chegar
Minhas damas de honra se jogando ao chão
Eu oro pela força de Jackie
Me faça rir
Diga que você sabe o que quer
Você disse que o que sentimos é genuíno
Então lhe mostro algo mais e aprendo
O que a magia negra é capaz de fazer
Me faça rir
Diga que pode me transformar no que há de mais verdadeiro
Então lhe mostro algo mais
E aprendo
Adesivos colados em lancheiras
Idolatrando David Cassidy
Sim, uma vez mostrei minhas nádegas para ele, na caixa de Donna
Ela ainda está em recuperação
Hóspedes, Beenie tem um pouco de maconha
Você só é popular se tiver anorexia
Então eu me viro do avesso na esperança de que alguém veja
Me faça rir
Diga que você sabe o que quer
Você disse que o que sentimos é genuíno
Então lhe mostro algo mais e aprendo
O que a magia negra é capaz de fazer
Me faça rir
Diga que pode me transformar no que há de mais verdadeiro
Então lhe mostro algo mais
E aprendo
Fiquei perdida no dia do meu casamento
Típico, a polícia veio
Mas virgens sempre conseguem entrar nos bastidores
Não importa o que elas tenham a dizer
Se você amar o suficiente mentirá muito
Acredito que assim o fizeram em Camelot
Minha mãe está me esperando no jardim
Eu oro
Eu oro...
Eu oro pela força de Jackie
Me faça rir
Diga que você sabe o que quer
Você disse que o que sentíamos era genuíno
Então lhe mostro algo mais
E aprendo...
A força de Jackie...
A força de Jackie
CLOUD ON MY TONGUE (originalmente em Under The Pink)
Alguém está batendo na porta da minha cozinha
Deixe a lenha do lado de fora
Que todas as garotas daqui estão quase congelando
Deixe-me com seu Bornéu
Não preciso de muito para me aquecer, e...
Agora não pare o que você está fazendo,
O que está fazendo, meu feinho
Traga todas aqui,
É difícil esconder umas cem garotas
Em seu cabelo
Não será justo odiá-la,
Se eu a engoli...
Mas você pode ir,
Pode ir agora
Você já está lá
Continuo usando sua tatuagem, sim
Você já está lá...
Tenho uma nuvem dormindo sobre minha língua
Ele vai, então ela e...
Beije as violetas enquanto elas despertam
“Deixe-me com seu Bornéu”, eu disse
Deixe-me da forma como estava antes, mas...
Você já está lá
Continuo usando sua tatuagem, sim
E eu já estou em...
Círculos e círculos, outra e outra vez
A garota está em círculos e círculos e círculos, outra vez
A garota está em círculos e círculos e círculos, outra vez
A garota está em círculos e círculos e círculos, outra vez
Bem...
Alguém está batendo na porta da minha cozinha
Deixe a lenha do lado de fora
Todas as garotas daqui estão quase congelando
Você pode ir
Você pode ir
Você pode ir
Você pode ir, agora
Você já está lá
Continuo usando sua tatuagem, sim
Você já está lá...
Pensei estar sobre a ponte, agora
Estou sobre a ponte agora
E de novo em...
Círculos e círculos e círculos, outra vez
A garota está em círculos e círculos e...
Precisa parar de girar (!)
Círculos e círculos e círculos, outra vez
A garota está em círculos e círculos e círculos, outra vez
Bem...
Círculos e círculos, e círculos, outra vez
A garota está em círculos e círculos e...
Precisa parar de girar...
Círculos e círculos e círculos, outra vez
A garota está em círculos e círculos e círculos, outra vez
Bem...
Ele e ela, nós e eu
PRECIOUS THINGS (originalmente em Little Earthquakes)
Então corri mais rápido
Mas fui pega aqui
Sim, minha obediência torcida
Como meu tornozelo, na sétima série
Correndo atrás de Billy...
Correndo atrás da chuva
Estas coisas preciosas,
Deixe-as sangrar
Deixe-as serem lavadas!
Estas coisas preciosas
Deixe-as perder seu poder sobre mim
Ele disse “você é uma menina muito feia
Mas gosto da forma como você toca”
E eu morri
Mas o agradeci
Você pode acreditar nisso?
(Doente)
Insistindo na imagem que ele tinha...
A vestindo todos os dias
Quero esmagar os rostos
Desses belos garotos,
Esses garotos cristãos...
Pois mesmo me fazendo gozar,
Isso não lhe torna Jesus!
Estas coisas preciosas,
Deixe-as sangrar
Deixe-as serem lavadas!
Estas coisas preciosas
Deixe-as perder seu poder sobre mim
Sim, eu me recordo...
Em meu vestido de festa rosado
Ninguém ousou
Ninguém se preocupou em me dizer
Onde estavam as garotas bonitas,
Essas semideusas-
Com pregos de nove dedos e
Suas delicadas calcinhas fascistas,
Escondidas no coração de cada uma dessas garotas gentis!
Estas coisas preciosas,
Deixe-as sangrar
Deixe-as serem lavadas!
Estas coisas preciosas
Deixe-as perder seu poder sobre mim
Estas coisas preciosas,
Deixe-as sangrar, garotas!
Deixe-as serem lavadas!
Estas coisas preciosas
Deixe-as perder seu poder sobre mim...
Preciosas!
Preciosas...
GOLD DUST (originalmente em Scarlet's Walk)
Visões e sons
Levam-me de volta a outro ano
Eu estive aqui...
Estive aqui
Correndo por essa fonte de águas rasas,
Eu e você,
Cabulando aula
E construíamos o caminho
Enquanto caminhávamos
Construíamos,
E caminhávamos
Você disse –
Você fugiu de Langley –
Puxando-me para debaixo de um dossel de cerejeiras
Se eu guardo? –
Sim, tenha certeza de que guardo.
Dentro de minha capa de chuva,
Eu guardo sua fotografia...
E o sol em sua face...
Estou congelando esta imagem
E em algum lugar, Alfie chora
E diz, “aproveite cada sorriso dela, que você consiga ver no escuro,
Pelos olhos de Laura Mars”
“Como isso pôde ter passado tão rápido?”
Você dirá quando olharmos para trás
E então entenderemos que tínhamos ouro em pó,
Em nossas mãos
Em nossas mãos...
Visões e sons
Trazem-me de volta a outro ano
Eu estive aqui...
Estive aqui
A luz de lampiões brilha na rua
(trêmula)
O crepúsculo nos segurava em suas mãos,
Enquanto andávamos
E construíamos o caminho
Enquanto caminhávamos
Construíamos,
E caminhávamos
Deixando nomes suspensos no ar,
Qual cor de cabelo?
(carmim avermelhado)
O outono lançava seu sábio olhar
E o dia em que ela chegou...
Estou congelando essa imagem
E em algum lugar, Alfie sorri
E diz, “aproveite cada lágrima dela, que você consiga ver no escuro,
Pelos olhos de Laura Mars”
“Como isso pôde ter passado tão rápido?”
Você dirá quando olharmos para trás
E então entenderemos que tínhamos ouro em pó,
Em nossas mãos
Em nossas mãos
STAR OF WONDER (originalmente em Midwinter Graces)
Nós, os Três Reis, estamos voltando
Trazendo presentes do Oriente
Do Oriente
Alguns dizem que uma estrela ascenderá novamente
Nos corações da humanidade
Alguns dizem que estivemos em exílio
O que precisamos agora é de fogo solar
Estrela dos Milagres, Estrela da Noite
Estrela de Beleza Real
Levando-os ao Ocidente, ainda em procissão...
Semeando uma Estrela de Milagres
Nós trouxemos Ouro e Mirra para ele
Vindos do Oriente, Olíbano
Do Oriente
Alguns dizem que uma estrela ascenderá novamente
Nos corações da humanidade
Alguns dizem que estivemos em exílio
O que precisamos agora é de fogo solar
Estrela dos Milagres, Estrela da Noite
Estrela de Beleza Real
Levando-os ao Ocidente, ainda em procissão
Estrela dos Milagres, Estrela da Noite
Estrela de Beleza Real
Levando-os ao Ocidente, ainda em procissão...
Uma Estrela!
Semeando uma Estrela...
Semeando uma Estrela de Milagres...
De Milagres
(continua)
sábado, 17 de novembro de 2012
Baixe gratuitamente os remixes oficiais de Flavor!
quinta-feira, 15 de novembro de 2012
Flavors: Little Earthquakes (II)
Finalmente estamos concluindo a série Flavors, com um segundo texto sobre o álbum mais emblemático de Tori Amos, Little Earthquakes. Mas antes de introduzí-lo, gostaria de falar um pouco sobre a série em si e os toriphiles que fizeram parte dela.
Quando tive a ideia de organizar alguns textos retratando as emoções que cada disco de Amos transmite (após quebrar um pé e ficar ilhado em casa), não imaginava que conseguiria colaboradores com tanta facilidade e compromisso em fazer disso algo tão bom! Cada palavra escrita pelos fãs que aqui contribuíram é imbuída de sentimentos sinceros, devaneios geniais e até de fatos íntimos, que foram gentilmente abertos com o objetivo de homenagear a bela obra de nossa pianista. Por isso, a todos os que participaram da Flavors: muito obrigado por fazerem de um pequeno sonho meu algo tão especial. E por me salvarem do ócio também hehehehehe
Voltando à programação normal, rs, vamos ao texto de Amanda Guimarães (facebook) sobre o primeiro disco solo de Tori. Com palavras certeiras e trazendo à tona algumas das muitas metáforas matadoras que perfazem este álbum, Amanda tece um relato baseado especialmente em sua admiração à bravura de Amos em expor, nas palavras dela, "dores tão particulares". O mais interessante nisso tudo é perceber como coisas tão íntimas geraram uma identificação coletiva tão grande, o que nos mostra o quanto este álbum é, ao mesmo tempo, único e universal; sem espaço para que isso soe paradoxal. Com vocês, a catarse dos pequenos terremotos.
Little Earthquakes
A música, para mim, sempre esteve atrelada às coisas que aconteciam enquanto eu conheci determinado artista ou canção. Algumas vezes, bandas ou faixas isoladas ficam tão impregnadas de uma memória ruim que eu sequer consigo revisitá-las. Por mais que agradem aos meus ouvidos. Quando eu paro para pensar sobre isso, eu fico muito grata ao universo por ter me permitido conhecer Tori Amos pelas mãos de uma das minhas pessoas preferidas no mundo.
Eu e Tori fomos apresentadas num dia qualquer do ano de 2003. Num dia, provavelmente, tão sem graça quanto todos os outros que eu vivi na adolescência. Mas um dia que seria decisivo para que eu mudasse completamente a minha maneira de pensar. Essa mudança, porém, não aconteceu de forma brusca, mas antes veio do contato com esse álbum nos nove anos seguintes. Porque todas as vezes que escuto, eu me assusto com a coragem de Tori. Coragem de aparecer completamente desnuda na frente de uma multidão. De expor, sem maiores enfeites, dores tão particulares. E, especialmente, porque eu nunca havia conhecido alguém capaz de se colocar numa posição tão vulnerável e ainda assim parecer forte.
Deixando de lado todos os escudos, gosto tanto desse disco porque ele me explica. Me explica pelos rompantes de raiva. Por transformar um piano, algo tão clássico e contido, em rebeldia. Me explica porque demonstra que a gente adquire cicatrizes de tocar nos outros e que se essas feridas não se fecham do jeito certo, podem transformar em osso o espaço onde deveria se formar pele. E, principalmente, esse disco me faz achar que existe um lugar no mundo para esse tipo estranho de sensibilidade que eu tenho. Sensibilidade essa que me permite enxergar um álbum onde temas como as diversas faces da solidão são tratados, de um modo tão incisivo, como algo que, na verdade, quer ser uma celebração.
Little Earthquakes, na mesma medida, cura e faz sangrar.
É ambiguidade sensorial em forma musical.
Para cada explosão da guitarra, existe um solo de piano bem trabalhado. Para cada "tapa na cara", existe uma metáfora poética e bem construída. A cada sentimento negativo está atrelada uma imagem que denota recomeço ou possibilidades. É como se enquanto procura por um salvador debaixo de lençóis sujos ou tenta vocalizar aquilo que esteve preso em seu peito por muitos anos, Tori Amos quisesse nos mostrar o caminho feito por ela para que suas feridas cicatrizassem de um modo que ela não endurecesse. Tori soube deixar que elas se transformassem em pele e soube fazer com que a pele não se tornasse mais espessa do que o necessário para suportar golpes futuros.
E o que ela parece querer demonstrar é que deixar sangrar é necessário. É necessário para que a cura ocorra do modo como deve ocorrer.
Enquanto você não disser para todos aqueles garotos bonitos que eles não são Jesus Cristo só porque eles conseguiram te proporcionar um orgasmo, enquanto você não tiver visitado Barbados, enquanto você não cuspir em todas as pessoas que te apontam o dedo, você, simplesmente, não pode desistir. É preciso continuar lutando por todas essas coisas que, se comparadas com o que aconteceu de negativo, quase desaparecem. Assim, você estará quebrando o controle que todas as coisas ditas preciosas têm sobre você. Mas, acima de tudo, estará começando a encontrar uma maneira de desobstruir o movimento realizado pela dor enquanto tenta invadir seu corpo.
Acredito que aqui a escolha é entre ver uma luz no fim do túnel, mesmo em meio a tanta névoa, ou se entregar a completa descrença. E escolher a luz, por mais paradoxal que soe, é o menos óbvio. E o mais doloroso. É dizer que você ainda tem fé mesmo depois que te provaram que não se deve. É confiar quando você sabe que não se pode.
Tori indica um caminho possível para isso com esse disco. O caminho que funcionou para ela. E para mim. E tenho certeza que para tantas outras pessoas.
Little Earthaquakes foi a forma que Tori Amos encontrou para que as garotas perfeitas tirassem as garras do seu coração. Uma maneira de libertá-lo das velhas correntes. A sua maneira poética, sensível e explosiva de se rebelar contra tudo aquilo que oprime, seja no âmbito individual ou universal. E, portanto, Earthquakes passa longe de ser um disco triste. É uma celebração. Coisas ruins acontecem sim com pessoas boas, mas há nelas algo de transformador. Há algo de motivador de mudanças significativas. Há algo de reconhecível por todos os seres humanos. Há algo de catártico. E libertador.
“Give me life
Give me pain
Give myself again”.
(Segunda ou terceira versão. Escrito por Amanda Guimarães ao som de Precious Things em loop).
Amanda Guimarães é estudante de letras porque não manifestou nenhum talento musical ao longo da vida. Caso contrário exerceria qualquer função dentro de uma banda com muito prazer. Estuda literatura brasileira porque, num determinado ponto, pareceu uma idéia acertada, mas gosta mesmo é de literatura americana. Tem 24 anos (de insatisfação crônica), é muito mais canceriana do que gosta de admitir e finge que é uma pedra de gelo, mas chora com histórias de ONGs que cuidam de gatos de rua. Resumindo: Amanda Guimarães é uma fraude.
Quando tive a ideia de organizar alguns textos retratando as emoções que cada disco de Amos transmite (após quebrar um pé e ficar ilhado em casa), não imaginava que conseguiria colaboradores com tanta facilidade e compromisso em fazer disso algo tão bom! Cada palavra escrita pelos fãs que aqui contribuíram é imbuída de sentimentos sinceros, devaneios geniais e até de fatos íntimos, que foram gentilmente abertos com o objetivo de homenagear a bela obra de nossa pianista. Por isso, a todos os que participaram da Flavors: muito obrigado por fazerem de um pequeno sonho meu algo tão especial. E por me salvarem do ócio também hehehehehe
Voltando à programação normal, rs, vamos ao texto de Amanda Guimarães (facebook) sobre o primeiro disco solo de Tori. Com palavras certeiras e trazendo à tona algumas das muitas metáforas matadoras que perfazem este álbum, Amanda tece um relato baseado especialmente em sua admiração à bravura de Amos em expor, nas palavras dela, "dores tão particulares". O mais interessante nisso tudo é perceber como coisas tão íntimas geraram uma identificação coletiva tão grande, o que nos mostra o quanto este álbum é, ao mesmo tempo, único e universal; sem espaço para que isso soe paradoxal. Com vocês, a catarse dos pequenos terremotos.
Little Earthquakes
A música, para mim, sempre esteve atrelada às coisas que aconteciam enquanto eu conheci determinado artista ou canção. Algumas vezes, bandas ou faixas isoladas ficam tão impregnadas de uma memória ruim que eu sequer consigo revisitá-las. Por mais que agradem aos meus ouvidos. Quando eu paro para pensar sobre isso, eu fico muito grata ao universo por ter me permitido conhecer Tori Amos pelas mãos de uma das minhas pessoas preferidas no mundo.
Eu e Tori fomos apresentadas num dia qualquer do ano de 2003. Num dia, provavelmente, tão sem graça quanto todos os outros que eu vivi na adolescência. Mas um dia que seria decisivo para que eu mudasse completamente a minha maneira de pensar. Essa mudança, porém, não aconteceu de forma brusca, mas antes veio do contato com esse álbum nos nove anos seguintes. Porque todas as vezes que escuto, eu me assusto com a coragem de Tori. Coragem de aparecer completamente desnuda na frente de uma multidão. De expor, sem maiores enfeites, dores tão particulares. E, especialmente, porque eu nunca havia conhecido alguém capaz de se colocar numa posição tão vulnerável e ainda assim parecer forte.
Deixando de lado todos os escudos, gosto tanto desse disco porque ele me explica. Me explica pelos rompantes de raiva. Por transformar um piano, algo tão clássico e contido, em rebeldia. Me explica porque demonstra que a gente adquire cicatrizes de tocar nos outros e que se essas feridas não se fecham do jeito certo, podem transformar em osso o espaço onde deveria se formar pele. E, principalmente, esse disco me faz achar que existe um lugar no mundo para esse tipo estranho de sensibilidade que eu tenho. Sensibilidade essa que me permite enxergar um álbum onde temas como as diversas faces da solidão são tratados, de um modo tão incisivo, como algo que, na verdade, quer ser uma celebração.
Little Earthquakes, na mesma medida, cura e faz sangrar.
É ambiguidade sensorial em forma musical.
Para cada explosão da guitarra, existe um solo de piano bem trabalhado. Para cada "tapa na cara", existe uma metáfora poética e bem construída. A cada sentimento negativo está atrelada uma imagem que denota recomeço ou possibilidades. É como se enquanto procura por um salvador debaixo de lençóis sujos ou tenta vocalizar aquilo que esteve preso em seu peito por muitos anos, Tori Amos quisesse nos mostrar o caminho feito por ela para que suas feridas cicatrizassem de um modo que ela não endurecesse. Tori soube deixar que elas se transformassem em pele e soube fazer com que a pele não se tornasse mais espessa do que o necessário para suportar golpes futuros.
E o que ela parece querer demonstrar é que deixar sangrar é necessário. É necessário para que a cura ocorra do modo como deve ocorrer.
Enquanto você não disser para todos aqueles garotos bonitos que eles não são Jesus Cristo só porque eles conseguiram te proporcionar um orgasmo, enquanto você não tiver visitado Barbados, enquanto você não cuspir em todas as pessoas que te apontam o dedo, você, simplesmente, não pode desistir. É preciso continuar lutando por todas essas coisas que, se comparadas com o que aconteceu de negativo, quase desaparecem. Assim, você estará quebrando o controle que todas as coisas ditas preciosas têm sobre você. Mas, acima de tudo, estará começando a encontrar uma maneira de desobstruir o movimento realizado pela dor enquanto tenta invadir seu corpo.
Acredito que aqui a escolha é entre ver uma luz no fim do túnel, mesmo em meio a tanta névoa, ou se entregar a completa descrença. E escolher a luz, por mais paradoxal que soe, é o menos óbvio. E o mais doloroso. É dizer que você ainda tem fé mesmo depois que te provaram que não se deve. É confiar quando você sabe que não se pode.
Tori indica um caminho possível para isso com esse disco. O caminho que funcionou para ela. E para mim. E tenho certeza que para tantas outras pessoas.
Little Earthaquakes foi a forma que Tori Amos encontrou para que as garotas perfeitas tirassem as garras do seu coração. Uma maneira de libertá-lo das velhas correntes. A sua maneira poética, sensível e explosiva de se rebelar contra tudo aquilo que oprime, seja no âmbito individual ou universal. E, portanto, Earthquakes passa longe de ser um disco triste. É uma celebração. Coisas ruins acontecem sim com pessoas boas, mas há nelas algo de transformador. Há algo de motivador de mudanças significativas. Há algo de reconhecível por todos os seres humanos. Há algo de catártico. E libertador.
“Give me life
Give me pain
Give myself again”.
(Segunda ou terceira versão. Escrito por Amanda Guimarães ao som de Precious Things em loop).
Amanda Guimarães é estudante de letras porque não manifestou nenhum talento musical ao longo da vida. Caso contrário exerceria qualquer função dentro de uma banda com muito prazer. Estuda literatura brasileira porque, num determinado ponto, pareceu uma idéia acertada, mas gosta mesmo é de literatura americana. Tem 24 anos (de insatisfação crônica), é muito mais canceriana do que gosta de admitir e finge que é uma pedra de gelo, mas chora com histórias de ONGs que cuidam de gatos de rua. Resumindo: Amanda Guimarães é uma fraude.
terça-feira, 13 de novembro de 2012
Flavors: Midwinter Graces
Damos agora continuidade à série Flavors com um lindo conto inspirado em Midwinter Graces, primeiro álbum sazonal de Tori Amos. Ainda que seja um disco um tanto negligenciado pelos toriphiles, Hernando conseguiu unir a magia das músicas de Natal, expressas com maestria nas melodias do disco, àquela tristeza tão típica das festas de fim de ano, que costuma fazer emergir dramas que guardamos lá no fundo. Um texto mágico!
Por Samanta Alcardo (que escreveu o texto do Pink)
Mais Um Conto de Natal
Eu sempre quis conhecer a neve.
Sempre que assistia àqueles filmes que se passavam no natal, aqueles bem americanos mesmo, me imaginava brincando com neve, fazendo bolas, construindo bonecos e toda aquela tradição que parece tão acolhedora... É o tipo de coisa que me faz pensar em saudades de coisas que nunca me ocorreram. E de como essa saudade pode ser real - ou honesta, ao menos.
De uns tempos pra cá, essas vontades infantis tem voltado. Desde que minha mãe partiu, bem dizer. Ela me criou sozinha, e mesmo sendo mais calada que o habitual para o padrão materno (as mães de amigos que o digam), ela sabia como resolver tudo em um ou dois afagos. Talvez por minha primeira casa ter sido feita só de nós dois, eu senti como se tivesse perdido meu mundo quando a vi indo embora - já tenho esposa e uma filha linda, mas até hoje sinto falta do olhar silencioso dela. O mesmo que me olhava com todo o carinho quando era preciso. O mesmo que falava como nenhum outro.
Foi pensando nessa nuvem de reminiscências que pairava sobre minha cabeça que acabei decidindo saciar um desejo que nunca tive a chance antes: iríamos visitar um grande amigo que morava nos EUA, pela época de natal, e assim eu finalmente conheceria a neve! Ao contar para minha filha que nós faríamos a viagem, a primeira coisa que me perguntou foi: “a gente vai pra Disney?!” Disse que dessa vez não, e mesmo ficando um pouco contrariada, contentou-se com a promessa de que compraria um vestido de uma das princesas para ela por lá. “Eu quero o da Bela Adormecida, que é toda rosa e brilhante!”, disse ela, descrição essa que me foi lembrada diariamente, até o dia da viagem. “Crianças são tão insistentes que chegam a irritar”, pensava eu, para depois rir de mim mesmo ao lembrar da neve. “Crianças...”
Quando finalmente desembarcamos, fomos recebidos pelo Josué, e entre os habituais “que saudade!” e “sua menina já cresceu muito!”, fomos ao carro para seguirmos à casa dele. Mesmo faltando alguns dias para o feriado natalino, a rádio já tocava músicas da época, num programa chamado “Your holiday faves”, e ao ouvir Silent Night, lembrei de um disco de minha mãe que ela sempre punha quando chegava a véspera de natal, com “Noite Feliz”.
“Pelo menos aqui eles não tocam ‘Então é Natal’” - Josué interrompe mais um devaneio e é seguido por gargalhadas de todos, o que me fez voltar à realidade e perceber que já estávamos na área de subúrbio onde ele mora. Mesmo me sentindo imerso em um daqueles filmes que tanto gostava, uma coisa me afligia - não via neve em lugar algum! “É porque esse ano está demorando a chegar, também estou estranhando”, respondeu-me enquanto tirávamos as malas do carro.
Cumprimentamos a esposa dele, que nos esperava com chocolate quente e de braços abertos, e depois de alguns minutos conversando sobre a viagem e o impacto que é sair de um verão tão quente para um inverno tão frio como aquele, fomos aos aposentos que ocuparíamos naquela estadia. Aproveitamos para passear bastante nos dias antes do feriado, e mesmo sendo surpreendido por coros cantando pela rua ou me animando com a felicidade de minha filha em usar seu vestido, rosado e cheio de glitter, ainda ficava angustiado por uma dúvida: “por que não nevou ainda?!”
E assim, chegamos ao dia 24 de dezembro. A ceia estava quase pronta, e nesse meio tempo me distraía vendo na TV imagens de outras localidades em que a neve havia caído e eles já faziam a festa que eu tanto queria fazer. “Mas como ficou lindo esse anjo de neve!”, exclamou Isabella, a esposa de Josué, nos chamando logo depois para finalmente sentar à mesa e começar as comemorações. Depois de agradecermos pela refeição, ela pediu licença para falar sobre o significado do natal, e nos presenteou com as seguintes palavras:
“Antes mesmo de Jesus ter nascido, o solstício de inverno já era motivo de comemoração entre os antigos, uma vez que ele representava o renascimento do sol em direção a seu ápice, no solstício de verão. E o mais importante nessa época é lembrar que todas as almas podem passar por períodos de completa escuridão, como é o caso dessa noite, mas tão pronto o dia amanheça, a luz recomeça seu tranquilo percurso para que em pouco tempo, volte a iluminar nossos corações. E crer nisso, meus amigos, é o que nos sustenta perante toda e qualquer incerteza - elas passam. Assim como passam as alegrias, as dores também hão de passar. E quem está vivo, nisso acredita, por mais que não consiga aceitar. Brindemos à esperança, brindemos ao que há de bom para nos salvar!”
Depois de um caloroso brinde, em que quase derramei o conteúdo de minha taça no peru sobre a mesa, sentamos, conversamos e fomos uma família até a hora de deitar. Após beijar minha esposa, deito minha cabeça no travesseiro e subitamente me lembro: “e a neve, por onde anda?”. Não demorou muito, e acabei adormecendo sem mais hesitar.
“Neve! Pai, tem neve!”
Sou acordado por Aurora com seus gritos de alegria, e quando consegui formalizar o que ela havia me dito, senti-me como se tivesse acabado de engolir uma pedra! “Finalmente eu vou conhecer a neve...”, pensava alto, e ao mesmo tempo que me trocava, sentia um terror súbito de ir lá fora. Aquilo ia e vinha, até me fazer ficar sentado por algum tempo refletindo se era tudo verdade. “Vem logo, amor, a menina quer brincar com você!” - Marília me fazia acordar pela segunda vez, e agora sim saíra do quarto.
Ao pisar naquele tapete branco, sentindo o ar frio invadindo meus pulmões, permaneci um tempo parado, como se ainda estivesse tentando acreditar. Foi aí que Aurora jogou uma bola de neve nas minhas costas e, finalmente, abri um sorriso que nem os coros, nem o chocolate quente ou qualquer outra coisa daquele lugar haviam me proporcionado - foi quando fiz a minha primeira bola e joguei contra Marília, e assim, começamos nossa brincadeira! Josué e Isabella ficavam nos olhando com se fôssemos 3 crianças comendo melaço pela primeira vez, até que ele, após levar uma bolada minha, desceu e me ajudou a fazer meu primeiro boneco de neve! “Felicidade branca, felicidade alva!” - era só nisso que pensava!
Passada a excitação do momento, aproveitei que todos haviam entrado pra se esquentar e fiquei sentado, na varanda da casa, observando um pouco o movimento da rua. Foi quando avistei uma senhorinha, de baixa estatura e longos cabelos grisalhos, visíveis mesmo com o gorro que ela usava, passando umas casas à frente. De imediato, lembrei de minha mãe. Quase que instintivamente, desci a escada na entrada da casa e fui ao encontro dela, como se tivesse algo a lhe dizer - foi quando um das sacolas que ela trazia caiu no chão, e me precipitei para recolhê-la. Ao subir minha vista e olhar para seu rosto, senti-me estranho por confirmar que não era ela.
“Oh, thank you, sir!”
“De nad- oh, you’re welcome, lady”
Ela me deu um sorriso cortês antes de seguir seu caminho. Retribuí, sorrindo de forma desconcertada, e voltei para casa. “You’re not there”, no rádio alguém cantava.
Subi ao quarto, e chorei.
Chorei todas as lágrimas que podia chorar, e senti os pingos caindo como cachoeira sobre minhas pernas, ainda um pouco geladas. Foi aí que Marília, ouvindo do corredor meus soluços, chamou Aurora para falar comigo. Minha menina entrou no quarto, perguntando porque seu papai chorava e então veio me abraçar.
A segurei em meus braços, disse que estava tudo bem.
E ela sorriu para mim.
Ela sorriu para mim.
De repente, lembrei das palavras de Isabella, naquela mesa de jantar:
“Assim como passam as alegrias, as dores também hão de passar. E quem está vivo, nisso acredita, por mais que não consiga aceitar. Brindemos à esperança, brindemos ao que há de bom para nos salvar!”
Foi quando Marília também entrou para me abraçar. E ao tê-las do meu lado, no mais completo silêncio, eu soube que ela também estava lá. Fechei os olhos e senti de súbito meu coração esquentar...
Você estava lá.
Você estava lá.
And all is calm... All is bright
---
Hernando Siqueira Neto, 25 anos. Uma pessoa que aproveita bastante seu ócio criativo e sua suposta solidão. E que vive pensando em Marianne.
Por Samanta Alcardo (que escreveu o texto do Pink)
Mais Um Conto de Natal
Eu sempre quis conhecer a neve.
Sempre que assistia àqueles filmes que se passavam no natal, aqueles bem americanos mesmo, me imaginava brincando com neve, fazendo bolas, construindo bonecos e toda aquela tradição que parece tão acolhedora... É o tipo de coisa que me faz pensar em saudades de coisas que nunca me ocorreram. E de como essa saudade pode ser real - ou honesta, ao menos.
De uns tempos pra cá, essas vontades infantis tem voltado. Desde que minha mãe partiu, bem dizer. Ela me criou sozinha, e mesmo sendo mais calada que o habitual para o padrão materno (as mães de amigos que o digam), ela sabia como resolver tudo em um ou dois afagos. Talvez por minha primeira casa ter sido feita só de nós dois, eu senti como se tivesse perdido meu mundo quando a vi indo embora - já tenho esposa e uma filha linda, mas até hoje sinto falta do olhar silencioso dela. O mesmo que me olhava com todo o carinho quando era preciso. O mesmo que falava como nenhum outro.
Foi pensando nessa nuvem de reminiscências que pairava sobre minha cabeça que acabei decidindo saciar um desejo que nunca tive a chance antes: iríamos visitar um grande amigo que morava nos EUA, pela época de natal, e assim eu finalmente conheceria a neve! Ao contar para minha filha que nós faríamos a viagem, a primeira coisa que me perguntou foi: “a gente vai pra Disney?!” Disse que dessa vez não, e mesmo ficando um pouco contrariada, contentou-se com a promessa de que compraria um vestido de uma das princesas para ela por lá. “Eu quero o da Bela Adormecida, que é toda rosa e brilhante!”, disse ela, descrição essa que me foi lembrada diariamente, até o dia da viagem. “Crianças são tão insistentes que chegam a irritar”, pensava eu, para depois rir de mim mesmo ao lembrar da neve. “Crianças...”
Quando finalmente desembarcamos, fomos recebidos pelo Josué, e entre os habituais “que saudade!” e “sua menina já cresceu muito!”, fomos ao carro para seguirmos à casa dele. Mesmo faltando alguns dias para o feriado natalino, a rádio já tocava músicas da época, num programa chamado “Your holiday faves”, e ao ouvir Silent Night, lembrei de um disco de minha mãe que ela sempre punha quando chegava a véspera de natal, com “Noite Feliz”.
“Pelo menos aqui eles não tocam ‘Então é Natal’” - Josué interrompe mais um devaneio e é seguido por gargalhadas de todos, o que me fez voltar à realidade e perceber que já estávamos na área de subúrbio onde ele mora. Mesmo me sentindo imerso em um daqueles filmes que tanto gostava, uma coisa me afligia - não via neve em lugar algum! “É porque esse ano está demorando a chegar, também estou estranhando”, respondeu-me enquanto tirávamos as malas do carro.
Cumprimentamos a esposa dele, que nos esperava com chocolate quente e de braços abertos, e depois de alguns minutos conversando sobre a viagem e o impacto que é sair de um verão tão quente para um inverno tão frio como aquele, fomos aos aposentos que ocuparíamos naquela estadia. Aproveitamos para passear bastante nos dias antes do feriado, e mesmo sendo surpreendido por coros cantando pela rua ou me animando com a felicidade de minha filha em usar seu vestido, rosado e cheio de glitter, ainda ficava angustiado por uma dúvida: “por que não nevou ainda?!”
E assim, chegamos ao dia 24 de dezembro. A ceia estava quase pronta, e nesse meio tempo me distraía vendo na TV imagens de outras localidades em que a neve havia caído e eles já faziam a festa que eu tanto queria fazer. “Mas como ficou lindo esse anjo de neve!”, exclamou Isabella, a esposa de Josué, nos chamando logo depois para finalmente sentar à mesa e começar as comemorações. Depois de agradecermos pela refeição, ela pediu licença para falar sobre o significado do natal, e nos presenteou com as seguintes palavras:
“Antes mesmo de Jesus ter nascido, o solstício de inverno já era motivo de comemoração entre os antigos, uma vez que ele representava o renascimento do sol em direção a seu ápice, no solstício de verão. E o mais importante nessa época é lembrar que todas as almas podem passar por períodos de completa escuridão, como é o caso dessa noite, mas tão pronto o dia amanheça, a luz recomeça seu tranquilo percurso para que em pouco tempo, volte a iluminar nossos corações. E crer nisso, meus amigos, é o que nos sustenta perante toda e qualquer incerteza - elas passam. Assim como passam as alegrias, as dores também hão de passar. E quem está vivo, nisso acredita, por mais que não consiga aceitar. Brindemos à esperança, brindemos ao que há de bom para nos salvar!”
Depois de um caloroso brinde, em que quase derramei o conteúdo de minha taça no peru sobre a mesa, sentamos, conversamos e fomos uma família até a hora de deitar. Após beijar minha esposa, deito minha cabeça no travesseiro e subitamente me lembro: “e a neve, por onde anda?”. Não demorou muito, e acabei adormecendo sem mais hesitar.
“Neve! Pai, tem neve!”
Sou acordado por Aurora com seus gritos de alegria, e quando consegui formalizar o que ela havia me dito, senti-me como se tivesse acabado de engolir uma pedra! “Finalmente eu vou conhecer a neve...”, pensava alto, e ao mesmo tempo que me trocava, sentia um terror súbito de ir lá fora. Aquilo ia e vinha, até me fazer ficar sentado por algum tempo refletindo se era tudo verdade. “Vem logo, amor, a menina quer brincar com você!” - Marília me fazia acordar pela segunda vez, e agora sim saíra do quarto.
Ao pisar naquele tapete branco, sentindo o ar frio invadindo meus pulmões, permaneci um tempo parado, como se ainda estivesse tentando acreditar. Foi aí que Aurora jogou uma bola de neve nas minhas costas e, finalmente, abri um sorriso que nem os coros, nem o chocolate quente ou qualquer outra coisa daquele lugar haviam me proporcionado - foi quando fiz a minha primeira bola e joguei contra Marília, e assim, começamos nossa brincadeira! Josué e Isabella ficavam nos olhando com se fôssemos 3 crianças comendo melaço pela primeira vez, até que ele, após levar uma bolada minha, desceu e me ajudou a fazer meu primeiro boneco de neve! “Felicidade branca, felicidade alva!” - era só nisso que pensava!
Passada a excitação do momento, aproveitei que todos haviam entrado pra se esquentar e fiquei sentado, na varanda da casa, observando um pouco o movimento da rua. Foi quando avistei uma senhorinha, de baixa estatura e longos cabelos grisalhos, visíveis mesmo com o gorro que ela usava, passando umas casas à frente. De imediato, lembrei de minha mãe. Quase que instintivamente, desci a escada na entrada da casa e fui ao encontro dela, como se tivesse algo a lhe dizer - foi quando um das sacolas que ela trazia caiu no chão, e me precipitei para recolhê-la. Ao subir minha vista e olhar para seu rosto, senti-me estranho por confirmar que não era ela.
“Oh, thank you, sir!”
“De nad- oh, you’re welcome, lady”
Ela me deu um sorriso cortês antes de seguir seu caminho. Retribuí, sorrindo de forma desconcertada, e voltei para casa. “You’re not there”, no rádio alguém cantava.
Subi ao quarto, e chorei.
Chorei todas as lágrimas que podia chorar, e senti os pingos caindo como cachoeira sobre minhas pernas, ainda um pouco geladas. Foi aí que Marília, ouvindo do corredor meus soluços, chamou Aurora para falar comigo. Minha menina entrou no quarto, perguntando porque seu papai chorava e então veio me abraçar.
A segurei em meus braços, disse que estava tudo bem.
E ela sorriu para mim.
Ela sorriu para mim.
De repente, lembrei das palavras de Isabella, naquela mesa de jantar:
“Assim como passam as alegrias, as dores também hão de passar. E quem está vivo, nisso acredita, por mais que não consiga aceitar. Brindemos à esperança, brindemos ao que há de bom para nos salvar!”
Foi quando Marília também entrou para me abraçar. E ao tê-las do meu lado, no mais completo silêncio, eu soube que ela também estava lá. Fechei os olhos e senti de súbito meu coração esquentar...
Você estava lá.
Você estava lá.
And all is calm... All is bright
---
Hernando Siqueira Neto, 25 anos. Uma pessoa que aproveita bastante seu ócio criativo e sua suposta solidão. E que vive pensando em Marianne.
domingo, 11 de novembro de 2012
Flavors: Y Kant Tori Read
O Y Kant Tori Read é um álbum de rompimento. Mesmo sendo aquele exagero sonoro e visual (especialmente pelo spray para cabelo que exala do encarte, rs), o disco tem letras extremamente emocionais, e algumas de suas músicas são tocadas até hoje por Tori (Cool On Your Island, Etienne). Admito que me surpreendi ao terminar suas traduções, me sentindo assim na obrigação de incluí-lo na série Flavors e convidando o Felipe Colmenero, autor do cativante texto sobre o Scarlet's Walk, a contribuir mais uma vez para o blog. Aqui está o ótimo resultado de seu esforço: uma viagem não-linear, indecisa sobre ser ou não ser uma bad trip, mas cheia de personalidade e, por que não, carão? Let's see the Big Picture...
PARTE I
"Mas como isso é brega!" Ele diz.
"Meu amor" — eu digo — "nos anos 80 todo mundo tinha que pagar o aluguel e fazer um permanente, era o último grito da moda em Milão."
Nos conhecemos e ouvimos Y Kant Tori Read em 2006.
PARTE II
Sentei num restaurante numa quinta feira e fui comer um rolinho primaveira. Só um rolinho primavera, um temakizinho e curtir a chuva. Tô no Brasil, sou brasiliense e queria comer comida japonesa. Eu não sei LIBRAS, e não sou surdo, mas eu, como bom ator que finge ser italiano, eu só falo gesticulando. E fazer um bom molho vermelho.
Saiu de dentro de mim vermelho naquela primeira vez, sabia?
E lá, bom lá estava. No restaurante. Quem estava, ele com seu novo amor?
Mudei de mesa pra me esconder deles. Eu os vi. E fui visto. Senti a vergonha de ser quem eu era.
Eu, com meus bregas cabelos vermelhos bagunçados, senti o constrangimento.
Eu gesticulei, apreensivo, no meu pseudo linguagem de sinais: — eu não sabia. Eu não sabia que você estaria aqui.
Naquele restaurante, fiz o mesmo gesto que fiz a ele naquele dia mesmo, no motel. Quando o abandonei, no motel que sempre iamos juntos.
Ele acordou frio.
Tava chovendo horrores e desci pra pegar o carro. Adivinha...
A janela tava quebrada, o carro fudido, arrombaram meu carro! Roubaram minhas coisas...
Fayth.
Tenha fé.
Ligo pro seguro, pro guincho, ligo pro taxi. Nada. Ligo pra você. Mesma coisa.
O taxista, ao menos, finalmente foi me buscar, me viu... o cliente tinha cabelo ruivo, vermelho, rosa, arrepiado e bagunçado, umas botas sujas e ao me buscar, ele já sabia que eu era uma puta de fé. Como deve ser toda pessoa que pede um taxi ao sair do motel.
Fayth tem fogo ao lado.
PARTE III
Fogo ao lado direito da cama (ele sempre dorme no lado direito da cama).
Fogo ao lado (ele sempre senta no banco do passageiro quando eu o busco em casa). Fogo ao lado (ele sempre me chama de puta).
Fogo ao lado (porque eu sempre ... bom, eu sempre sento e me sinto perto do frio).
PARTE IV
O taxista viu a puta e me perguntou: — você está bem?
Não.
Seria a resposta sincera.
Eu, com meu cabelo com permanente, e meu sorriso disse: — tô bem, mas parece que a cidade tá flutuando, nessa chuva! Tudo tá derrapando... a gente deveria ter cuidado em como a gente dirige. Tem tanta água que pode até aparecer um barco no meio de Brasília.
Com os piratas.
Estou tão longe de casa, ele nesse motel quebrou minhas joias. Porra... espero que esteja ardendo nele assim como tá ardendo em mim agora. Ardendo bem naquele lugar... Ao menos ele pagou a conta do motel.
— Porque você pediu um taxi?
— Porque arrombaram meu carro e eu preciso voltar pra casa pra pegar os documentos do seguro.
tsc tsc tsc... coisas em que a gente finge que acredita.
Não, eu sou uma puta. Eu sou um vendedor. Eu sou o amante.
Eu sou o amante emocional ou o amante cheio de lascívia melancólica?
Porque nosso sexo é bom, mas tampouco é satisfatório. E se eu sou o amante emocional... o sexo é unilateral. Ele quer atiçar minha admiração. Se ele me tratasse com respeito, eu não teria fugido.
Merda... quebraram meu carro... esses 50 reais nem vão ser suficientes pro taxi...
PARTE VI
Sabe quando você quer comer um rolinho primavera no seu restaurante predileto.
— Nossa, como deu vontade de ir naquela temakeria na 209 sul e comer aquele temaki e rolinho primavera! Só quero o temaki e o rolinho. Eu nunca quero aquele gengibre e aquele nabo e a cenourinha ralada que vem de acompanhamento, mas acabo comendo só pra não desperdiçar meu dinheiro.
Eu sou o acompanhamento. O prato que vem junto e que no fim a gente acaba comendo.
E ele não desperdiçou o dinheiro dele.
PARTE VI
Saindo do restaurante, eu sou o que gesticula. sempre sento agora no banco do lado, ardo no banco do lado e, como sou destro, logo, fica mais fácil para fazer aquilo que você já sabe que homens fazem na calada da noite dentro do carro, aquilo que você sabe que está ao meu lado. Mas escondido dentro de um zíper.
A cidade está alagada de chuva, mas quando você vai me levar pra sua cidade flutuante. Onde não há frieza, água salgada e os todos... etceteras...
Ele estava aqui. Mas o outro (d)ele, não.
O outro está dormindo em sua casa, calmo, aconchegado. Esperando ele chegar e dormirem quentinhos, de conchinha.
PARTE VII
Fayth tá com o carro fudido e pegou um táxi.
O taxista começa a bater papo. Finalmente ele percebe que eu não estou bem. Eu tento desconversar.
—O que houve?!
Primeiro sinal de compaixão com o garoto esquisito que ele pegou no motel com cabelo vermelho bagunçado de quem acabou de trepar e marcas vermelhas no rosto.
—Meu braço esquerdo tá dormente e estou com dor de cabeça e sentido meu peito pesado. E eu não to conseguindo respirar...
— Isso pode ser um enfarto! Mas você é tão bonito e jovem, quantos anos tens, uns 23? — Não... tenho quase 27...
I'm loving him too much.
— Quer que eu te deixe no hospital?
— Não, eu tô bem. É só ansiedade, e fome. Pode me deixar ali na 209 norte, quero comer um rolinho primaveira e ir pra casa. Moro por ali mesmo.
Sento a mesa, controlando minha tremedeira e minha dormência no braço esquerdo. Olho pra frente. Ele. E ele. Juntos. Escuto por alto: — olha quem tá ali...o Felipe.
You took my love, you took my money, you took my sex. Why am I afraid of change? Kiss goobye.
Eu faria tudo de graça. E com prazer. Mas arde, não?
PARTE VIII
Com o braço dormente, eu gesticulo: Eu não sabia. Eu não sabia que você estava aqui. Eu não te segui.
O outro, percebe que há um pária conhecido (será que a outra puta está por perto?), se volta pra trás e me olha com desaprovo. Eles pedem a conta e saem.
Why I was there for you? You won't even let me keep you from falling from the boundary that divides our love...
No caminho, escondido do namorado dele, ele toca no meu pulso e me dá um olhar. Sua pele estava pegando fogo. Fire on the side, no meu pulso direito. Suspirou, friamente, no meu ouvido: — eu queria terra estável, mas você preferiu se afundar. Você me disse que estava infeliz. Eu sempre estive ao seu lado, mas acho que eu não era o suficiente.
PARTE IX
Meu corpo também é uma ilha. Como meu carro é uma ilha. Como Brasília é uma ilha.
Minha ilha está congelante.
PARTE X
Sento um dia, naquela temakeria. E eu achando italiano gesticulo... escondidamente:
Eu não sabia que voce estava aqui!
Alguem fudeu com meu carro. No dia que eu descobri que você... bom... você estava admirando as coxas de outra puta. Porra velho, sou sua puta e você agora nem quis me ver.
Sabe o que é interessante em carros? Eles se parecem com ilhas. Simples e claramente, nao dá pra fugir. As ilhas no frio, bem tu tens de ter corrones pra fugir. Abrir a porta do carro em movimento. Desliga esse ar condicionado que não to aguentando o frio! Arde quando, tuas botas arrastam no asfalto antes mesmo do carro parar, quando você pula fora da
ilha.
PARTE XI
Eu tava no meu carro. Eu estava no meu carro, fugindo. A porta estava quase pegando fogo depois do acidente. Era muito fogo ao meu lado. Não era mais um taxista, mas eu precisava de mais dinheiro.
Acho que ele gostou do meu cabelo ruivo, do meu permanente. Das minhas botas de couro.
E gostou da espada que eu carregava.
PARTE XII
Eu não sabia que você estaria aqui
.
Foi um acidente de carro.
Tsc tsc tsc tsc tsc tsc
Quando a gente precisa de um segurança, ele rouba sua cueca.
O seguro, não atende, mas o taxista atende. E cobra 45 reais. Pra me levar na oficina. Ele me olha com aquele olhar e pensa, essa puta deve ganhar menos de 50 reais, já dá pra saber por esse cabelo e essas botas.
Quantas vezes eu estive no banco do passageiro?
PARTE XII
Minha ilha está congelante.
Minha ilha está congelada.
---
Felipe Colmenero
26 anos e ainda preso à nostalgia e às saudades do que ainda não veio. Pensa que é um autista plástico, escritor ninfomaníaco e cozinheiro de mão cheia, mas o que faz de melhor é ser cantor desafinado de karaokê, beber vodka barata e escrever poemas nas paredes da casa com péssima caligrafia. Brasiliense aquariano com ascendente em aquário, logo um arrogante cínico e/ou um ativista esquizofrênico que chora escondidinho no chuveiro, Enquanto pinta o cabelo de rosa, Sou uma imitação de mim mesmo.
PARTE I
"Mas como isso é brega!" Ele diz.
"Meu amor" — eu digo — "nos anos 80 todo mundo tinha que pagar o aluguel e fazer um permanente, era o último grito da moda em Milão."
Nos conhecemos e ouvimos Y Kant Tori Read em 2006.
PARTE II
Sentei num restaurante numa quinta feira e fui comer um rolinho primaveira. Só um rolinho primavera, um temakizinho e curtir a chuva. Tô no Brasil, sou brasiliense e queria comer comida japonesa. Eu não sei LIBRAS, e não sou surdo, mas eu, como bom ator que finge ser italiano, eu só falo gesticulando. E fazer um bom molho vermelho.
E lá, bom lá estava. No restaurante. Quem estava, ele com seu novo amor?
Mudei de mesa pra me esconder deles. Eu os vi. E fui visto. Senti a vergonha de ser quem eu era.
Eu, com meus bregas cabelos vermelhos bagunçados, senti o constrangimento.
Eu gesticulei, apreensivo, no meu pseudo linguagem de sinais: — eu não sabia. Eu não sabia que você estaria aqui.
Naquele restaurante, fiz o mesmo gesto que fiz a ele naquele dia mesmo, no motel. Quando o abandonei, no motel que sempre iamos juntos.
Ele acordou frio.
Tava chovendo horrores e desci pra pegar o carro. Adivinha...
A janela tava quebrada, o carro fudido, arrombaram meu carro! Roubaram minhas coisas...
Fayth.
Tenha fé.
Ligo pro seguro, pro guincho, ligo pro taxi. Nada. Ligo pra você. Mesma coisa.
O taxista, ao menos, finalmente foi me buscar, me viu... o cliente tinha cabelo ruivo, vermelho, rosa, arrepiado e bagunçado, umas botas sujas e ao me buscar, ele já sabia que eu era uma puta de fé. Como deve ser toda pessoa que pede um taxi ao sair do motel.
Fayth tem fogo ao lado.
PARTE III
Fogo ao lado direito da cama (ele sempre dorme no lado direito da cama).
Fogo ao lado (ele sempre senta no banco do passageiro quando eu o busco em casa). Fogo ao lado (ele sempre me chama de puta).
Fogo ao lado (porque eu sempre ... bom, eu sempre sento e me sinto perto do frio).
PARTE IV
O taxista viu a puta e me perguntou: — você está bem?
Não.
Seria a resposta sincera.
Eu, com meu cabelo com permanente, e meu sorriso disse: — tô bem, mas parece que a cidade tá flutuando, nessa chuva! Tudo tá derrapando... a gente deveria ter cuidado em como a gente dirige. Tem tanta água que pode até aparecer um barco no meio de Brasília.
Com os piratas.
Estou tão longe de casa, ele nesse motel quebrou minhas joias. Porra... espero que esteja ardendo nele assim como tá ardendo em mim agora. Ardendo bem naquele lugar... Ao menos ele pagou a conta do motel.
— Porque você pediu um taxi?
— Porque arrombaram meu carro e eu preciso voltar pra casa pra pegar os documentos do seguro.
tsc tsc tsc... coisas em que a gente finge que acredita.
Não, eu sou uma puta. Eu sou um vendedor. Eu sou o amante.
Eu sou o amante emocional ou o amante cheio de lascívia melancólica?
Porque nosso sexo é bom, mas tampouco é satisfatório. E se eu sou o amante emocional... o sexo é unilateral. Ele quer atiçar minha admiração. Se ele me tratasse com respeito, eu não teria fugido.
Merda... quebraram meu carro... esses 50 reais nem vão ser suficientes pro taxi...
PARTE VI
Sabe quando você quer comer um rolinho primavera no seu restaurante predileto.
— Nossa, como deu vontade de ir naquela temakeria na 209 sul e comer aquele temaki e rolinho primavera! Só quero o temaki e o rolinho. Eu nunca quero aquele gengibre e aquele nabo e a cenourinha ralada que vem de acompanhamento, mas acabo comendo só pra não desperdiçar meu dinheiro.
Eu sou o acompanhamento. O prato que vem junto e que no fim a gente acaba comendo.
E ele não desperdiçou o dinheiro dele.
PARTE VI
Saindo do restaurante, eu sou o que gesticula. sempre sento agora no banco do lado, ardo no banco do lado e, como sou destro, logo, fica mais fácil para fazer aquilo que você já sabe que homens fazem na calada da noite dentro do carro, aquilo que você sabe que está ao meu lado. Mas escondido dentro de um zíper.
A cidade está alagada de chuva, mas quando você vai me levar pra sua cidade flutuante. Onde não há frieza, água salgada e os todos... etceteras...
Ele estava aqui. Mas o outro (d)ele, não.
O outro está dormindo em sua casa, calmo, aconchegado. Esperando ele chegar e dormirem quentinhos, de conchinha.
PARTE VII
Fayth tá com o carro fudido e pegou um táxi.
O taxista começa a bater papo. Finalmente ele percebe que eu não estou bem. Eu tento desconversar.
—O que houve?!
Primeiro sinal de compaixão com o garoto esquisito que ele pegou no motel com cabelo vermelho bagunçado de quem acabou de trepar e marcas vermelhas no rosto.
—Meu braço esquerdo tá dormente e estou com dor de cabeça e sentido meu peito pesado. E eu não to conseguindo respirar...
— Isso pode ser um enfarto! Mas você é tão bonito e jovem, quantos anos tens, uns 23? — Não... tenho quase 27...
I'm loving him too much.
— Quer que eu te deixe no hospital?
— Não, eu tô bem. É só ansiedade, e fome. Pode me deixar ali na 209 norte, quero comer um rolinho primaveira e ir pra casa. Moro por ali mesmo.
Sento a mesa, controlando minha tremedeira e minha dormência no braço esquerdo. Olho pra frente. Ele. E ele. Juntos. Escuto por alto: — olha quem tá ali...o Felipe.
You took my love, you took my money, you took my sex. Why am I afraid of change? Kiss goobye.
Eu faria tudo de graça. E com prazer. Mas arde, não?
PARTE VIII
Com o braço dormente, eu gesticulo: Eu não sabia. Eu não sabia que você estava aqui. Eu não te segui.
O outro, percebe que há um pária conhecido (será que a outra puta está por perto?), se volta pra trás e me olha com desaprovo. Eles pedem a conta e saem.
Why I was there for you? You won't even let me keep you from falling from the boundary that divides our love...
No caminho, escondido do namorado dele, ele toca no meu pulso e me dá um olhar. Sua pele estava pegando fogo. Fire on the side, no meu pulso direito. Suspirou, friamente, no meu ouvido: — eu queria terra estável, mas você preferiu se afundar. Você me disse que estava infeliz. Eu sempre estive ao seu lado, mas acho que eu não era o suficiente.
PARTE IX
Meu corpo também é uma ilha. Como meu carro é uma ilha. Como Brasília é uma ilha.
Minha ilha está congelante.
PARTE X
Sento um dia, naquela temakeria. E eu achando italiano gesticulo... escondidamente:
Eu não sabia que voce estava aqui!
Alguem fudeu com meu carro. No dia que eu descobri que você... bom... você estava admirando as coxas de outra puta. Porra velho, sou sua puta e você agora nem quis me ver.
Sabe o que é interessante em carros? Eles se parecem com ilhas. Simples e claramente, nao dá pra fugir. As ilhas no frio, bem tu tens de ter corrones pra fugir. Abrir a porta do carro em movimento. Desliga esse ar condicionado que não to aguentando o frio! Arde quando, tuas botas arrastam no asfalto antes mesmo do carro parar, quando você pula fora da
ilha.
PARTE XI
Eu tava no meu carro. Eu estava no meu carro, fugindo. A porta estava quase pegando fogo depois do acidente. Era muito fogo ao meu lado. Não era mais um taxista, mas eu precisava de mais dinheiro.
Acho que ele gostou do meu cabelo ruivo, do meu permanente. Das minhas botas de couro.
E gostou da espada que eu carregava.
PARTE XII
Eu não sabia que você estaria aqui
.
Foi um acidente de carro.
Tsc tsc tsc tsc tsc tsc
Quando a gente precisa de um segurança, ele rouba sua cueca.
O seguro, não atende, mas o taxista atende. E cobra 45 reais. Pra me levar na oficina. Ele me olha com aquele olhar e pensa, essa puta deve ganhar menos de 50 reais, já dá pra saber por esse cabelo e essas botas.
Quantas vezes eu estive no banco do passageiro?
PARTE XII
Minha ilha está congelante.
Minha ilha está congelada.
---
Felipe Colmenero
26 anos e ainda preso à nostalgia e às saudades do que ainda não veio. Pensa que é um autista plástico, escritor ninfomaníaco e cozinheiro de mão cheia, mas o que faz de melhor é ser cantor desafinado de karaokê, beber vodka barata e escrever poemas nas paredes da casa com péssima caligrafia. Brasiliense aquariano com ascendente em aquário, logo um arrogante cínico e/ou um ativista esquizofrênico que chora escondidinho no chuveiro, Enquanto pinta o cabelo de rosa, Sou uma imitação de mim mesmo.
sábado, 10 de novembro de 2012
[Traduções] Y Kant Tori Read
Nós do toribr não tínhamos intenção de fazer traduções para o Y Kant Tori Read; foi quando uma fã perguntou se havia esse interesse, e pensei: well, why not (and stop for a coffee, rs)? O melhor de ter traduzido as letras foi perceber o potencial do disco, com versos verdadeiramente inspirados que acabam despercebidos por muitos pela sonoridade oitentista e exagerada do álbum. Dá até para sonhar com um YKTR reeditado e mais orgânico... Se bem que quem gosta dele sempre diz que é melhor não mexer em nada, já é muito bom com todo aquele hairspray que sai dos fones hahahaha
Enjoy it!
THE BIG PICTURE*
Alguém quebrou minha janela,
Entrou em meu carro novo noite passada
Peguei meu namorado olhando
Para outro esbelto par de coxas...
Tenho de fazer mais dinheiro
Tenho, tenho de chegar lá!
Antes de todo mundo, sim
Vou jogá-los da escada
Se eles sequer parecerem
Ter uma chance
“The Big Picture”
Uma nuvem grande e branca
“The Big Picture”
Está me encarando
Me encarando
Ooh, Ooh, sim! Ooh, Ooh, sim!
O todo...
Por que me sinto com tanto medo
De que alguém venha e tome o que é meu?
Baby, é só um aluguel
Ninguém é de fato dono da mercadoria
E afinal, o que quero de verdade?
Isso se perdeu em algum lugar,
Aqui dentro
Minha mãe está no meu caso
E eu a disse, “É minha vida”
Bem, ela acabou morrendo
“The Big Picture”
Uma nuvem grande e branca
“The Big Picture”
Está me encarando
Me encarando
“The Big Picture”
Numa grande parece vazia, ei...
“The Big Picture”
Está me encarando
Me encarando
Ooh, Ooh, sim! Ooh, Ooh, sim!
Ooh, Ooh, sim! Ooh, Ooh, sim!
Quando eu conseguir ver,
Tentarei outra vez
Eu tenho minha pinturas
The Big Picture,
The Big Picture...
Ei!
* Preferi manter a expressão “The Big Picture” sem tradução porque ela é típica dos EUA e tem mais sentido se não for traduzida. “To see the big picture” é ter uma noção de totalidade, a exemplo de ver uma construção e invés de se apegar a pequenos detalhes dela, vislumbrar o resultado final e completo. É ter uma visão ampla e clara do que se quer, e na música parece ir de encontro à ideia de compreensão plena sobre algo (talvez a carreira da própria Tori, ou sua vida como um todo mesmo).
COOL ON YOUR ISLAND*
Se não me tratar melhor,
Baby, eu irei embora
Baby, não sei o que lhe leva
A se envolver nesses jogos imbecis
Ei, olha só,
Sou muito mais forte do que pensa
E às vezes não tenho medo
De demonstrar isso
Quando você se dará conta
De que lhe quero mais intensamente do que o sol e as estrelas?
Mas não posso aguentar mais que isso...
A calmaria em sua ilha
É seguro em sua ilha?
Ei, estou com um vestido novo em folha, querido
Será que isso faria você querer tentar?
Acho que não quis perceber
As estrelas ausentes de seu olhar
Olha só, baby
Sou muito mais forte do que pensa
E às vezes não tenho medo
De demonstrar isso
Quando você se dará conta
De que lhe quero mais intensamente do que o sol e as estrelas?
Mas não posso aguentar mais que isso...
A calmaria em sua ilha
É seguro em sua ilha?
Ei!
Nós podemos comprar um avião
Construir nosso lar sobre a areia
Você me diria seus segredos,
E eu os entenderia
Mas então, pela manhã,
Tudo começa a desmoronar
E vejo você partindo...
Espere
Quando você se dará conta
De que lhe quero mais intensamente do que o sol e as estrelas?
Mas não posso aguentar mais que isso...
A calmaria em sua ilha
Você é tão seguro de si, baby
Quando você se dará conta
De que lhe quero mais intensamente do que o sol e as estrelas?
Mas não posso aguentar mais que isso...
A calmaria em sua ilha
Você é tão seguro em sua ilha
É seguro em sua ilha?
É seguro, baby?
Sim...
Se não me tratar melhor,
Baby, eu irei embora
Seguro em sua ilha, sim
Se não me tratar melhor,
Então um dia você acordará com frio...
E aí saberá...
Você saberá
Que me ama
* Traduzir a palavra “Cool” nessa música deu um certo trabalho, mas com a ajuda de outros toriphiles, creio que o resultado esteja bem adequado. “Seguro” aqui é no sentido de ser autoconfiante, mas a ponto de se tornar um pouco frio e arrogante (Obrigado Victor Hugo, Lucas Vosch, Felipe Colmenero e Hamilton Guilherme).
FAYTH
Dê certo na cidade
Faça o que puder
Acene para o cara
Com a arma em sua mão
Ei!
Garotas “Pirulito”
Enchem as ruas
Ficam em fila para entrar
Em sua limousine
Você levou meu amor
Você levou meu dinheiro
Você levou o meu sexo!
Levou meu amor
Levou meu dinheiro...
Me dê
Fé
Ajude-me a me manter inteira,
Com um pouco mais de fé
Com um pouco mais de fé, sim
Eu podia manter nosso amor vivo
Com um pouco mais de fé...
Eu podia acordar e encarar o dia
Como manter o romance vivo
Quando uma daminha francesa
Vive no andar de baixo?
O rádio explode
Enquanto o bebê chora!
Corro para o dragão
Que conduz a minha vida
Você levou meu amor
Você levou meu dinheiro
Você levou o meu sexo!
Levou meu amor
Levou meu dinheiro...
Me dê
Fé
Ajude-me a me manter inteira
Com um pouco mais de fé
Com um pouco mais de fé, sim
Eu podia manter nosso amor vivo
Com um pouco mais de fé...
Eu podia acordar e encarar o dia
Eu podia acordar e encarar o dia!
Talvez até começar de novo!
Por que tenho medo de mudanças?
Talvez Fayth* possa entender
Querido, lembro-me bem da vez
Em que eu segurava violetas em minhas mãos
O amor pode esmagar quando segurado com avidez
(mas) Nós podemos fazê-lo vivo novamente
Com um pouco mais de
Fé
* Fayth é um nome próprio do inglês, e mesmo sendo uma referência direta à palavra “Fé”, no trecho não traduzido encaixa-se melhor deixá-lo como o nome de alguma personagem mesmo.
FIRE ON THE SIDE*
Pôr-do-sol púrpura
Lua laranja
Estou sozinha de novo,
Sem você
Eu sabia que alguém tinha de perder
Um beijo de adeus,
Volte para a vida isolada
Que você leva com ela
As cinzas se espalham
Nesse céu de ventania
Leve meu coração
Quando estiver indo embora
Baby, machuca
Baby, machuca
Baby, machuca
Ser a sua estepe
Prove das minhas lágrimas
Sinta como elas queimam...
Baby, machuca ser
A sua estepe
Pôr-do-sol púrpura
Lua laranja
Como a música pode tocar
Quando a única banda/anel
É feito de ouroª?
Em torno de sua mão,
Que eu costumava segurar
Sobre meu peito, toda noite
Mas ainda posso ter esperança
De que um dia você veja
Que eu sou sua casa
Baby, machuca
Baby, machuca
Baby, machuca
Ser a sua estepe
Prove das minhas lágrimas
Sinta como elas queimam...
Baby, machuca ser
A sua estepe
Um beijo de adeus
Volte para a vida isolada
Que você leva com ela
Leve meu coração
Quando estiver indo embora
Baby, machuca
Baby, machuca
Baby, machuca
Ser a sua estepe
Prove das minhas lágrimas
Sinta como elas queimam...
Baby, machuca ser
A sua estepe
* Enquanto traduzia a música, descobri que “on the side” tem a ver com ser um amante. Um exemplo: “I’m the woman on the side” significa “eu sou a amante”. Na tentativa de encontrar uma expressão melhor pra usar na música, discuti com uns amigos até que cheguei na expressão “sua estepe” por intermédio de Fernando Fico. Obrigado a ele e a todos que me ajudaram ^^
ª O versos originais dessa música são “how can the music play when the only band is made with gold?” - “band of gold” é traduzido também como “anel de ouro”, uma referência às alianças de compromisso. Daí o trocadilho, que não existe no português, mas coube bem na música.
PIRATAS
Viajei para longe
De minha casa
Ruas estrangeiras,
Pavimento de pedra
No mais fundo dos meus sonhos,
“Moroccan Sand”*
E agora navego com meu navio
Em terra seca
Há uma luz
Brilhando na fronteira
Piratas, sim!
Piratas
E na noite escura,
Quando você se sente só
E o mundo não consegue
Lhe entender...
Piratas, sim!
Piratas
Roube a joia,
Agora a veja quebrando
Isto corta com um olho,
Não posso escapar
O rubi cura
Sozinha eu fico
Quando navego com meu navio
Em terra seca
Há uma luz
Brilhando na fronteira
E baby, um dia
Nós estaremos lá
Piratas, sim!
Piratas
E na noite escura,
Quando você se sente só,
E o mundo não consegue
Lhe entender...
Piratas, sim!
Piratas
Há uma luz
Brilhando na fronteira
Piratas, sim!
Piratas
Há uma luz
Brilhando na fronteira...
* Moroccan Sand, ou “Areia Marroquina” (tradução literal), parece ser um tipo de azulejo. Aqui um catálogo deles: LINK
CIDADE FLUTUANTE
Você me deixou
Por que foi embora?
Sabe que acreditei em você...
Nada pôde explicar
Para onde foram as respostas?
Só sei que preciso de você
Diga-me,
Sua cidade é pavimentada com ouro?
Lá tem fome?
Seu povo envelhece?
Seus governantes tem segredos
Que ele mesmos trataram de vender?
A cada noite, eu espero
Leve-me daqui
Para sua Cidade Flutuante
Em minha janela, à noite
Eu vejo as luzes
De sua Cidade Flutuante
Eu quero brincar
Em sua Cidade Flutuante, sim
Cidade Flutuante, sim...
A TV apaga
Cada um de nós que disse
Ter visto você
Diga-me, somos o único planeta
Que não soube lhe compreender?
Seremos como a Atlantis de tempos atrás?
Tão certos de sermos avançados
Com o que já conhecemos,
Que nosso Espírito nunca teve tempo
Para crescer?
A cada noite, eu espero
Leve-me daqui
Para sua Cidade Flutuante
Em minha janela, à noite
Eu vejo as luzes
De sua Cidade Flutuante
Eu quero brincar
Em sua Cidade Flutuante, sim
Cidade Flutuante, sim...
É uma fraqueza procurar por Salvadores no Espaço?
A pequena Terra tenta duramente mudar nossos modos
Às vezes ela deve ficar cheia deste lugar...
A cada noite, eu espero
Leve-me daqui
Para sua Cidade Flutuante
Em minha janela, à noite
Eu vejo as luzes
De sua Cidade Flutuante
Eu quero brincar
Em sua Cidade Flutuante, sim
Cidade Flutuante, sim...
HEART ATTACK AT 23
Não sei por que eu fiz isso
Peguei as chaves do carro de meu irmão
Por que eu deveria aparecer por aqui
Outra vez?
Ei!
Só para pôr meus pés no chão, sim
Sirenes me acordam,
Acordam-me com um choro
As coisas que fazemos por atenção...
Só uma pequeno lembrete, querido:
Eu ainda estou viva
Hum!
Tão confusa,
Quase joguei tudo para o alto por você
Bem, você me levou ao mais alto
E então me deixou cair ao mais baixo
Que já pude chegar
Se eu tiver um ataque cardíaco aos 23
Estou amando você demais
Se eu tiver um ataque cardíaco aos 23
Acene tchau-tchau
Você sentirá minha falta
Sentirá minha falta, baby
Se eu tiver um ataque cardíaco aos 23
Todas, todas as minhas amigas!
Nós gastamos muito amor com nossos homens
Por que eu não posso perdoar
Enquanto ele está por aí,
De safadeza com sua linda Argentina?
Cha!
Cha!
Owwwww!
Se eu tiver um ataque cardíaco aos 23
Estou amando você demais
Se eu tiver um ataque cardíaco aos 23
Acene tchau-tchau
Você sentirá minha falta
Sentirá minha falta, baby
Se eu tiver um ataque cardíaco aos 23
Se fosse pelos meus sonhos
Estaríamos juntos,
Numa terra de fitas escarlates
Unindo você a mim, querido
Mas você sabe que eu nunca estou satisfeita
Com todas as coisas boas em minha vida, sim
Pensei que precisasse de sua força...
Ainda sentirei sua falta quando eu for embora
(Rolando, Rolando, Rolando, Rolando...)
Se eu tiver um ataque cardíaco aos 23
Estou amando você demais
Se eu tiver um ataque cardíaco aos 23
Acene tchau-tchau, baby
Se eu tiver um ataque cardíaco aos 23
Se eu tiver um ataque cardíaco aos 23, baby
Se eu tiver um ataque cardíaco, baby
Estou amando, amando você demais, sim
Eu, você sentirá minha falta, baby
Sentirá minha falta quando for embora
Acene tchau-tchau, baby
Acene tchau-tchau, baby
Estou amando, amando você demais!
Demais, baby
Demais
ON THE BOUNDARY
Você disse querer um chão mais seguro
Mas depois o peguei dentro de um rio
Estava lá para salvá-lo, garoto
Mas você preferiu se afogar...
Você disse que estava infeliz,
Mas tudo bem
Melhor isso do que não saber
O que me aguardava do outro lado
E você bem sabe
Que eu sempre estive lá por você
E você sabe que eu sempre tive fé em você
Acho que não foi o bastante
No limite,
No limite, baby
No limite
Você não precisa de meu amor?
Você não vai nem me deixar
Impedir a sua queda?
Do limite que divide nosso amor...
Eu lhe dei um reino
Onde você poderia ser um Lorde
E nós dois sabemos que você amava
O sabor do meu mundo
Mas aí você correu de volta para seu canto,
Onde tropeça em suas linhas...
Olhe para a esquerda, depois para a direita
Não há onde se esconder
No limite,
No limite, baby
No limite
Você não precisa de meu amor?
Você não vai nem me deixar
Impedir a sua queda?
Do limite que divide nosso amor...
Eu acho que não foi o bastante
Acho que eu não fui o bastante!
No limite,
No limite, baby
No limite
Você não precisa de meu amor?
Você não vai nem me deixar
Impedir a sua queda?
Do limite que divide nosso amor
YOU GO TO MY HEAD
Docinho, olá...
Faça de mim uma escrava
Eu deveria ter mais controle
Pombinho, olá!
Você tomou total vantagem
De minha janela aberta
Quando o frio da noite já foi mandado para longe,
Tudo o que mais quero é acordar em seus braços
E eu sei que não deveria deixá-lo ficar,
Mas eu sinto luxúria por seu amor...
Você vai direto à minha mente
Você vai direto à minha mente
Você vai direto à minha mente
E sabe que não consigo dizer não
A você e seu amigo...
Você chama: oh não...
(Você sabe que o deseja)
Garoto, seu coração balança com o vento,
De rosa em rosa...
Abelha, volte para casa
(Por favor, fique)
Volte para esse ninho quente
Que você abandonou minutos atrás
Sim, entendo que você está me dando seu tempo
Mas você não percebe que lhe dei meu coração?
Toda essa luz em seus olhos veio do vinho...
Eu sinto mesmo luxúria por seu amor
Você vai direto à minha mente
Você vai direto à minha mente
Você vai direto à minha mente
E sabe que não consigo dizer não
A você e seu amigo, sim!
Ei, eu sinto luxúria, baby
Por seu amor, sim
Você vai direto à minha mente, c’mon!
Você vai direto à minha mente
Você vai direto à minha mente
E sabe que jamais,
Jamais lhe direi não
Você vai, vai direto à minha mente
Você vai direto à minha mente
Você vai direto à minha mente
Ei, quando você chega aqui,
Vá, vá, baby
Quando você vai lá,
Eu, lá embaixo...
O frio é mandado para longe
Vai para noite,
Mandado para longe
Vai para noite,
Mandado para longe
Sim...
ETIENNE
Talvez eu seja uma feiticeira
Perdida no tempo
Correndo pelos campos da Escócia,
A seu lado
Expulsa da França,
Mas ainda mantendo minha fé
Levada a uma terra
Distante e além-mar
Etienne
Etienne
Ouça o Vento do Oeste
Suspirar meu nome
Etienne
Etienne
Pela manhã
Talvez me recorde
De quem sou
Talvez você seja um cavaleiro
Que salvou minha vida
Talvez tenhamos encarado o fogo juntos,
Lado a lado
E aqui estamos nós, outra vez
Debaixo do mesmo céu
Enquanto a Bola de Cristal
Morre, lentamente
Oh, Etienne
Etienne
Ouça o Vento do Oeste
Suspirar meu nome
Etienne
Etienne
Pela manhã
Talvez nos recordemos
De quem sou
Fecho meus olhos,
Vejo você de novo
Sei que já lhe tive em meus braços,
Mas não lembro onde ou quando...
Oh, Etienne
Etienne
Ouça o Vento do Oeste
Suspirar meu nome
Etienne
Etienne
Pela manhã
Talvez nos recordemos
De quem sou
Talvez eu seja uma feiticeira...
Etienne
Suspire meu nome,
Suspire meu nome...
Etienne
Enjoy it!
THE BIG PICTURE*
Alguém quebrou minha janela,
Entrou em meu carro novo noite passada
Peguei meu namorado olhando
Para outro esbelto par de coxas...
Tenho de fazer mais dinheiro
Tenho, tenho de chegar lá!
Antes de todo mundo, sim
Vou jogá-los da escada
Se eles sequer parecerem
Ter uma chance
“The Big Picture”
Uma nuvem grande e branca
“The Big Picture”
Está me encarando
Me encarando
Ooh, Ooh, sim! Ooh, Ooh, sim!
O todo...
Por que me sinto com tanto medo
De que alguém venha e tome o que é meu?
Baby, é só um aluguel
Ninguém é de fato dono da mercadoria
E afinal, o que quero de verdade?
Isso se perdeu em algum lugar,
Aqui dentro
Minha mãe está no meu caso
E eu a disse, “É minha vida”
Bem, ela acabou morrendo
“The Big Picture”
Uma nuvem grande e branca
“The Big Picture”
Está me encarando
Me encarando
“The Big Picture”
Numa grande parece vazia, ei...
“The Big Picture”
Está me encarando
Me encarando
Ooh, Ooh, sim! Ooh, Ooh, sim!
Ooh, Ooh, sim! Ooh, Ooh, sim!
Quando eu conseguir ver,
Tentarei outra vez
Eu tenho minha pinturas
The Big Picture,
The Big Picture...
Ei!
* Preferi manter a expressão “The Big Picture” sem tradução porque ela é típica dos EUA e tem mais sentido se não for traduzida. “To see the big picture” é ter uma noção de totalidade, a exemplo de ver uma construção e invés de se apegar a pequenos detalhes dela, vislumbrar o resultado final e completo. É ter uma visão ampla e clara do que se quer, e na música parece ir de encontro à ideia de compreensão plena sobre algo (talvez a carreira da própria Tori, ou sua vida como um todo mesmo).
COOL ON YOUR ISLAND*
Se não me tratar melhor,
Baby, eu irei embora
Baby, não sei o que lhe leva
A se envolver nesses jogos imbecis
Ei, olha só,
Sou muito mais forte do que pensa
E às vezes não tenho medo
De demonstrar isso
Quando você se dará conta
De que lhe quero mais intensamente do que o sol e as estrelas?
Mas não posso aguentar mais que isso...
A calmaria em sua ilha
É seguro em sua ilha?
Ei, estou com um vestido novo em folha, querido
Será que isso faria você querer tentar?
Acho que não quis perceber
As estrelas ausentes de seu olhar
Olha só, baby
Sou muito mais forte do que pensa
E às vezes não tenho medo
De demonstrar isso
Quando você se dará conta
De que lhe quero mais intensamente do que o sol e as estrelas?
Mas não posso aguentar mais que isso...
A calmaria em sua ilha
É seguro em sua ilha?
Ei!
Nós podemos comprar um avião
Construir nosso lar sobre a areia
Você me diria seus segredos,
E eu os entenderia
Mas então, pela manhã,
Tudo começa a desmoronar
E vejo você partindo...
Espere
Quando você se dará conta
De que lhe quero mais intensamente do que o sol e as estrelas?
Mas não posso aguentar mais que isso...
A calmaria em sua ilha
Você é tão seguro de si, baby
Quando você se dará conta
De que lhe quero mais intensamente do que o sol e as estrelas?
Mas não posso aguentar mais que isso...
A calmaria em sua ilha
Você é tão seguro em sua ilha
É seguro em sua ilha?
É seguro, baby?
Sim...
Se não me tratar melhor,
Baby, eu irei embora
Seguro em sua ilha, sim
Se não me tratar melhor,
Então um dia você acordará com frio...
E aí saberá...
Você saberá
Que me ama
* Traduzir a palavra “Cool” nessa música deu um certo trabalho, mas com a ajuda de outros toriphiles, creio que o resultado esteja bem adequado. “Seguro” aqui é no sentido de ser autoconfiante, mas a ponto de se tornar um pouco frio e arrogante (Obrigado Victor Hugo, Lucas Vosch, Felipe Colmenero e Hamilton Guilherme).
FAYTH
Dê certo na cidade
Faça o que puder
Acene para o cara
Com a arma em sua mão
Ei!
Garotas “Pirulito”
Enchem as ruas
Ficam em fila para entrar
Em sua limousine
Você levou meu amor
Você levou meu dinheiro
Você levou o meu sexo!
Levou meu amor
Levou meu dinheiro...
Me dê
Fé
Ajude-me a me manter inteira,
Com um pouco mais de fé
Com um pouco mais de fé, sim
Eu podia manter nosso amor vivo
Com um pouco mais de fé...
Eu podia acordar e encarar o dia
Como manter o romance vivo
Quando uma daminha francesa
Vive no andar de baixo?
O rádio explode
Enquanto o bebê chora!
Corro para o dragão
Que conduz a minha vida
Você levou meu amor
Você levou meu dinheiro
Você levou o meu sexo!
Levou meu amor
Levou meu dinheiro...
Me dê
Fé
Ajude-me a me manter inteira
Com um pouco mais de fé
Com um pouco mais de fé, sim
Eu podia manter nosso amor vivo
Com um pouco mais de fé...
Eu podia acordar e encarar o dia
Eu podia acordar e encarar o dia!
Talvez até começar de novo!
Por que tenho medo de mudanças?
Talvez Fayth* possa entender
Querido, lembro-me bem da vez
Em que eu segurava violetas em minhas mãos
O amor pode esmagar quando segurado com avidez
(mas) Nós podemos fazê-lo vivo novamente
Com um pouco mais de
Fé
* Fayth é um nome próprio do inglês, e mesmo sendo uma referência direta à palavra “Fé”, no trecho não traduzido encaixa-se melhor deixá-lo como o nome de alguma personagem mesmo.
FIRE ON THE SIDE*
Pôr-do-sol púrpura
Lua laranja
Estou sozinha de novo,
Sem você
Eu sabia que alguém tinha de perder
Um beijo de adeus,
Volte para a vida isolada
Que você leva com ela
As cinzas se espalham
Nesse céu de ventania
Leve meu coração
Quando estiver indo embora
Baby, machuca
Baby, machuca
Baby, machuca
Ser a sua estepe
Prove das minhas lágrimas
Sinta como elas queimam...
Baby, machuca ser
A sua estepe
Pôr-do-sol púrpura
Lua laranja
Como a música pode tocar
Quando a única banda/anel
É feito de ouroª?
Em torno de sua mão,
Que eu costumava segurar
Sobre meu peito, toda noite
Mas ainda posso ter esperança
De que um dia você veja
Que eu sou sua casa
Baby, machuca
Baby, machuca
Baby, machuca
Ser a sua estepe
Prove das minhas lágrimas
Sinta como elas queimam...
Baby, machuca ser
A sua estepe
Um beijo de adeus
Volte para a vida isolada
Que você leva com ela
Leve meu coração
Quando estiver indo embora
Baby, machuca
Baby, machuca
Baby, machuca
Ser a sua estepe
Prove das minhas lágrimas
Sinta como elas queimam...
Baby, machuca ser
A sua estepe
* Enquanto traduzia a música, descobri que “on the side” tem a ver com ser um amante. Um exemplo: “I’m the woman on the side” significa “eu sou a amante”. Na tentativa de encontrar uma expressão melhor pra usar na música, discuti com uns amigos até que cheguei na expressão “sua estepe” por intermédio de Fernando Fico. Obrigado a ele e a todos que me ajudaram ^^
ª O versos originais dessa música são “how can the music play when the only band is made with gold?” - “band of gold” é traduzido também como “anel de ouro”, uma referência às alianças de compromisso. Daí o trocadilho, que não existe no português, mas coube bem na música.
PIRATAS
Viajei para longe
De minha casa
Ruas estrangeiras,
Pavimento de pedra
No mais fundo dos meus sonhos,
“Moroccan Sand”*
E agora navego com meu navio
Em terra seca
Há uma luz
Brilhando na fronteira
Piratas, sim!
Piratas
E na noite escura,
Quando você se sente só
E o mundo não consegue
Lhe entender...
Piratas, sim!
Piratas
Roube a joia,
Agora a veja quebrando
Isto corta com um olho,
Não posso escapar
O rubi cura
Sozinha eu fico
Quando navego com meu navio
Em terra seca
Há uma luz
Brilhando na fronteira
E baby, um dia
Nós estaremos lá
Piratas, sim!
Piratas
E na noite escura,
Quando você se sente só,
E o mundo não consegue
Lhe entender...
Piratas, sim!
Piratas
Há uma luz
Brilhando na fronteira
Piratas, sim!
Piratas
Há uma luz
Brilhando na fronteira...
* Moroccan Sand, ou “Areia Marroquina” (tradução literal), parece ser um tipo de azulejo. Aqui um catálogo deles: LINK
CIDADE FLUTUANTE
Você me deixou
Por que foi embora?
Sabe que acreditei em você...
Nada pôde explicar
Para onde foram as respostas?
Só sei que preciso de você
Diga-me,
Sua cidade é pavimentada com ouro?
Lá tem fome?
Seu povo envelhece?
Seus governantes tem segredos
Que ele mesmos trataram de vender?
A cada noite, eu espero
Leve-me daqui
Para sua Cidade Flutuante
Em minha janela, à noite
Eu vejo as luzes
De sua Cidade Flutuante
Eu quero brincar
Em sua Cidade Flutuante, sim
Cidade Flutuante, sim...
A TV apaga
Cada um de nós que disse
Ter visto você
Diga-me, somos o único planeta
Que não soube lhe compreender?
Seremos como a Atlantis de tempos atrás?
Tão certos de sermos avançados
Com o que já conhecemos,
Que nosso Espírito nunca teve tempo
Para crescer?
A cada noite, eu espero
Leve-me daqui
Para sua Cidade Flutuante
Em minha janela, à noite
Eu vejo as luzes
De sua Cidade Flutuante
Eu quero brincar
Em sua Cidade Flutuante, sim
Cidade Flutuante, sim...
É uma fraqueza procurar por Salvadores no Espaço?
A pequena Terra tenta duramente mudar nossos modos
Às vezes ela deve ficar cheia deste lugar...
A cada noite, eu espero
Leve-me daqui
Para sua Cidade Flutuante
Em minha janela, à noite
Eu vejo as luzes
De sua Cidade Flutuante
Eu quero brincar
Em sua Cidade Flutuante, sim
Cidade Flutuante, sim...
HEART ATTACK AT 23
Não sei por que eu fiz isso
Peguei as chaves do carro de meu irmão
Por que eu deveria aparecer por aqui
Outra vez?
Ei!
Só para pôr meus pés no chão, sim
Sirenes me acordam,
Acordam-me com um choro
As coisas que fazemos por atenção...
Só uma pequeno lembrete, querido:
Eu ainda estou viva
Hum!
Tão confusa,
Quase joguei tudo para o alto por você
Bem, você me levou ao mais alto
E então me deixou cair ao mais baixo
Que já pude chegar
Se eu tiver um ataque cardíaco aos 23
Estou amando você demais
Se eu tiver um ataque cardíaco aos 23
Acene tchau-tchau
Você sentirá minha falta
Sentirá minha falta, baby
Se eu tiver um ataque cardíaco aos 23
Todas, todas as minhas amigas!
Nós gastamos muito amor com nossos homens
Por que eu não posso perdoar
Enquanto ele está por aí,
De safadeza com sua linda Argentina?
Cha!
Cha!
Owwwww!
Se eu tiver um ataque cardíaco aos 23
Estou amando você demais
Se eu tiver um ataque cardíaco aos 23
Acene tchau-tchau
Você sentirá minha falta
Sentirá minha falta, baby
Se eu tiver um ataque cardíaco aos 23
Se fosse pelos meus sonhos
Estaríamos juntos,
Numa terra de fitas escarlates
Unindo você a mim, querido
Mas você sabe que eu nunca estou satisfeita
Com todas as coisas boas em minha vida, sim
Pensei que precisasse de sua força...
Ainda sentirei sua falta quando eu for embora
(Rolando, Rolando, Rolando, Rolando...)
Se eu tiver um ataque cardíaco aos 23
Estou amando você demais
Se eu tiver um ataque cardíaco aos 23
Acene tchau-tchau, baby
Se eu tiver um ataque cardíaco aos 23
Se eu tiver um ataque cardíaco aos 23, baby
Se eu tiver um ataque cardíaco, baby
Estou amando, amando você demais, sim
Eu, você sentirá minha falta, baby
Sentirá minha falta quando for embora
Acene tchau-tchau, baby
Acene tchau-tchau, baby
Estou amando, amando você demais!
Demais, baby
Demais
ON THE BOUNDARY
Você disse querer um chão mais seguro
Mas depois o peguei dentro de um rio
Estava lá para salvá-lo, garoto
Mas você preferiu se afogar...
Você disse que estava infeliz,
Mas tudo bem
Melhor isso do que não saber
O que me aguardava do outro lado
E você bem sabe
Que eu sempre estive lá por você
E você sabe que eu sempre tive fé em você
Acho que não foi o bastante
No limite,
No limite, baby
No limite
Você não precisa de meu amor?
Você não vai nem me deixar
Impedir a sua queda?
Do limite que divide nosso amor...
Eu lhe dei um reino
Onde você poderia ser um Lorde
E nós dois sabemos que você amava
O sabor do meu mundo
Mas aí você correu de volta para seu canto,
Onde tropeça em suas linhas...
Olhe para a esquerda, depois para a direita
Não há onde se esconder
No limite,
No limite, baby
No limite
Você não precisa de meu amor?
Você não vai nem me deixar
Impedir a sua queda?
Do limite que divide nosso amor...
Eu acho que não foi o bastante
Acho que eu não fui o bastante!
No limite,
No limite, baby
No limite
Você não precisa de meu amor?
Você não vai nem me deixar
Impedir a sua queda?
Do limite que divide nosso amor
YOU GO TO MY HEAD
Docinho, olá...
Faça de mim uma escrava
Eu deveria ter mais controle
Pombinho, olá!
Você tomou total vantagem
De minha janela aberta
Quando o frio da noite já foi mandado para longe,
Tudo o que mais quero é acordar em seus braços
E eu sei que não deveria deixá-lo ficar,
Mas eu sinto luxúria por seu amor...
Você vai direto à minha mente
Você vai direto à minha mente
Você vai direto à minha mente
E sabe que não consigo dizer não
A você e seu amigo...
Você chama: oh não...
(Você sabe que o deseja)
Garoto, seu coração balança com o vento,
De rosa em rosa...
Abelha, volte para casa
(Por favor, fique)
Volte para esse ninho quente
Que você abandonou minutos atrás
Sim, entendo que você está me dando seu tempo
Mas você não percebe que lhe dei meu coração?
Toda essa luz em seus olhos veio do vinho...
Eu sinto mesmo luxúria por seu amor
Você vai direto à minha mente
Você vai direto à minha mente
Você vai direto à minha mente
E sabe que não consigo dizer não
A você e seu amigo, sim!
Ei, eu sinto luxúria, baby
Por seu amor, sim
Você vai direto à minha mente, c’mon!
Você vai direto à minha mente
Você vai direto à minha mente
E sabe que jamais,
Jamais lhe direi não
Você vai, vai direto à minha mente
Você vai direto à minha mente
Você vai direto à minha mente
Ei, quando você chega aqui,
Vá, vá, baby
Quando você vai lá,
Eu, lá embaixo...
O frio é mandado para longe
Vai para noite,
Mandado para longe
Vai para noite,
Mandado para longe
Sim...
ETIENNE
Talvez eu seja uma feiticeira
Perdida no tempo
Correndo pelos campos da Escócia,
A seu lado
Expulsa da França,
Mas ainda mantendo minha fé
Levada a uma terra
Distante e além-mar
Etienne
Etienne
Ouça o Vento do Oeste
Suspirar meu nome
Etienne
Etienne
Pela manhã
Talvez me recorde
De quem sou
Talvez você seja um cavaleiro
Que salvou minha vida
Talvez tenhamos encarado o fogo juntos,
Lado a lado
E aqui estamos nós, outra vez
Debaixo do mesmo céu
Enquanto a Bola de Cristal
Morre, lentamente
Oh, Etienne
Etienne
Ouça o Vento do Oeste
Suspirar meu nome
Etienne
Etienne
Pela manhã
Talvez nos recordemos
De quem sou
Fecho meus olhos,
Vejo você de novo
Sei que já lhe tive em meus braços,
Mas não lembro onde ou quando...
Oh, Etienne
Etienne
Ouça o Vento do Oeste
Suspirar meu nome
Etienne
Etienne
Pela manhã
Talvez nos recordemos
De quem sou
Talvez eu seja uma feiticeira...
Etienne
Suspire meu nome,
Suspire meu nome...
Etienne
sexta-feira, 9 de novembro de 2012
Flavors: From The Choirgirl Hotel
É um pouco difícil encontrar palavras para descrever o texto escrito por Lucas Vosch (facebook) para a série Flavors. Mas, de forma grosseira, trata-se de um mergulho no envolvente universo subaquático e de tons escuros que é o From The Choirgirl Hotel. Nele, somos apresentados ao mais fundo deste submundo, onde lamento, luxúria, revolta e reminiscências (até de coisas que não aconteceram) misturam-se num amalgáma indissolúvel e líquido. Líquidos. Diamantes líquidos. Aconselho a irem buscá-los nessas palavras.
Hotéis são lugares de inconstância, constante e inquieto fluxo de pessoas, dinheiro e interações humanas. Cada quarto guarda uma história em particular, mas por muito pouco tempo - as estruturas em concreto ficam, mas os hóspedes pagam sua estadia e partem.
Spark foi o primeiro quarto que visitei - um aposento de personalidade forte, encharcado, cheio de arestas oblíquas e muitas manchas de origem indecifrável. Saí sem sequer completar uma diária. Tori Amos (um nome que eu havia lido pela primeira vez muito antes de ouvir qualquer canção, e imaginado uma mulher esguia e indiana, de longos cabelos negros) era muito estranha, um aborto natural que ela deixa a entender ter desejado "sem querer"?
Mantive distância, desconfiado e muito chocado com essa primeira imagem. Mas depois de algumas outras portas abertas, me senti pronto e tentado a me hospedar novamente nesse hotel. Mas não era possível adentrar num passo - precisei de um mergulho.
O hotel era submarino, e identificar essa natureza me era essencial pra codificar e traduzir as histórias cantadas em cada quarto, todos submersos.
Spark era, na verdade, uma ameaça ao contrário, um ninar de lamento e arrependimento, um quarto de dúvida; não existia espaço pra gravidade terrena ali, bailarinas se equilibravam com barbatanas escondidas. Ainda escondia desconforto, mas com uma faísca de energia que eu suspeitava crescer em mim até o último metro quadrado.
O próximo quarto, Cruel, seguia as mesmas leis físicas, mas com refrações de luz diferentes - era uma espécie de festa, batidas insinuando sexo e um certo sadismo. A sinceridade não protegia quem ali estava dos tons de roxo e cinza, dessa dança frenética com o reconhecimento das próprias desvirtudes, afiadas e inevitáveis como a chuva. A faísca queimava mais ácida.
Pelas fechaduras de Black-Dove, um piano afogado insistia incansável, hipnotizador de cobras e de pessoas, se é que havia diferença. Esses aposentos eram contrastantes, sombras em soberania combatendo cantos que reluziam brancos e fortes. O amor pela vida e pelo oxigênio gritava, implorava por atenção, entre as algas que cresciam há décadas e já invadiam ameaçadoras seu chão, seus membros. O mesmo piano se despedia na hora certa, pingando.
Raspberry Swirl. Um quarto simples, lençóis limpos de qualquer estampa, água rubra envenenada por álcool que começa a fazer pequenos tornados, engolindo peixes e outras pequenas formas de vida. Defesas naturais de um organismo maior, talvez? O inebriante convidava, saudava, distraía habitantes do caos girante em volta, mas era uma euforia dependente do meu hálito, e cada quarto deve ter seu tempo. Deixei manchas de batom na minha saída.
Naquela suíte presidencial, o limo dominava os móveis acusando a grande passagem do tempo, mas um branco piano de cauda permanecia com uma leve e peculiar vibração no canto próximo à varanda. Jackie's Strength, a força residia na resistência contra o limo, a deterioração, era uma tradição que renascia com cada corda e cada pedal. A meia-luz era refletida nos porta-retratos, intactos e inúmeros, gerações conservadas pelas leves ondas oriundas daquele teclado que pulsava cardíaco.
Um pequeno corredor e uma escada me dirigiam ao bar, espaço de tamanho generoso, garrafas quebradas com seus conteúdos flutuantes envolviam todos os visitantes num abraço. Havia também fumaça submarina, resquícios de charutos e fragrâncias cerimoniais, e um grande holofote dirigido à área da banda. Iieee, cantava um eco fino de fantasmas em coro, quase imperceptíveis a olhos abertos. A faísca se dividia em desespero entre cada mesa, uma dissonância mórbida em cada taça: era um ritual em um templo interditado, e eu um invasor seduzido cegamente.
Me movi através da água e da curiosidade para o ambiente seguinte - a aparente redundância escandalosa de uma piscina submersa. Havia pouco pra observar, além de concreto frio e permanente. Mas eu estava sozinho, e a água era companhia, o fundo da piscina invisível. Nadei em direção ao fundo, e vi um brilho peculiar que não teria percebido de outra forma; eram jóias de oceanos estrangeiros que flutuavam impetuosas, uma fortuna mergulhada em uma piscina sem fim, brilhando em anil e esmeralda, me contando segredos de loucuras silenciadas e me oferecendo suas vozes. Eu era acolhido, e nunca havia sido tão provocado a permanecer no hotel, fugir da minha realidade terrena. Mas cedi ao açúcar visual e resolvi furtar uma jóia pra mim, jóia essa que me escorreu por entre os dedos, desperdiçando seu brilho. Era tudo miragem, água, Liquid Diamonds. Me apressei de volta à beira da piscina, estava mais consciente e meu objetivo novamente claro, a faísca sólida e interna.
Daquele momento, uma correnteza me levava a um quarto, terceiro andar, um caminho incendiado (mais propriedades físicas individuais). Fogo intangível, She's Your Cocaine, a figura flamejante desafiava meu controle e meus medos, com suas chamas acariciadoras dos móveis, ela parecia ter feições humanas, familiares. Era um quarto pequeno, mas expandido por espelhos nas paredes, que construíam um mosaico abrasivo com o fogo e me despiam de pele e pelos mortos. A água era um desafio a todos os elementos ali.
Northern Lad contradizia, era o elevador que sibilava o norte em suas engrenagens, mas me conduzia para baixo. A temperatura caía conforme os andares iam diminuindo de número, e as luzes passando ligeiras pela fresta entre as portas. As paredes pareciam comprimir o espaço proporcionalmente, sufocando; condições tão inóspitas naquele cubículo me lembravam tempestades contidas entre quatro paredes. E o sul não perdia velocidade. Minha persistência era suicida.
As portas se abriam, então, para o que seria o lobby de entrada do Hotel, mas sou recebido com explosões em meio a uma escuridão que só poderia pertencer a um reduto subterrâneo. Uma corrente de vento forte, fogos de artifício e mais nada: um saguão gigantesco sem formas ou objetos distinguíveis além das luzes abafadas pela água (contudo, nada intimidadas). Procurei silhuetas perdidas em meio ao caos, mas era inútil, os relâmpagos eram personalidades numerosas e suficientes para lotarem o lugar. Violência luminosa populava aquele nadir do pensamento, e a sensação de inevitabilidade era difícil sequer de entender, quanto mais superar - mas era um fenômeno necessário, pois a faísca continuava a evoluir. Não era ainda o momento de abandonar a minha estadia pela porta da frente. Pisquei para aliviar a aspereza aveludada que machucava meus olhos, e estava lá.
O quarto da mãe, de longe o mais aquecido de todos, transmitia uma segurança torta, lacrimejada. Sofás e camas, era quase totalmente almofadado, como um jardim ocluso. Era também o quarto emudecido, um silêncio de contemplação e lamento. O único som vinha do odor do momento perdido, e todos os momentos consequentes, abortados. Suspensas na água morna eu via pétalas da flor que teria sido, uma flor gêmea de todo o estofamento que tentava compensar. A faísca me olhou, com olhos amadurecidos, e voltou pro meu peito muito mais pesada. Playboy Mommy.
Minha saída foi oportuna, já podia e queria observar onde estava contido esse prédio de água e histórias, o aquário da imensidão de um oceano. Ali, passado e presente se dissolviam, tudo era respirado e inchava pulmões. Era impossível não sentir o fim da jornada nas minhas mãos enrugadas, nas ondulações que eu transmitia naturalmente e que se debruçavam sobre o vidro, voltando pra mim com uma intensidade distinta. Eu era o arquivo de tudo vivido ali, já era submarino, com minhas próprias barbatanas secretas. Na certeza dessa transmutação, e da transmutação da faísca - agora, uma concha madura e pertencente ao seu mundo -, suspirei pela última vez.
Algum desses infinitos quartos, desde então, eu habito arenoso, mineral debaixo da água.
---
Lucas Vosch prefere o abstrato e o surreal ao palpável, o feminino ao masculino, o frio ao calor, e o brócolis à couve-flor.
(Blog Pessoal do Lucas: The Sea of Waking Dreams)
Hotéis são lugares de inconstância, constante e inquieto fluxo de pessoas, dinheiro e interações humanas. Cada quarto guarda uma história em particular, mas por muito pouco tempo - as estruturas em concreto ficam, mas os hóspedes pagam sua estadia e partem.
Spark foi o primeiro quarto que visitei - um aposento de personalidade forte, encharcado, cheio de arestas oblíquas e muitas manchas de origem indecifrável. Saí sem sequer completar uma diária. Tori Amos (um nome que eu havia lido pela primeira vez muito antes de ouvir qualquer canção, e imaginado uma mulher esguia e indiana, de longos cabelos negros) era muito estranha, um aborto natural que ela deixa a entender ter desejado "sem querer"?
Mantive distância, desconfiado e muito chocado com essa primeira imagem. Mas depois de algumas outras portas abertas, me senti pronto e tentado a me hospedar novamente nesse hotel. Mas não era possível adentrar num passo - precisei de um mergulho.
O hotel era submarino, e identificar essa natureza me era essencial pra codificar e traduzir as histórias cantadas em cada quarto, todos submersos.
Spark era, na verdade, uma ameaça ao contrário, um ninar de lamento e arrependimento, um quarto de dúvida; não existia espaço pra gravidade terrena ali, bailarinas se equilibravam com barbatanas escondidas. Ainda escondia desconforto, mas com uma faísca de energia que eu suspeitava crescer em mim até o último metro quadrado.
O próximo quarto, Cruel, seguia as mesmas leis físicas, mas com refrações de luz diferentes - era uma espécie de festa, batidas insinuando sexo e um certo sadismo. A sinceridade não protegia quem ali estava dos tons de roxo e cinza, dessa dança frenética com o reconhecimento das próprias desvirtudes, afiadas e inevitáveis como a chuva. A faísca queimava mais ácida.
Pelas fechaduras de Black-Dove, um piano afogado insistia incansável, hipnotizador de cobras e de pessoas, se é que havia diferença. Esses aposentos eram contrastantes, sombras em soberania combatendo cantos que reluziam brancos e fortes. O amor pela vida e pelo oxigênio gritava, implorava por atenção, entre as algas que cresciam há décadas e já invadiam ameaçadoras seu chão, seus membros. O mesmo piano se despedia na hora certa, pingando.
Raspberry Swirl. Um quarto simples, lençóis limpos de qualquer estampa, água rubra envenenada por álcool que começa a fazer pequenos tornados, engolindo peixes e outras pequenas formas de vida. Defesas naturais de um organismo maior, talvez? O inebriante convidava, saudava, distraía habitantes do caos girante em volta, mas era uma euforia dependente do meu hálito, e cada quarto deve ter seu tempo. Deixei manchas de batom na minha saída.
Naquela suíte presidencial, o limo dominava os móveis acusando a grande passagem do tempo, mas um branco piano de cauda permanecia com uma leve e peculiar vibração no canto próximo à varanda. Jackie's Strength, a força residia na resistência contra o limo, a deterioração, era uma tradição que renascia com cada corda e cada pedal. A meia-luz era refletida nos porta-retratos, intactos e inúmeros, gerações conservadas pelas leves ondas oriundas daquele teclado que pulsava cardíaco.
Um pequeno corredor e uma escada me dirigiam ao bar, espaço de tamanho generoso, garrafas quebradas com seus conteúdos flutuantes envolviam todos os visitantes num abraço. Havia também fumaça submarina, resquícios de charutos e fragrâncias cerimoniais, e um grande holofote dirigido à área da banda. Iieee, cantava um eco fino de fantasmas em coro, quase imperceptíveis a olhos abertos. A faísca se dividia em desespero entre cada mesa, uma dissonância mórbida em cada taça: era um ritual em um templo interditado, e eu um invasor seduzido cegamente.
Me movi através da água e da curiosidade para o ambiente seguinte - a aparente redundância escandalosa de uma piscina submersa. Havia pouco pra observar, além de concreto frio e permanente. Mas eu estava sozinho, e a água era companhia, o fundo da piscina invisível. Nadei em direção ao fundo, e vi um brilho peculiar que não teria percebido de outra forma; eram jóias de oceanos estrangeiros que flutuavam impetuosas, uma fortuna mergulhada em uma piscina sem fim, brilhando em anil e esmeralda, me contando segredos de loucuras silenciadas e me oferecendo suas vozes. Eu era acolhido, e nunca havia sido tão provocado a permanecer no hotel, fugir da minha realidade terrena. Mas cedi ao açúcar visual e resolvi furtar uma jóia pra mim, jóia essa que me escorreu por entre os dedos, desperdiçando seu brilho. Era tudo miragem, água, Liquid Diamonds. Me apressei de volta à beira da piscina, estava mais consciente e meu objetivo novamente claro, a faísca sólida e interna.
Daquele momento, uma correnteza me levava a um quarto, terceiro andar, um caminho incendiado (mais propriedades físicas individuais). Fogo intangível, She's Your Cocaine, a figura flamejante desafiava meu controle e meus medos, com suas chamas acariciadoras dos móveis, ela parecia ter feições humanas, familiares. Era um quarto pequeno, mas expandido por espelhos nas paredes, que construíam um mosaico abrasivo com o fogo e me despiam de pele e pelos mortos. A água era um desafio a todos os elementos ali.
Northern Lad contradizia, era o elevador que sibilava o norte em suas engrenagens, mas me conduzia para baixo. A temperatura caía conforme os andares iam diminuindo de número, e as luzes passando ligeiras pela fresta entre as portas. As paredes pareciam comprimir o espaço proporcionalmente, sufocando; condições tão inóspitas naquele cubículo me lembravam tempestades contidas entre quatro paredes. E o sul não perdia velocidade. Minha persistência era suicida.
As portas se abriam, então, para o que seria o lobby de entrada do Hotel, mas sou recebido com explosões em meio a uma escuridão que só poderia pertencer a um reduto subterrâneo. Uma corrente de vento forte, fogos de artifício e mais nada: um saguão gigantesco sem formas ou objetos distinguíveis além das luzes abafadas pela água (contudo, nada intimidadas). Procurei silhuetas perdidas em meio ao caos, mas era inútil, os relâmpagos eram personalidades numerosas e suficientes para lotarem o lugar. Violência luminosa populava aquele nadir do pensamento, e a sensação de inevitabilidade era difícil sequer de entender, quanto mais superar - mas era um fenômeno necessário, pois a faísca continuava a evoluir. Não era ainda o momento de abandonar a minha estadia pela porta da frente. Pisquei para aliviar a aspereza aveludada que machucava meus olhos, e estava lá.
O quarto da mãe, de longe o mais aquecido de todos, transmitia uma segurança torta, lacrimejada. Sofás e camas, era quase totalmente almofadado, como um jardim ocluso. Era também o quarto emudecido, um silêncio de contemplação e lamento. O único som vinha do odor do momento perdido, e todos os momentos consequentes, abortados. Suspensas na água morna eu via pétalas da flor que teria sido, uma flor gêmea de todo o estofamento que tentava compensar. A faísca me olhou, com olhos amadurecidos, e voltou pro meu peito muito mais pesada. Playboy Mommy.
Minha saída foi oportuna, já podia e queria observar onde estava contido esse prédio de água e histórias, o aquário da imensidão de um oceano. Ali, passado e presente se dissolviam, tudo era respirado e inchava pulmões. Era impossível não sentir o fim da jornada nas minhas mãos enrugadas, nas ondulações que eu transmitia naturalmente e que se debruçavam sobre o vidro, voltando pra mim com uma intensidade distinta. Eu era o arquivo de tudo vivido ali, já era submarino, com minhas próprias barbatanas secretas. Na certeza dessa transmutação, e da transmutação da faísca - agora, uma concha madura e pertencente ao seu mundo -, suspirei pela última vez.
Algum desses infinitos quartos, desde então, eu habito arenoso, mineral debaixo da água.
---
Lucas Vosch prefere o abstrato e o surreal ao palpável, o feminino ao masculino, o frio ao calor, e o brócolis à couve-flor.
(Blog Pessoal do Lucas: The Sea of Waking Dreams)
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quarta-feira, 7 de novembro de 2012
[Tradução] Entrevista para SOMA Magazine
Tori deu uma entrevista e posou para fotos (lindas, por sinal) para a SOMA Magazine. Nela, a cantora fala sobre sua obsessão por sapatos e como a maternidade afetou seu processo de composição. Para ler a original, clique AQUI.
Tori Amos tornou-se uma força na música popular com Little Earthquakes, um álbum cheio de músicas confessionais que equilibrava em seu conteúdo melodias fortes com um conteúdo emocional ainda mais forte, incluindo “Me And a Gun”, canção que descreve uma experiência de estupro e abuso. Suas melodias levemente peculiares e honestidade emocional garantiram a ela uma legião de fãs; ela apresenta a visão feminina sem o foco suave da maioria dos artistas pop. Amos começou como um prodígio clássico, ganhando uma bolsa de estudo completa no Peabody Conservatory quando tinha cinco anos, ainda que pouco tempo depois ela foi retirada de lá por seu interesse em música popular. Ela retornou às suas raízes clássicas com o Night of Hunters em 2011, um ciclo de canção construído com temas de Bach, Satie, Mendelssohn e outros compositores clássicos. Em seu álbum atual, Gold Dust, ela reinventa 14 canções de seu catálogo como novos arranjos amparados pela Metropole Orchestra, grupo clássico da Holanda.
Você tem alguma obsessão?
Devo dizer que sapatos tem sido uma paixão já por um bom tempo. Não sei quantos pares eu tenho. Eu nem tentei contá-los recentemente, porque são bi-continentais. Alguns estão nos EUA, outros na Inglaterra e Irlanda em tour cases e caixas, para que não sejam atacados por mofo. Existem sapatos para shows e aqueles para o dia-a-dia, que normalmente tem um salto alto extra para lhe dar um leve up no palco, mas você não deseja usá-lo por muito tempo ou andar um caminho comprido neles. Compramos um lugar na Inglaterra com um celeiro atrás da casa. Meu marido disse que fez isso para ter onde deixar meus sapatos de quarentena.
Eu os cataloguei uma vez. Tirei uma foto para pôr em cada caixa, mas esse sistema ainda não passou por um update. Talvez na próxima pausa dos feriados eu possa fazer isso com minha filha Natashya. Ela tem 12 anos e usa o mesmo tamanho que eu, mas eu a digo para ir trabalhar e juntar algum dinheiro, para começar sua própria coleção.
Gold Dust não é de fato um álbum de Greatest Hits. Como se procedeu a escolha das canções?
Não estava em nossos planos fazer um álbum com a Metropole Orchestra. Eles me convidaram para fazer um show, então o repertório foi escolhido usando canções que funcionassem bem em conjunto. O resultado foi tão positivo que meu selo decidiu que a performance deveria ser capturada apropriadamente, então o próximo passo foi escolher mais canções para o disco. Eu nunca tinha gravado ao vivo antes. Costumo gravar meu piano e vocais e só depois os instrumentos de sopro e cordas são acrescentados, sendo tocados com minha faixas, comigo na posição de produtora. Foi intimidante, mas à medida que fui conhecendo o condutor, Jules Buckley, e todos os envolvidos, entendi a orquestra como uma criatura, um dragão; o condutor é o domador desse dragão, e eu preciso garantir que sentarei apropriadamente para passear com o dragão em meus salto alto e piano. Ele é como um trem indo a 220 milhas por hora e se você cai, precisa começar de novo. Isso aconteceu de fato durante performances ao vivo que fizemos, mas normalmente no começo dos shows, então tudo bem - uma vez, no entanto, que você o tenha selado, é preciso ser bom.
Quando você começou, fez uma escolha consciente em ser crua e honesta em sua composição, ou isso foi algo que não sofria qualquer controle consciente?
Após minha banda Y Kant Tori Read ter falhado, perguntei a mim mesma que tipo de artista queria ser. Depois de anos enviando demos e sofrendo rejeição subsequente, desde mais ou menos meus 14 anos, comecei a ver que não conseguiria um contrato se escrevesse o que as pessoas queriam ouvir. Quando uma review chamou o álbum de algo como “bimbo music”, compreendi que não tinha o poder de fazer as pessoas ouvirem para minha música. No entanto, eu tinha o poder de fazer a música que eu gostaria de ouvir, independente do desejo de outras pessoas em escuta-la. Esse se tornou meu compromisso. Como filha de um ministro de igreja, eu sabia como a patriarquia funcionava, como a vergonha operava. Minha busca foi em conhecer outros mitos e considerar o cristianismo apenas como mais um mistério, desligando-me assim da carga que se fazia muito presente no processo de composição. Religião, crença e o poder de nossas crenças acabaram se tornando uma grande porção de meus conteúdos. Você é aquilo em que acredita.
Tornar-se uma mãe mudou seu relacionamento com o processo de composição?
Mudou tudo. Você é uma mãe e quer ter uma relação de proximidade com seu filho, mas quando você é um artista, não está sempre disponível emocionalmente. Tornar-me uma mãe fez com que entendesse que o mundo não gira em torno de mim. Uma criança quer uma mãe que não é super crítica e um musicista precisa ser hipercrítico, então eu saio um pouco de mim quando preciso escrever.
Eu levava minha filha em turnê até pouco tempo atrás e vi o mundo através de seus olhos. Isso me deu um ângulo diferente sobre tudo: para crianças, cada experiência é nova. Eles conseguem ficar com os olhos brilhando ao conhecer coisas. Descobri que poderia fazer o mesmo observando-a com atenção e viajando em sua dimensão criativa, deixando de lado espíritos ou drogas e e consequentemente não ficando de ressaca depois. Mas você precisa manter sua antena de pé e ser um observador faminto. Se você vive mandando mensagens ou falando o tempo todo, as musas não conseguem se aproximar. Elas vão visitar outro compositor.
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Fonte: Fórum Afterglow
Tori Amos tornou-se uma força na música popular com Little Earthquakes, um álbum cheio de músicas confessionais que equilibrava em seu conteúdo melodias fortes com um conteúdo emocional ainda mais forte, incluindo “Me And a Gun”, canção que descreve uma experiência de estupro e abuso. Suas melodias levemente peculiares e honestidade emocional garantiram a ela uma legião de fãs; ela apresenta a visão feminina sem o foco suave da maioria dos artistas pop. Amos começou como um prodígio clássico, ganhando uma bolsa de estudo completa no Peabody Conservatory quando tinha cinco anos, ainda que pouco tempo depois ela foi retirada de lá por seu interesse em música popular. Ela retornou às suas raízes clássicas com o Night of Hunters em 2011, um ciclo de canção construído com temas de Bach, Satie, Mendelssohn e outros compositores clássicos. Em seu álbum atual, Gold Dust, ela reinventa 14 canções de seu catálogo como novos arranjos amparados pela Metropole Orchestra, grupo clássico da Holanda.
Você tem alguma obsessão?
Devo dizer que sapatos tem sido uma paixão já por um bom tempo. Não sei quantos pares eu tenho. Eu nem tentei contá-los recentemente, porque são bi-continentais. Alguns estão nos EUA, outros na Inglaterra e Irlanda em tour cases e caixas, para que não sejam atacados por mofo. Existem sapatos para shows e aqueles para o dia-a-dia, que normalmente tem um salto alto extra para lhe dar um leve up no palco, mas você não deseja usá-lo por muito tempo ou andar um caminho comprido neles. Compramos um lugar na Inglaterra com um celeiro atrás da casa. Meu marido disse que fez isso para ter onde deixar meus sapatos de quarentena.
Eu os cataloguei uma vez. Tirei uma foto para pôr em cada caixa, mas esse sistema ainda não passou por um update. Talvez na próxima pausa dos feriados eu possa fazer isso com minha filha Natashya. Ela tem 12 anos e usa o mesmo tamanho que eu, mas eu a digo para ir trabalhar e juntar algum dinheiro, para começar sua própria coleção.
Gold Dust não é de fato um álbum de Greatest Hits. Como se procedeu a escolha das canções?
Não estava em nossos planos fazer um álbum com a Metropole Orchestra. Eles me convidaram para fazer um show, então o repertório foi escolhido usando canções que funcionassem bem em conjunto. O resultado foi tão positivo que meu selo decidiu que a performance deveria ser capturada apropriadamente, então o próximo passo foi escolher mais canções para o disco. Eu nunca tinha gravado ao vivo antes. Costumo gravar meu piano e vocais e só depois os instrumentos de sopro e cordas são acrescentados, sendo tocados com minha faixas, comigo na posição de produtora. Foi intimidante, mas à medida que fui conhecendo o condutor, Jules Buckley, e todos os envolvidos, entendi a orquestra como uma criatura, um dragão; o condutor é o domador desse dragão, e eu preciso garantir que sentarei apropriadamente para passear com o dragão em meus salto alto e piano. Ele é como um trem indo a 220 milhas por hora e se você cai, precisa começar de novo. Isso aconteceu de fato durante performances ao vivo que fizemos, mas normalmente no começo dos shows, então tudo bem - uma vez, no entanto, que você o tenha selado, é preciso ser bom.
Quando você começou, fez uma escolha consciente em ser crua e honesta em sua composição, ou isso foi algo que não sofria qualquer controle consciente?
Após minha banda Y Kant Tori Read ter falhado, perguntei a mim mesma que tipo de artista queria ser. Depois de anos enviando demos e sofrendo rejeição subsequente, desde mais ou menos meus 14 anos, comecei a ver que não conseguiria um contrato se escrevesse o que as pessoas queriam ouvir. Quando uma review chamou o álbum de algo como “bimbo music”, compreendi que não tinha o poder de fazer as pessoas ouvirem para minha música. No entanto, eu tinha o poder de fazer a música que eu gostaria de ouvir, independente do desejo de outras pessoas em escuta-la. Esse se tornou meu compromisso. Como filha de um ministro de igreja, eu sabia como a patriarquia funcionava, como a vergonha operava. Minha busca foi em conhecer outros mitos e considerar o cristianismo apenas como mais um mistério, desligando-me assim da carga que se fazia muito presente no processo de composição. Religião, crença e o poder de nossas crenças acabaram se tornando uma grande porção de meus conteúdos. Você é aquilo em que acredita.
Tornar-se uma mãe mudou seu relacionamento com o processo de composição?
Mudou tudo. Você é uma mãe e quer ter uma relação de proximidade com seu filho, mas quando você é um artista, não está sempre disponível emocionalmente. Tornar-me uma mãe fez com que entendesse que o mundo não gira em torno de mim. Uma criança quer uma mãe que não é super crítica e um musicista precisa ser hipercrítico, então eu saio um pouco de mim quando preciso escrever.
Eu levava minha filha em turnê até pouco tempo atrás e vi o mundo através de seus olhos. Isso me deu um ângulo diferente sobre tudo: para crianças, cada experiência é nova. Eles conseguem ficar com os olhos brilhando ao conhecer coisas. Descobri que poderia fazer o mesmo observando-a com atenção e viajando em sua dimensão criativa, deixando de lado espíritos ou drogas e e consequentemente não ficando de ressaca depois. Mas você precisa manter sua antena de pé e ser um observador faminto. Se você vive mandando mensagens ou falando o tempo todo, as musas não conseguem se aproximar. Elas vão visitar outro compositor.
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Fonte: Fórum Afterglow
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