terça-feira, 30 de outubro de 2012

Flavors: To Venus And Back

Agora, chegou a vez de revisitar o To Venus And Back na série Flavors. Danilo Pontes (facebook), responsável por nos apresentar o álbum, o fez de forma extremamente sutil e etérea, construindo sua imagem com recortes de pensamentos, sentimentos, diálogos e uma certa ausência, uma ausência que vem e vai em suas palavras. Tudo isso é o Venus. São essas as emoções que provavelmente vão lhe acometer se visitá-lo, e dele voltar. Ou não voltar...




Ok, abri os olhos e estava no terraço do meu apartamento olhando para o chão, e tenho... Bem... Medo de altura. É mais ou menos por aí que quero começar a contar o que sinto quando ouço o Venus. Acabei de perder contato com alguém que significou muito e bem... Podemos dizer que tentativas de controle e vampirismos eram inclusos no pacote, mas ainda não sabia como seria possível sair de círculos viciosos tão rapidamente, como transcender e ver o mundo com outros olhos, fora de órbita.

Então seguindo o fluxo constante da vida e conversando com amigos eu percebi que o assunto era sempre sobre mim e como me sentia. As pessoas puxavam conversas e assuntos no qual eu sempre acabava conduzindo ao mesmo final: qualquer complemento que envolvia meus discursos e o que eu posso fazer pra contribuir, mexer, sentir, interferir... Pessoas conhecidas que eu sentia a imensa vontade de agradar e fazê-las sentirem-se bem ao meu lado. Pra quê? Hora ou outra estaremos instáveis de novo e não vai ter muito que se fazer a respeito.



Agora admito que embora não entenda minha necessidade de interferir e ser interferido, controlar e ser controlado, eu nunca acreditei que dentro de um relacionamento, no qual o amor foi o motivo da união a priori, pudesse existir tanta sede de poder e controle. E a sedução da coisa toda, como isso queima e como é bom queimar, porém queimei tanto que me perdi de mim mesmo. Não faço ideia de quem habita esse corpo, se fui feito híbrido de fato ou se eu próprio tenho algo a acrescentar, algo relevante. Não sei!

A resposta apareceu depois de muitos choros e frustrações numa epifania que vem se estendendo nos últimos meses: Eu. Preciso me conhecer e permitir que isso aconteça. O que vem sendo um desafio até então, milhares de pensamentos e hábitos já esquecidos a tempos transbordam em momentos mais surpreendentes possíveis desde que comecei a me aprofundar melhor no Venus e... um... Senti-lo.

Piece by piece, eu vou aprendendo como aprender.

Arredores de BH por volta das 22h:

Viajando sozinho de ônibus numa quinta feira tanto quanto corrida. Perdi boa parte de um entretenimento pessoal um tanto quanto necessário. Por sorte consegui salvar um ingrediente no fundo do bolso esquerdo para executar um feitiço assim que o ônibus fizesse a próxima parada para a janta.

Pois bem, desci e fiz um feitiço improvisado que deu certo.

Logo em seguida, já estava em minha poltrona, quando repentinamente avistei um cachorro faminto e peludo, um membro em potencial da TV colosso, ele pedia comida e as pessoas o ignoravam e expressavam asco e repulsa.

Devo dizer que entre humanos e animais não vejo a menor diferença, é estranho ver esse tipo de intolerância se manifestar em seres ditos inferiores.

Automaticamente lembrei-me do Alceu. Ele que dividira da mesma afeição e indignação a situações como esta, está agora à milhas de distância, incomunicável.

Uma saudade rancorosa subiu o ônibus e se apresentou como nova passageira. Era peluda e possuía um nariz protuberante. Sentou-se ao meu lado e então começamos a conversar:



-E quanto tempo te castigas?
-Desde que ele se foi.
-E quanto tempo o castigas?
-Não hei de saber, desde muito tempo.

Às vezes esperam no mesmo ponto
às vezes viajam juntos

Mas como saber qual rumo tomar se minha bússola não te encontra?
Hei de guardar minha alma se um dia nossas ternuras voltem a pernoitar.

Nunca me dei o trabalho de analisar o todo como objeto de estudo, mas linhas e cores formam todo, e pictoricamente falando, vejo uma linha, de mim a você. E ela não se parte. Nunca! Vejo isso em todos os quadros que pinto pra você. O que fazer?

Nada, e faria nada com você o dia todo.

Por que só o que importa é mantê-la constante, mas amar não é isso e violetas... não sei o que sentir com essas cores.

-Sempre penso em ti, além da conta! Nunca gostei de culpa-lo por isso.
-Nem acho que seria exatamente esse o caso!

-Mas é!
-Como assim?

-Por que pensas nele demais, projeta tuas dúvidas e anseios naquela relação tão perfeita e harmônica!
-Não é bem assim, tuas respostas são harmônicas por causa das perguntas dele, tu danças o tango, sente o sabor e isso é harmônico, forte ou fraco, mas harmônico.
-Ele não pode ser sempre um espelho.
-Não!

-E por que acho que é?

-Dividimos laços fortes de solidariedade, principalmente em tempestades.
-E durante a calmaria?
-Temos problemas, vejo linhas separadas em intervalos, e que intervalos tortuosos... às vezes mergulhamos no mesmo aquário e dormimos juntos assistindo aquele filme engraçado do peixe azul com perda de memória recente, até nisso estamos morrendo.
-O que fazer?




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"dividido em dois e mais unidos que nunca, sou eu e vocês."


domingo, 28 de outubro de 2012

Flavors: Abnormally Attracted to Sin

Abnormally Attracted to Sin não é um dos álbuns mais amados pelos toriphiles, ainda que possua nele clássicos instantâneos, como Fast Horse, Give e Lady in Blue; por conta disso, supus que seria difícil achar quem quisesse escrever sobre ele para a série Flavors. Qual não foi minha surpresa quando Bossuet Alvim (facebook) habilitou-se a fazer o texto deste disco? E ele foi ainda mais longe: entregou-me uma interessante história de um jovem lidando com seus ditos pecados, história essa que ilustra de forma meticulosa o jogo de poder, abuso, sexo e religião próprio do "Abnormally..."! É com prazer (rs) que lhes apresento seu texto.




Esta história começa à noite. Uma de chuva fraca, ar denso e sensação de abafamento. É uma história de outras, que se colidiram com a minha em diferentes intensidades. Provavelmente por isso, não é linear. Assumo o papel de contador mas são elas que se revelam a despeito de minhas limitações. Estas histórias se casam, se encontram, se refletem com quem ouve e com o que as desfia, mas não têm dono. Se muito, possuem uma autoria do relato, mas buscam sentido em experiências tão pictóricas e sensoriais que não é possível rastrear-lhes as origens.

“Eu te pago um outro drinque, pode virar esse que tá na sua mão” disse o velho no banco alto ao lado de minha mesa. Não o olhei de frente mas podia enxergar com clareza a pinta enorme em meio a sua barba branca, refletida em todos os ângulos do bar espelhado. Agradeci com um aceno de cabeça enquanto o garçom trazia um novo copo cheio, gim sem gelo. Ao autor da oferta ia oferecer um sorriso, mas fui distraído pelo moreno que passou pelo corredor à minha frente. Dispensei o idoso interessado em minhas coxas e fui atrás do que havia me contado ser um homem casado para mais uma trepada. Enquanto subia as escadas que levavam ao dark room, me lembrava de como havia chegado ali.

Começou com a decisão. Saí de casa para o fim de um chuvisco ameno, sentindo pressa. O medo de mudar de ideia me fazia acelerar os passos; um mês de indecisão precedeu a ida. Cheguei à porta disposto a desistir mas acabei impulsionado a entrar com a chegada de um cara trintão, de ombros largos, que me brindou com uma piscadela old school. Já dentro da sauna, perdi o flertador de vista e comecei a me despir; era daquilo que eu precisava. Fiquei excitado ao tirar a roupa em frente a tantos homens. Parte dos que circulavam perto dos armários pararam as conversas para me observar, e senti que havia feito a escolha certa. A vontade de vir a um lugar assim e me entregar a vários surgiu quando meu — até então — namorado desligou o telefone. Encerrou meu décimo telefonema.

À décima negativa dele algo se rompeu comigo. Senti que tinha muito acumulado em mim, que precisava voltar ao meu lugar de comando após tanto tempo me arrastando por mais uma chance. O cara que eu acreditava amar havia me dispensado em nome de seus filhos, de sua esposa, me derrubando de um lugar confortável e seguro entre seus braços — ou ainda com ele entre meus braços, o que me garantia ainda mais segurança. A perseguição dele por uma reputação respeitável me levou direto ao limbo da baixa autoestima. E dele para a portinhola da promiscuidade, aquele lugar rescendente a sexo e desinteresse.

Me senti bem ao ser disputado por homens que jamais desejaria. Consegui distribuir sorrisos enquanto disponibilizava meu corpo ao toque de estranhos, de pessoas que em nada lembravam o ex, que não me satisfaziam diretamente. A satisfação chegava, de qualquer modo, quando eu sentia que os dominava, que tomava controle de suas existências durante aqueles minutos a sós. Ou entre três e quatro pessoas. Sem repulsa, sem muito tesão, sem prazer sexual, me conduzi por várias horas de satisfação pessoal por conseguir criar algum valor para os que se interessavam por mim, entre os que não se sentiam interessantes o bastante. Suficiente para me recolocar em meu cenário de poder após o choque da separação.

Saí daquele lugar úmido para sentir uma brisa fria no Centro da cidade. Derramei últimas lágrimas pela relação encerrada, mas consegui me sentir como se reocupasse um espaço meu na consciência. Longe dos sacrifícios que havia dedicado ao outro. Na praça a poucas quadras da sauna encontrei três amigas: Ofélia, Alison e Veronica. Madrugada, policiamento fraco, algumas travestis no banco próximo, acendemos um baseado. Voltei a me interromper.

A porta de entrada para uma outra consciência, ou apenas uma viagem para longe dos problemas imediatos — seja como for, a onda bateu de um jeito diferente dos outros momentos. Com o cigarro queimando entre os dedos me lembrei que, antes de experimentar qualquer tipo de droga, minha única jornada para fora dos limites conscientes havia acontecido em um ritual religioso. Nada exótico a princípio, o culto de uma igreja neopentecostal me levou a um outro estado das coisas, desejoso de exceder. E ali entendi uma outra forma de pecado.

Se buscamos sempre o conforto da submissão às regras — daí vem quase todo o meu fascínio por religião, contrapeso ao desregramento com que nasci — essa intenção assume contornos quase eróticos a medida em que me entrego para o condutor, pastor ou profeta. A entidade maior, que é alvo das orações, serve como combustível para me manter aceso em meio à multidão de crentes. Quando, através da oração furiosa, revelei alguns de meus incômodos para os irmãos que lotavam o salão, não foi muito diferente do que me arrepiou quando tirei minhas roupas no clube de sexo. Expostos, todos, sob a palavra de algum Senhor, fica fácil criar empatia, mas também muito mais fácil de se enganar com as falsas semelhanças em relação ao próximo.

Não somos parecidos. Ninguém é. Se cheguei a essa conclusão sob influência do entorpecente, não por isso sinto que a verdade se perca. Pelo efeito do tetrahidrocannabinol consigo revisitar as expressões de angústia e euforia que li nos fieis daquela igreja. O pedido vigoroso para fazer parte de algo. A ânsia de integrar um grupo mais forte, vitorioso, cuja orientação vencesse as demais opiniões. Crença. Auto-crença. Condutores de ódio, de medo, em nome da superioridade. Me desliguei daquele culto após uma única sessão, enojado. Mas continuei mantendo contato sexual com um dos pastores, o mesmo que havia me convidado para “conhecer antes de julgar”. Pouco tempo depois, adotei as substâncias ilegais como minha forma pessoal de romper a constância da vida. Acredito que são práticas que correm em paralelo, a da religião lado a lado com a da intoxicação. Uma porta para a fuga. Uma fuga passageira.

“Acho que amor é supervalorizado. Meus pais me amaram e isso não me fez nenhum bem”, disse Veronica. Dentro de minhas reflexões sobre sentimentos, ela e Ofélia ocupam lugares fundamentais e distintos. A ideia de entrega, de sacrifício pelo amor, condenou esta última ao confinamento em papeis de submissão. A primeira, questionadora, é cética quanto a qualquer tipo de envolvimento.

A camiseta de minha amiga tem uma foto de Santa Agnes, que me recorda aqueles versos — “She danc’d along with vague, regardless eyes/Anxious her lips, her breathing quick and short/The hallow’d hour was near at hand: she sighs/Amid the timbrels, and the throng’d resort/Of whisperers in anger, or in sport”. Deve ser gostoso viver como quem se admira, como quem é desejado o tempo todo.

Eu, provavelmente, ainda não estou pronto para abandonar o fascínio que reveste gestos de submissão, os sacrifícios cotidianos que envolvem os relacionamentos. Tentei me diluir no contato físico com um grupo de corpos sedentos, mas por dentro ainda me volto às esperanças de novas conexões. Para ele, o que me deixou, desejo que fique bem. Voltei para casa a passos lentos, sentindo o começo de amanhecer. À janela do meu apartamento, enxerguei a cidade que começava a acordar. Torci para que algo de novo me despertasse daqui a algumas horas, mas para aquela hora — para agora, desejo que ele se encontre após me deixar. De minha parte, prefiro que minha busca continue. Que meus pecados me conduzam.

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Bossuet Alvim tem 24 anos, é jornalista e não se sai muito bem em autodescrições de um parágrafo. Apesar disso, gosta de saber que o formato existe, pois geralmente rende textos bem-humorados permeados de tiradas espirituosas. De sua parte, não foi capaz de pensar em nada do tipo, mas acha importante ressaltar que vive em Minas Gerais, tem sede de contato com o mar e dedica todo o tempo de que dispõe a ouvir mulheres geniais e suas obras estremecedoras.






sábado, 27 de outubro de 2012

[Tradução] Entrevista para Reuters

O site da Reuters publicou recentemente uma entrevista com Tori, na qual além de falar sobre o novo disco, ela discute a noção de que a própria é uma inspiração para uma série de outras cantoras e compositoras norteamericanas. O link foi retirado do facebook do Tori Amos Jp, e logo abaixo você lê a tradução completa da matéria. Para ler a original, LINK.




TORI AMOS DÁ NOVA VIDA A ANTIGAS CANÇÕES EM "GOLD DUST"

(Reuters) – Tori Amos já se apresentava em bares e boates desde os 13 anos de idade, mas a nova turnê e álbum da pianista e compositora marcam 20 anos desde o lançamento de seu estrondoso debut solo, o álbum “Little Earthquakes”.


Durante o mês de outubro, Amos, 49 anos, excursionou para apresentar canções de seu
novo álbum “Gold Dust”, no qual reinterpreta hits das últimas duas décadas, acompanhada
pela Metropole Orchestra. O álbum, lançado em 2 de outubro, é consecutivo a seu ciclo de canção “Night of Hunters” (2011), também inspirado em música erudita.

Amos, uma musicista de treinamento clássico, conversou com Reuters sobre “Gold Dust”, bem como sobre a abertura que seu trabalho criou para outras cantoras-compositoras norteamericanas.

Q. Quão difícil foi gravar e excursionar em suporte ao “Gold Dust”, tocando com todas essas orquestras diferentes?

A. Foi uma jornada arrepiante – tive de aprender que a orquestra é uma entidade – uma criatura. Acabei por chamá-la de dragão e o condutor é o domador. E você apenas tem de... Conduzi-lo, não soltá-lo, e assim ficará tudo bem. Então é um tango, é afastar e aproximar, respondendo um ao outro, inspirando um ao outro. E foi daí que de fato surgiu o romance de “Gold Dust”.

Q. Foi desafiador regravar e reinterpretar canções antigas?

A. Precisei da compreensão de que iria ao encontro de canções que já conheço há tempos, algumas nesses últimos 20 anos. É preciso também que se olhe para quem elas eram quando você as conheceu, e quem elas se tornaram. Então muitas das canções em “Gold Dust” agora tem uma história por conta das experiências de outras pessoas, pessoas que me paravam, conversavam comigo... Numa cafeteria, ou num aeroporto, ainda na entrada de casas de show, me contando sobre sua experiência com a canção.

Q. Você pode nos dar um exemplo de como o significado de uma canção mudou, passados 20 anos?

A. Bem, Winter, quando a escrevi, era muito mais do ponto de vista de minhas recordações juvenis, quando eu era uma menininha e corria pela neve de encontro a meu avô, ou meu pai. Mas enquanto gravava essa nova versão, via em minha mente Natashya, minha filha, que caiu no gelo em Viena quando visitávamos o palácio de lá, como turistas... E seu pai a levantou e enxugou suas lágrimas.

Q. Você é conhecida por ser bem aberta em seus pontos de vista e experiências com religião, política e abuso sexual. 20 anos depois, você se arrepende dessa abertura?

A. Fiz uma escolha antes de “Little Earthquakes” - que eu não pisaria em ovos, não importa o assunto qual fosse, e fui bastante motivada pelas mulheres. Fui motivada pelos seus segredos, as histórias que guardavam em seus corações e possivelmente escondiam atrás do olhar. Ainda, depois de me contar suas histórias, elas podiam também me explicar seu processo emocional. E é algo que lhe traz humildade e lhe intriga – ouvi-las abriu minha percepção de uma maneira que nunca imaginaria, durante todos esses anos.

Q. Você é saudada como muito influente no trabalho de outras compositoras depois de Little Earthquakes. Você às vezes pensa nisso?

A. Eu me mantenho focada no próximo projeto, me mantenho focada no que estou fazendo e até onde preciso crescer como uma compositora, tomando informações, ouvindo as pessoas. Porque é na escuta que o aprendizado acontece. Não procuro analisar o que já fiz e acho que essa é uma boa escolha, porque do contrário não estaria usando meu tempo no processo criativo.

Q. Você está interessada no quê agora? Como anda seu musical em Londres, "The Light Princess"?

A. Estudar os grandes mestres clássicos foi uma experiência que mudou minha vida, pois comecei a olhar para as estruturas de uma maneira diferente. “The Light Princess” foi completa e totalmente reescrito desde que demos início ao trabalho nele, e agora ele se tornou um projeto distinto. Não teria composto este musical da forma que o faço agora se “Night of Hunters” e “Gold Dust” não tivessem acontecido em minha vida.

Q. Então parece que de algum modo você se sente rejuvenescida?

A. Sim, eu diria, diria que uma infusão de uma paleta sônica mudou a forma como vejo a Música.

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

[Vídeos] "A date with Tori Amos" + Tash lendo "Coraline"

Visitando a página do Undented, me deparo com uma ótima entrevista concedida por Tori ao jornalista Torgen Schneider, dividida em duas partes: a primeira é focada no Gold Dust, enquanto a segunda é mais geral, um questionário. Os vídeos são docemente intitulados como "A Date With Tori Amos"!





Além desses vídeos, o toriphile Léo Tavares compartilhou também outra gravação, esta porém centrada em Natashya (ou Tash, para os íntimos rs), na qual ela lê um capítulo do livro Coraline, de Neil Gaiman. Para assistir, logo abaixo!



Obrigado ao Undented e ao Léo pelos links!

Flavors: American Doll Posse

Quando Hamilton Guilherme (facebook) se habilitou a escrever sobre o American Doll Posse, um dos discos de maior apelo visual de Tori, para a série Flavors, sugeri a ele que ao invés de escrever um texto corrido fizesse uma série de poesias, nas quais retratasse cada uma das dolls. Assim, eles fez cinco odes às "bonecas" de Tori, usando-se de referências marcantes e uma boa dose de surrealismo, bem própria aos textos dele. Hamilton mantém com um amigo também um blog de poesia, Lúcidos e Extasiados, mas por agora vamos nos deter a conhecer as dolls, sob sua ótica.
(a arte que ilustra o post foi extraída do blog Visual Audities)




I - Clyde

Eu absorvi toda a luz
E me tornei parcialmente cinza
Sob o inebriar dos cigarros
E suaves incensos,
Eu recolho as estrelas cadentes
Abandonadas nas esquinas

Pensei ter ouvido a voz calada
Da mais soturna arqueira
Meu cálice transborda
E os exércitos se tornam poeira

Pensei ter passado a ponte
A ponte que nos separa
Pensei ter visto em seus olhos
Um brilho que me faltara

E agora que estou sozinha
Distraio-me com o que tenho
Eu observo universos
Em pleno movimento
E assim guardo em meu olhar
Um horizonte em portento
Um outono branco e preto,
Durando não mais que um momento



II - Isabel

Bravo intenso mundo
Abaixo dos nossos pés
De heróis ancestrais
E caídos imperadores
Somos como reféns
De uma guerra civil
Somos um campo de batalha
De trapaceiros sonhadores

Em uma eterna caçada
Aqui todos nós vamos
Em busca de seiva nova,
Dos deuses da lua,
Até as colinas da liberdade
Nós somos vendavais
e almas impuras
Querendo alguma resposta
Para nossas verdades

Na garoupa de meu cavalo baio,
Busquei um espírito rebelde e valente
Apenas eu e meu arco longo,
Na sapiência da minha bússola,
Ao lado negro do sol
Onde escorre sangue inocente



III - Santa

Deste sagrado e profano
coração em chamas,
Eu deixei para trás
Todas as minhas armas
Em meus olhos de índigo
Há um feitiço secreto
Uma volúpia que decreta
Primavera antecipada

É um maremoto
O meu mais ardente desejo
Eu poderia beijar os céus,
Minha paixão incandescente,
Como um sinuoso vermute
Que eu suavemente despejo

Como pude acreditar?
Estava me perdendo, outra vez
De corpo e alma
Pela mais doce ambrósia
Eu caio em sedução
Eu me torno insensatez



IV - Pip

Eu tenho pisoteado
Naqueles terríveis abutres
Com minhas botas de ferro
E sangue vingado, curtume

Uma adaga em minhas mãos
E uma arma recém carregada
Ouço os passos velozes
Dos meus rivais ferozes
Mas não, não perdi a batalha

Hei de queimar, expurgar
O peso sobre meus ombros
E o instinto aniquilador
Resiste sob os escombros
Sim, mais uma vez de pé,
Estou eu em sua porta
Por outro teste de impacto,
Veludo e criança morta

E quando a sombra dos corvos
Devorarem todas as vísceras
Verão as rosas sangrentas
E mais uma fúria insípida



V - Tori

Quanto todas as peças se unem
Formando a constelação,
A muralha é enfim demolida
Pó de ouro em minhas mãos
Os meus velhos retratos
E fantasmas holográficos
Levam-me ao jardim
De segredos acetinados

Nada além dos olhos,
Os olhos de Violeta
E a branda voz do piano
Cantando até que adormeça
Em cada pedaço de mim
É desvendado um arcano
O mel da abelha assassina
Tão doce, ambrosiano

Os arcanjos de concreto,
Deixei-os em linha reta
Cairão como dominós
É o que meu ventre atesta
E atrás da prisão da Torre
Uma roda gigante, tão só
O delineador do tempo
Irá reduzi-la a pó

Por fim, deitada na relva
Contemplo a noite estrelada
Percebo, foi longa a estadia
Navego de volta pra casa

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Hamilton Guilherme

19 anos, estudante de arquitetura e urbanismo, aspirante a escritor e sempre à procura de uma paisagem tranqüila ou da companhia de velhos amigos; talvez seja um anarquista com uma lança nas mãos ou um eremita que vive nas montanhas. Pernambucano e libriano, com uma certa tendência à esquizofrenia e um apático sentimento lisérgico nos olhos. Eu sou o azul purpúreo da noite minutos antes da alvorada, eu sou apenas eu mesmo.

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Torinotes! (III)

UPDATE: saiu o vídeo de Crucify na TV francesa, assista no corpo da postagem!



Mesmo tendo concluído a sequência de shows da Gold Dust Orchestral Tour, Tori continua concedendo entrevistas e participando de programas de TV, para divulgar o Gold Dust. Dessa forma, seguem abaixo algumas delas:

1 - Amos participou de um programa de TV francês, C à vous (France 5), no qual apresentou a canção Crucify. A foto que ilustra o post vem exatamente desse programa, e o vídeo você assiste logo abaixo (via Tori Amos France);



2 - O site Bild, da Alemanha, fez uma entrevista com Tori, mas está completamente em alemão. Para quem interessar, LINK.

3 - Outra entrevista foi concedida ao site SameSame, na qual a cantora discute sobre o Gold Dust e política. Esta em inglês, e pode ser lida AQUI. Abaixo, um trecho do texto:

Amos é a primeira a admitir que não produz música que seja de fácil audição. Mas não é, como diz a própria, a intenção dela criar coisa do tipo. Por muito tempo ela tem tratado de assuntos que são considerados desconfortáveis ou tabus, provocando a ira daqueles que a acusaram de canalizar as profundezas de sua própria miséria para ter material de trabalho.

O que esses críticos esquecem, porém, é que para Amos escrever canções sobre sua educação religiosa conservadora e repressiva, masturbação adolescente, estupro, fins de relacionamento e dificuldades ou, como ela mesmo resume, "simplesmente ser uma mulher no mundo", não é uma estratégia barata para ganhar simpatia ou atenção.

De fato, ela a descreve (sua composição) como "a forma como eu lido, como processo, como começo um diálogo. Se você não está interessado nessa conversa que comecei, vá embora. Você não precisa conversar comigo, pode continuar em seu caminho".


ps: as duas últimas notas foram originárias do twitter do Undented.

Flavors: Boys For Pele

Como vocês bem sabem, já começamos nossa série Flavors (recapitule aqui), e é com satisfação que agora publico o texto de Mariela Simão (facebook) sobre um dos trabalhos mais amados de Tori: Boys For Pele. Preciso admitir o quanto foi prazeroso ler o texto de Mariela, uma vez que ela nos mostra através de sua experiência que neste disco Amos não somente sentia; ela ERA o sentimento, o fogo queimando, até apagar. E reacender, sempre que precisássemos nos esquentar. Sem mais delongas, Boys For Pele.




Uma das minhas primeiras aquisições da Tori, Pele é pra mim uma dor necessária. Quando ouvi pela primeira vez em meados de 2005, gostei, mas não senti o poder que sinto hoje quando eu o escuto. Não sabia ao certo o que significava, qual a mensagem a ser passada, o porquê de seu nome. Sete anos depois eu comecei a entender e este cd se tornou o meu melhor amigo, em todos os momentos.

O disco mais forte de Tori, em minha humilde opinião, é puro fogo. É colocar a mão numa chapa quente e não tirar. É arrancar o band-aid e cutucar a ferida até começar a sangrar novamente. Algumas pessoas são obrigadas a conviver com a dor todos os dias de sua vida. A dor de ser o que é; a dor de uma ferida que não cicatriza; a dor de uma perda. O Pele me ensinou a conviver com essa dor, a fazer dela a minha melhor amiga, minha companheira de todas as horas. Aprendi que, nos momentos que me sentir fraca, cansada, impotente, rejeitada, sozinha, vazia, morta por dentro, eu teria ali 18 amigas dispostas a contar sua história para mim, para me fazer levantar e cutucar a ferida de novo, até atingir um ponto que eu não sentiria mais e não me incomodaria mais. E tenho que dizer que esses momentos foram bem recorrentes nos últimos três anos. Quantas vezes eu quis sumir e bastava apagar a luz, colocar um fone e começar as primeiras notas de Beauty Queen que meu desejo se realizava. Eu sumia, viajava para longe, e só voltava para encarar o mundo no final de Twinkle. Pura magia. Voltava disposta, com força e pronta pra outra.

Pele, acima de tudo, foi trilha sonora das minhas decepções. Com um coração partido, rejeitado, encontrei nesse cd as melhores amigas para conversar sobre isso (a carência de confiança, de interesse de amigos, pessoas próximas para me ouvir fez a minha ligação com esse cd ser muito mais forte, sim). A explosão de Blood Roses, Father Lucifer, Caught a Lite Sneeze me proporciona, sempre, a força movida a raiva para deixar para trás e esquecer. Claro, admito que me tornei muito mais amarga por isso, mas não me arrependo. Eu prefiro ter um coração de pedra que custa a abrir do que um coração mole que é estilhaçado a todo o tempo. Jupiter e Way Down me acalmam após a explosão, mas me fazem enxergar que tudo está acabado. Daí eu chego ao fundo do poço. Quem nunca chorou ao som de Jupiter, durante uma viagem, com a cabeça encostada na janela do ônibus, desejando que a chuva que cai lá fora lave a sua alma e te livre logo dessa dor? Eu já. E várias vezes. Mas a chuva não me atingia e a dor não ia embora. Então elas chegavam. Little Amsterdam, Not the Red Baron, Doughnut Song e Putting the Damage on sentavam ao meu lado, seguravam minha mão e me diziam que estava tudo acabado. Que eu não precisava lutar contra essa dor porque ela não iria sair nunca dali. Que as coisas só iriam voltar a ficar bem se eu aprendesse a dormir e acordar com essa dor, sem querer expulsá-la de mim. E assim que eu aceitava isso; Twinkle se juntava a elas e me dizia: “I can see that star when she twinkles”. Eu realmente podia. E posso.

Para mim, o Pele é assim. Ele vem para te destruir e ao mesmo tempo para fazer acender o fogo que estava apagado dentro de você. Ele não te livra da sua dor, ele simplesmente te transforma na dor, e ela passa a não te incomodar mais. Eu cresci muito com os cds da Tori, mas, sem sombra de dúvidas, o Pele foi o que mais me influenciou. E é o grande amor da minha vida.








Leonina com ascendente em aquário, variando do egocentrismo a destrutividade. Dona de uma aparência que engana muitos, pode parecer dura e forte por fora, mas tem um coração fraco e mole. 22 anos divididos entre fases doces e amargas, com muita música sempre presente. Vive as custas de amores platônicos desde os 12 anos de idade e provavelmente até o momento do último suspiro.



segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Flavors: Little Earthquakes (I)

Como vocês sabem, começamos nossa série Flavors com um texto lindo sobre o Scarlet's Walk, e agora damos continuidade com um relato apaixonado sobre o Little Earthquakes, por Tonny Aranha (facebook). Nele, lemos sobre a surpresa de descobrir Tori Amos; uma surpresa que não acontece com todos que a ouvem pela primeira vez, mas que certamente aconteceu para quem teve depois vontade de conhecê-la mais e mais! Boa leitura ^^


Oh, these little earthquakes...

Minha primeira experiência com Little Earthquakes – que sem demasia alguma considero o melhor álbum feminino já feito – é muito mais que somente musical; ele fez (e ainda faz) parte de uma incrível época da minha vida, que se define em eras desde que o conheci: as pré e pós-Tori Amos e seus “pequenos terremotos” (que de pequenos não tem nada), e também foi responsável por me fazer gostar da moça dos cabelos cor de fogo com atitude explosiva ao piano, e suas espantosas letras acerca de conturbados temas, como sexo, religião e tragédia pessoal – o que foi a sua marca registrada durante um longo período.

Em meados de 2010, precisamente em maio, conheci Tori. Tinha acabado de fazer 16 anos, e já tinha ouvido falar dela em algum lugar, mas só de nome. Estava cessado de meu fanatismo em Alanis Morissette e do marasmo mainstream da música na época. Comecei a buscar artistas que se encaixassem com o que eu estava à procura naquele momento: agitação; algo que apaziguasse meu tédio. Eis que recorro à tão-falada rede social que eu havia criado há algum tempo, mas não usava regularmente: o Last.fm.

Lembro que em um dos meus primeiros usos imprudentes, fui escutar a rádio do site, onde ele te fornece uma playlist com músicas de acordo com seu gosto musical. Durante a execução dessa rádio, eis que me é apresentada Bouncing Off Clouds – e foi paixão à primeira vista. Procurei por ela apenas com o nome “Bouncing”, o que ficou em mente. Vasculhei a internet quase que inteira e nada. Resolvi baixar alguma canção aleatória, e fiz o download de Silent All These Years, via torrent.

No começo essa música me causou certa estranheza, porque havia achado meio vagarosa – e Tori também não fazia o estereótipo de artista que me agradava – mas tinha um refrão contagiante, e isso fez com que crescesse mais e mais a cada execução. Logo, baixei o disco completo. Ao escutar os primeiros e angustiantes versos de Crucify, senti como se todo o meu fôlego tivesse sido tirado, e, ao final, devolvido bruscamente ao meu corpo; mas também trouxe certo alívio, como se eu tivesse passado por uma terapia de divã, e ali, posto pra fora todas as lamúrias e dores que me afligiam. Nunca havia sentido identificação tão grande. Estava fora de minhas zonas de conforto, e acabara de adentrar nas conturbadíssimas de Mrs. Amos.

A dualidade sensorial das músicas de Tori em Little Earthquakes é impressionante, pois te leva a lugares e momentos que você não só se identifica, mas se machuca, também. Nos leva a conceber que a vida não é feita só de eventos bons (pelo contrário), e que as dificuldades estão aí, em nossas faces; mais importante, que devemos lidar com elas, não tentar ignorá-las. Basicamente o que Tori mostra é que se não expurgamos nossos demônios, eles tomam conta de nós.

Suas canções poderiam muito bem ser interpretadas como somente deprimentes, mas quando você escuta qualquer música desse disco, ao mesmo tempo em que a exposição de sentimentos dolorosos pode lhe trazer duras lembranças, sempre consegue criar ao final uma espécie de alívio, um efeito terapêutico indescritível.

E a postura de Tori nesse álbum é de deixar qualquer um pasmo; ela foi verdadeiramente uma artista ao expor suas dores, mágoas e situações de tragédia pessoal publicamente, e ainda conseguiu ir além: transformou momentos tão pungentes de sua vida em belíssimos registros musicais, com interpretações viscerais, de fazer cair os queixos de quem ousar subestimar seu talento. O disco também mudou minhas perspectivas musicais, pois não costumava ver o piano de forma tão atrativa antes de escutá-lo.

Em suma, nenhum adjetivo no mundo seria suficiente para descrever o que esse álbum me representa e faz sentir, o valor sentimental que nutro por ele é inestimável. Esteve presente em várias fases da minha vida, desde paixonites de colégio até frequentes conflitos existenciais. Considero-me alguém bastante sortudo por ter conhecido um artista com quem me identifique tanto feito Tori Amos, porque desconheço qualquer outro no mundo que sintetize tão bem emoções e sentimentos como ela... Algo bastante evidente em sua primeira grande obra-prima, Little Earthquakes.

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"Tonny Aranha" é o pseudônimo criado pela mãe do pequeno garoto Antonio Tavares Aranha Neto, enquanto ainda era um grande aspirante a desenhista, na infância. Tem 18 anos e cursa o 4º período de jornalismo no Centro Universitário do Norte (Uninorte), em Manaus. Gosta de escrever sobre música, escutá-la, e, se possível, fazê-la. Você nunca ouviu falar dele antes. E possivelmente nem vai. Um sonhador.


sábado, 20 de outubro de 2012

Flavors: Scarlet's Walk

O primeiro texto de nossa série "Flavors" (explicada aqui), será centrado no Scarlet's Walk, e foi escrito por Felipe Colmenero (facebook), toriphile brasiliense que captou com maestria a beleza e mudança que a jornada deste disco representa. O próximo álbum será o Little Earthquakes, mas por agora, deliciem-se com o texto do Felipe.




Um dia, lá em 2002 ou 2003, vi um videoclipe bonito na MTV. Gostei e vi que era com aquele narigudo que fez o filme O Pianista. Um dia, depois de sair da escola, fui andar pelas ruas. Peguei o metrô e fui fazer PN no shopping, mania de adolescente brasiliense. Com minha mochila nas costas e os livros de física, literatura e meu discman. Numa loja de cds, vi escondido dentre as prateleiras, a foto dessa mulher, cabelos ao vento, numa estrada desértica. Gostei da foto. Reconheci: ah... é aquela menina ruiva esquisita que tava naquele clipe.... Por impulso, paguei os 19 reais. Era caro pra mim na época.



Cheguei em casa e ouvi. Tava louco para ouvir aquela música do clipe!




Eu detestei.

Lembro que fiquei tão desapontado com aquelas músicas estranhas e longas e climáticas e malucas e aqueles instrumentos que não sabia o nome. Eu odiei. Guardei no meu porta-cd e fui ouvir qualquer outra coisa como música de fundo enquanto navegava na internet e ia ao bate papo. Deixei o resto guardado na gaveta.

O maior erro da minha vida. Mas quem sabe o que é vida aos 16 anos?



Um dia, um ex-namorado americano de uma tia minha, ao me visitar no Brasil, viu a capa do CD no meio da bagunça que estava meu quarto. Era Scarlet's Walk. Ele disse: — Oh, you like Tori Amos? Back in America, they say she's music for lesbians. Gays love her...

Eu disse: — And what's wrong with that?




Houve um silêncio.

Peguei o CD, por teimosia e constragimento e fui ouvir. Lembrem, eu ainda não sabia o que era vida, mas agora já tinha 18 anos. Papai batia nas minhas costas. "Já é um homem grande". E me dava as chaves do carro. Eu olhava, em silêncio para aquela imagem naquele CD e via essa mulher. Sou eu um homem grande?

À noite, estava no carro. Ouvia e ouvia e ouvia. As notas, os tecladinhos, as orquestrações. Aquela confusão veio a minha cabeça. E fui ver... do que raios se trata esse álbum?! O que são as letras? O que significa esses desenhos nesse mapa de back in America?
Parei o carro e resolvi ler as letras. Parei o carro e fui ver as fotos das polaróides. Parei o carro e pensei: quem é essa mulher? E porque ela está nessa estrada desértica?

Olhei pra frente e vi, mesmo no frio da noite, que eu estava dirigindo numa estrada desértica.

Havia deserto e muita estrada pra rodar pela frente. Cheguei em casa. O caminho foi exatamente a duração de Amber Waves a Gold Dust, a primeira e última faixa do álbum. Entrei na internet e pesquisei o que era aquela dúvida. A resposta do site de procura:

"Tori Amos, in her latest album, Scarlet's Walk, tells a story about a trip."



Olhei aquela foto do mapa, as fotinhas da ruiva esquisita, a estrada.

"Felipe, como você é burro! É claro que esse CD é sobre uma viagem! Como você não percebeu o que era óbvio?!"


Mas que viagem é essa?

Eu ainda sou muito burro. Nada em Tori Amos é evidente.

A viagem começa no Alaska e termina... onde ela termina? Tori descreve uma persona, um alter ego que a si descobre, e relata como um diário de viagem pelo Big USA. Uma nada na vida que não sabe muito de sua história e tem sapatos bonitos. Uma sem nada do que fazer, exceto viajar por aí. Cada música é um trecho de suas aventuras. É uma linha do tempo. Cada música é seu encontro com pessoas loucas, com experiências com cigarrinhos, com o vento, com a injustiça entre as fronteiras, com donas de casa numa noite nos bares, com a homofobia, com a política, religião, misticismo e incertezas, com atrizes pornôs, com conversas enviesadas. Afinal, todo mundo tem que pedir informações no meio do caminho, acordar e comer uma panqueca antes de pedir uma carona, e sentir o preconceito, o olhar receoso e curioso de ser um(a) viajante.

Com partidas. E despedidas.



Sabe que eu penso?

BULLSHIT.



A caminhada é uma construção. Scarlet's Walk foi o jeito dela me dar um tapa na cara é dizer... BULLSHIT! Essa viagem não é pegar uma carona e tirar foto pelo caminho, meu querido.

É um amadurecimento. É uma jornada que se faz em segundos e você não precisa saber quando vai começar. É aquele piano crescente e confuso que toca na cabeça quando se depara com a estrada pela frente. O sol é forte, quente e constante. mas uma hora anoitece.

Quando anoitece e você entra no quartinho do hotel, pés cansados, sem dinheiro no bolso, sem gasolina no carro. Você já não é mais você. Você é o solo onde inocentes morreram, você é o mel que caiu na panqueca, você é a pistola que agride, você é a vítima que se rende, você é a saudade que se torna dourada, você é o refém, você é a história. Você é aquele que se vende. Você é aquele que é vendido. Você é aquele que vende. Você é aquele que olha atento ao retrovisor. Você é aquele da quarta feira, cotidiano e entediante. Você é uma oração. Você.

Você é a viagem.



Você é o mapa.









Mas desculpem-me, eu estou dizendo uma mentira.

Um dia, peguei o carro da minha mãe emprestado, busquei em casa um garoto, que por acaso, conheci num supermecado, uns meses antes. Para impressionar, eu: —olha escuta isso.



Ele ouviu. Ele soube o que eu ainda não sabia. Eu não havia vivido minha jornada.

Eu só entendi Scarlet's Walk quando ele me disse, aquele querido afeto, hoje ausente, mas cuja foto carrego no bolso do casaco ou na carteira:

— Você é burro, Felipe! Escuta! Não fique se procurando no mapa. É noite e você não vai enxergar nada. Ouça!

A viagem, veio ao olhar a estrada. Veio. Consegui olhar a estrada na escuridão. Veio da caixa de som do carro, na porta esquerda. Vai ser uma volta longa pela cidade.

Mas Scarlet, aquela persona (?) me falou bem baixinho no rádio quando, na volta pra casa, ele colocou sua mão na minha nuca, sentado ao meu lado no banco do passageiro. 



Aí, ao som de instrumentos que ainda ainda ainda não sei o nome, eu fechei os olhos e pisei no acelerador.

Me arrependo até hoje de ter deixado por anos esse maldito CD guardado na gaveta.
Me orgulho de ter a ingenuidade, aos 16 anos, de comprar CDs por impulso.
Me amendrota saber que eu dividi com alguém essa viagem.



Porém jornadas são interseções. Nas estradas há o caminho da esquerda e o caminho da direita. Cada um escolherá o seu, um dia.




As três primeiras notas saindo pelo fone de ouvido, naquele mesmo supermercado, bem... pulls me back another year. I was here.

Scarlet's Walk ainda me confunde.

Mas quem sabe o que é a vida, agora, aos 26 anos? Eu só sei que terei um dia ouro em pó nas mãos.


Talvez eu já tenha.


Felipe Colmenero (11/10/2012, véspera do Dia das Crianças, ao som de... adivinha?)


On my way up north...







Felipe Colmenero

26 anos e ainda preso à nostalgia e às saudades do que ainda não veio. Pensa que é um autista plástico, escritor ninfomaníaco e cozinheiro de mão cheia, mas o que faz de melhor é ser cantor desafinado de karaokê, beber vodka barata e escrever poemas nas paredes da casa com péssima caligrafia. Brasiliense aquariano com ascendente em aquário, logo um arrogante cínico e/ou um ativista esquizofrênico que chora escondidinho no chuveiro, Enquanto pinta o cabelo de rosa, Sou uma imitação de mim mesmo.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Aparições de Tori na mídia Britânica



Tori deve fazer participações em programas de TV e rádio nesse fim de semana, na Grã-Bretanha. O primeiro deles é o The Review Show (BBC), entrando no ar às 00:30h (horário de Londres), no qual ela deve tocar Girl Disappearing. A visita de Amos não está listada nas atrações do programa, mas como o boato surgiu, é possível que ela tenha sido encaixada de última hora. Aqui o link do programa.

Na rádio, a cantora com certeza participará amanhã do programa de Robert Elm, também da emissora BBC. Ele está programado para ir ao ar às 10 horas da manhã deste sábado, de acordo com o horário Londrino. O site do programa indica que em breve ele estará disponível para audição.

A fonte dessas informações foi o Facebook do Undented, então deixamos registrado nossos agradecimentos.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

"Flavors": os sabores de Tori Amos

Fizemos um pouco de suspense há dois dias atrás (releia aqui), e agora vamos revelar qual é a surpresa que andamos preparando para vocês!

A série "Flavors" será composta de 11 textos escritos por Toriphiles do Brasil todo (do Amazonas ao Paraná, literalmente), dedicados às diferentes fases da carreira de Tori Amos. Cada texto será centrado em um dos discos da pianista, à exceção do Little Earthquakes (este com dois), e aos autores foi dado somente uma meta: que fossem livres em sua escrita. A ideia por trás dessa série de publicações aqui no blog é apelar para o lado mais emocional e sensorial de cada álbum, invés de representá-los num formato de crítica musical pura. Os fãs que aqui contribuíram tentaram captar a genialidade de cada trabalho a partir de seu elemento mais humano, uma vez que a face mais divinal de nossa "deusa" é exatamente essa: a humana.

A partir do próximo dia 20, começaremos as postagens, que serão compartilhadas via twitter e facebook, como sempre. E se preparem, pois pelo que já temos pronto, são boas as novas que em breve lhes trarei.



quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Arte EWF: Marina Carino

Estava eu no facebook, quando me deparei com fotomontagens (manipuladas pelo photoshop), tematizadas no álbum Scarlet's Walk, feitas por minha amiga Marina Carino. Bem dizer, Marina estava representando através delas as personagens femininas do romance sônico de Tori, o que a fez projetar Amber Waves, Carbon, Mrs Jesus e a própria Scarlet, lidando com as desventuras de A Sorta Fairytale. Ficaram ótimas, e decidi publica-las aqui!

Minha surpresa foi ainda maior quando, ao acessar o Perfil de Marina no DEVIANTART , vejo que a própria já fez diversas ilustrações envolvendo músicas e personas de Tori, muito bonitas também. De acordo com a bio dela:

"I'm a huge Tori Amos fan, and I love making tori art. I'm currently obsessed with tori photomanipulation/photoshop art, so this is a space to share my creation with other EWF. some of these pieces were originally made for Tori Amos Confessions (LINK), so be sure to check them out!"

Assim recomendamos muito que deem uma passada por lá para conferir seus lindos trabalhos. Logo abaixo, algumas das damas do Scarlet's Walk...


AMBER WAVES


You said "he's got a
Healing Machine
it glows in the dark
glows in the dark"
You say "there's not a lot
of me
left anymore -
just leave it alone.



SCARLET, EM "A SORTA FAIRYTALE"


you lost me...


CARBON


just Keep Your Eyes On Her
keep don't look away
keep your eyes on her horizon
get me Neil on the line
No I can't hold
have him read
"Snow Glass Apples"
where nothing is what it seems
"Little Sis you must crack this"
he says to me
"you must go in again
carbon made
only wants to be unmade"



MRS JESUS


well, made my bed
of cut roses
by undertstanding
that the cause
It just comes first
with my mrs. jesus
the Gospel changes meaning
If you follow John or Paul
and could you ever
Let it be
the Mary of it all



<3

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Show completo da Gold Dust Orchestral Tour!

Com o final da primeira tour orquestral de Tori, decidimos compilar vídeos das apresentações com o setlist completo da Tour, para saciar um pouco a ânsia de quem não foi e dar saudades aos sortudos que estiveram nas apresentações ;)

As the first Tori's orchestral tour came to an end, we decided to collect videos from the performances to make a complete setlist compilation. This is for the ones who couldn't attend the concerts, but it works as a nice remembering for the lucky toriphiles who were there, too ;)

I'd like to thank Youtube Channel Seputus, for the videos!













Para ver as outras fairy songs (as que foram solo), é só clicar nos links a seguir:

Purple People
Here In My Head
Merman
Upside Down





























<3

Recado aos Toriphiles...

Dentro em breve traremos uma boa surpresa feita por fãs de Tori para outros fãs de Tori. Será uma forma de celebrar os sabores e sentimentos expressos durante esses 20 anos, de uma das carreiras mais produtivas e geniais da música popular! Fiquem atentos...



"Raining flavor... Icing flavor... Spread that flavor"

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Setlist de Berlim (15/10/12) - Último Show da Gold Dust Orchestral Tour

Hoje em Berlim aconteceu o último show da Gold Dust Orchestral Tour, e mesmo não havendo grandes surpresas no setlist como um todo, houve sim algumas pequenas novidades: a fairy song foi Upside Down e Tori também tocou Mr Zebra antes de Edge Of The Moon. Além disso, uma canção da trilha sonora de “A Noviça Rebelde” (Sound Of Music) acabou sendo apresentada antes de Our New Year.

Agradecemos o twitter do Undented pelo setlist divertido, bem como o @movemeantTO, responsável pelo setlist real.

FLYING DUTCHMAN
CLOUD ON MY TONGUE
BAKER BAKER
MARIANNE
SNOW CHERRIES FROM FRANCE
IMPROV - “When she calls my name”
UPSIDE DOWN (solo)
HEY JUPITER
JACKIE’S STRENGHT
WINTER
intermission -
YES, ANASTASIA
FLAVOR
GIRL DISAPPEARING
LEATHER
SILENT ALL THESE YEARS
MR ZEBRA (solo)
EDGE OF THE MOON
GOLD DUST
PRECIOUS THINGS

STAR OF WONDER
PROGRAMMABLE SODA
SO LONG, FAREWELL (da trilha de “A Noviça Rebelde”)
OUR NEW YEAR


Vídeos: Echo Klassik + Programa Matinal (ZDF)

Finalmente foi liberado um vídeo do Echo Klassik Awards, sobre o qual falamos ontem. Ele mostra o momento em que Tori recebe o prêmio!



O canal ZDF também levou ao ar hoje mais cedo o programa Morgenmagazin, no qual Amos foi entrevistada e tocou Cloud On My Tongue.



Ambos os vídeos foram obtidos via Facebook do Yessaid. Sage of thanks ^^

domingo, 14 de outubro de 2012

Tori recebe hoje o Prêmio Echo Klassik!

UPDATE (2): O prêmio será de fato apresentado às 17h (horário de Brasília) no canal ZDF, só não será ao vivo.

UPDATE: houve uma pequena confusão nos horários da premiação, porque Tori já recebeu seu prêmio!


Fonte da imagem: Facebook Collectingbees

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Havíamos noticiado tempos atrás que Tori foi agraciada com um Echo Klassik (reveja) e a cerimônia de entrega dos prêmios será hoje, às 22h (horário de Berlim - 17h horário de Brasília). A celebração será transmitida pelo canal alemão ZDF, então fiz uma busca no google por algum link de transmissão ao vivo, achando assim algumas páginas que podem servir (AQUI). Caso consiga um link adequado antes do horário previsto, farei update na postagem.

Outro ponto importante é que Tori fará amanhã o último show da Gold Dust Orchestral Tour, em Berlim, e participará de um programa matinal desse mesmo canal para divulgar o novo álbum. Por enquanto, já existe um vídeo de Tori (linda, por sinal) sendo entrevistada no Red Carpet (via o tumblr Ear With Feet):



As informações desta postagem vieram do Fórum Afterglow, então muito obrigado a eles.

sábado, 13 de outubro de 2012

"Gold Dust", and the Memories

This is an english translation wonderfully made by my brother Netto Sousa and a bit re-edited by myself, for the text I've written as a tribute to Tori's new album. If you want to read the original one, in portuguese, please click HERE.

This version was produced as a gift to anyone who access ToriBr but can't understand portuguese. Sorry for any possible mistake, and we hope you all like it ;)



Memories... Watching them getting shape and becoming farther and farther through the years, that’s such a thing none of us can escape from. And as time goes by, those same memories – which at the surface are moments firmed in the past, they really could change. At least, the way we feel them. Whether at a first sight they caused upheaval and regret, they can turn into turning points for our awareness and sense of reality (yet in some cases it comes to be such a rough one). Either they brought us pain in face of a huge loss, with some seasonal help they can end up in bringing us a sweeter and more generous feeling. Even if some memories were essentially joyful, they can produce such a melancholy when we reflect on how those good things could not come back anymore... To sum up, memories come and go; they don’t stand still in our minds and hearts.

That was the effort made by Tori Amos in her new album, Gold Dust. Representing – along with the stately fostering of an orchestra – that the souvenirs emerged by such songs are not exactly the same, yet they came up from the same root. The song girls have grown up, acquired more purport and experience throughout the worlds they’ve been, bringing us to the instant when all of them, even the more hurting ones, end up in being especial... They represent the track of a life during 20 years, by summoning all possible feelings that the mere fact of being human uses to do. And that is not only up to Tori herself, even though the songs have been brought to this reality on her own. It is also up to every toriphile who started to follow this red-haired pianist, building up their own memories with these same songs too… The concept underneath Gold Dust is of revisiting – for her, for you and for me.

Although many of us have missed several classical songs that would probably receive an astouding orchestral treatment, It would not be possible to make everyone happy with the length of a single disk. And even though the collection seemed to be a bit lazy, for Tori decided to use songs that could fit to orchestrations instead of innovating completely by picking the likes of “Cruel” or “Juárez”, it makes up concisely her big back catalogue and includes rather intense moments of novelty too, like “Flavor” (the first single) and the always pungent “Precious Things”. The lack of great news on most of the tracks does not mean they have not changed either; these changes were more subtle though, as they were concerned in adding, instead of redoing. As an interviewer said on the new wave of recent interviews, Tori seems to sing the songs with more strength, more intensity. And this is the result of a process that needs to happen to all of us: reaching maturity.

A notable feature in these transformations was the incorporation of the typical nuances excerpted from live performances of these songs: “Yes, Anastasia” was affected by an impressing cut on its length, but it represents what tori usually does when she plays that song live indeed; “Cloud On My Tongue”, in addition to such a moving new instrumentation for the "circles and circles, again, again" bridge, finally ends up with the sweet "he and she, and we..."; “Precious Things” acquired a version in which the "Guuurl" part is growled in a very fierce way; and “Silent All These Years”, one her dearest songs, acquired new voice layers in the bridge which portrays both verses sung in the original one, off the album “Little Earthquakes”, and from the simplest version of it, typical from her performances.

This just points out how these differences brought in this new album really sought to incorporate the evolution of these girls, from a more "juvenile" (but no less brilliant) form to an “adult” state, whereas they maintain their essence and definitely their force. Because this is growing up: to go through a thousand experiences, meeting new people, being surprised and torn apart, and after all of these things, to look at yourself, feeling differently, but still in your own skin. And yet, these are the same songs that made us cry in reminding us of people who are not coming back. The same songs that made us smile when they gave us comfort and joy. The same ones that saw us grow up and shrink down, being there even when we felt that the rest of the world wouldn’t be. They are in our hearts and even if for any reason we stop to listen to them, Tori and her girls will never leave us.

Memories... Time makes our perspective on them change, but there’s one thing neither time nor ourselves can change: the startling fact that they will always have their room. And Gold Dust is just a trace of it: memories will always have their own place.

“Whose God spread fear? Whose God spread love?”
“We’ll see how brave you are”
“I got lost on my wedding day”
“Circles and circles again, again... Got to stop spinning”
“With their nine inch nails and little fascist pants tucked inside the heart of every nice girl”
“Some say we have been in exile, what we need is solar fire”
“I tell you that I’ll always want you near... You say that things change, my dear”
“So afraid you’ll be what they never were”
“When you think, and boy, when you drink! When you think of me”
“And when I promised my hand, he promised me back snow cherries from France”
“And they said ‘Marianne killed herself’, and I said ‘Not a chance’”
“Years go by and I’m here still waiting for somebody else to understand”
“7 a.m., so it begins again... One zip favoring familiar silhouettes”

“And somewhere Alfie smiles, and says ‘enjoy her every cry you can see in the dark through the eyes of Laura Mars...’ ‘How did it go so fast?’ You say as we are looking back, and then we’ll understand we held Gold Dust, in our hands”



Setlist de Varsóvia (Sala Kongresowa) [03/10/12]


Tori terminou o quarto e penúltimo show da Gold Dust Orchestral Tour agora há pouco, na Polônia. As modificações, por sua vez, ficaram pela retirada de Flavor e Star of Wonder, e a inclusão de Merman como canção solo. O setlist completo foi obtido pelo Twitter do Undented, então os agradecemos.

FLYING DUTCHMAN
CLOUD ON MY TONGUE
BAKER BAKER
MARIANNE
SNOW CHERRIES FROM FRANCE
IMPROV - “I know where I am now”
MERMAN (solo)
HEY JUPITER
JACKIE’S STRENGHT
WINTER
intervalo -
YES, ANASTASIA
GIRL DISAPPEARING
SILENT ALL THESE YEARS
LEATHER
IMPROV - “my polish friends”
EDGE OF THE MOON
GOLD DUST
PRECIOUS THINGS

PROGRAMMABLE SODA
OUR NEW YEAR

[Tradução] "Minha vida secreta", The Independent


O jornal The Independent publicou uma entrevista com Tori baseada em curiosidades sobre sua vida pessoal. Nela, a cantora chega a afirmar que se arrepende de ter usado somente um jeans e camiseta nos primeiros shows divulgando o Choirgirl! Para ler o original, clique AQUI. Segue a tradução...

Minha Vida Secreta: Tori Amos, 49, cantora e compositora

Meus pais foram... Meu pai se tornaria um médico, estava num curso pré-medicina quando conheceu minha mãe, à época se graduando em Inglês. A mãe dele o obrigou a virar um ministro (de igreja) - ela era uma missionária. Minha mãe largou os estudos e trabalhou para apoia-los.

Quando criança, eu queria ser... Quando estava no Conservatório Peabody, percebi rapidamente que não queria ser uma pianista de concerto; queria ser uma compositora. Eles me disseram: olhe para os livros de história, não há muitas compositoras de forte reconhecimento. Eu dizia, “bem, não era dada a elas a oportunidade”.

Se eu pudesse mudar algo em mim... Eu seria ótima em grelhar alimentos.

Você talvez não saiba, mas eu sou ótima em... Refletir sobre sua vida por você. Se você está para tomar uma decisão - e não falo sobre bens, mas de razões emocionais - posso lhe oferecer uma avaliação neutra.

Você talvez não saiba, mas sou péssima em... Fazer embalagens. Eu começo a suar frio. É como se uma onda gigante viesse para cima de mim.

Queria nunca ter vestido... o look jeans + camiseta da tour de lançamento do Choirgirl. Ouvi meu marido, ele disse, “olha, por que você simplesmente não usa um jeans?”. Não ouça seu marido a menos que ela seja um gay no armário. Quando olho para as fotos, eu devia ter um esfregão nas mãos.

O que você vê ao olhar no espelho... O tempo passando.

Meu item favorito de vestuário... Sapatos. Se o mundo acabar e você usasse tamanho 37 e meio, venha atrás de mim. Tenho alguns.

Não está na moda, mas eu adoro... A biblioteca.

Minha construção predileta... O Opera House, de Sydney. Precisa ser desocupado e remontado em função da acústica - sonicamente, é desafiador - mas descendo a escada para o camarim, esperando para entrar no palco, você pode observar a água...

Um livro que me mudou... Collected Poems, de Rimbaud. Tê-lo descoberto no início de meus 20 anos me deixou maravilhada - a beleza, a dor.

O último álbum que comprei... Cabaret, com Liza Minnelli.

Minha paixão secreta... Gina Lollobrigida. Meu lado masculino a acha incrível.

A última vez que chorei... Há pouco tempo - eu choro vendo filmes e séries de TV. Acho que foi quando Tash estava me mostrando uma reprise de House.

Meu plano para cinco anos... Que o musical [The Light Princess, programado para estrear no National Theatre] seja lançado... Tem sido uma jornada.

Qual o segredo? Receber as dádivas que são dadas a você, tendo o compromisso de preservar a terra para o próximo grupo de pessoas que virá, e também desejará dançar com essas dádivas.

Minha vida em seis palavras... Quando eu vou subir no palco?

Uma vida em resumo

Myra Ellen Amos nasceu na Carolina do Norte em 1963. Aos cinco anos, começou a ser treinada no Peabody Institute, mas foi pedida a se retirar aos 11. Amos lançou seu debut solo, Little Earthquakes, em 1992, e desde então já vendeu 12 milhões de discos, incluindo Midwinter Graces (2009), uma coleção de canções natalinas, e um ciclo de canção chamado Night of Hunters (2011). Gold Dust, uma coletânea de canções re-imaginadas do seu catálogo, foi lançado recentemente. Amos vive entre a Flórida e a Cornualha.

Fonte: Facebook do Undented

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Vídeo completo do show para o NPR!

O show apresentado no dia 05/10 por Tori, em companhia de um octeto (falamos dele AQUI), finalmente foi disponibilizado em HD e na íntegra pelo site do NPR!



Agradecemos ao fórum Afterglow pelo link!

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Resumo: Le Poisson Rouge (NYC), para o NPR!


Por dificuldades em acessar o blogger recentemente, não pude preparar uma postagem em tempo hábil com informações da estupenda apresentação de Amos para o site NPR, a qual foi gravada e neste momento já pode ser ouvida em sua totalidade, no próprio site. Para não passar em branco e lembrá-los que em breve ela também estará disponível EM VÍDEO, decidi escrever um resumo de tudo, incluindo links úteis para desfrutar desse show único.

Tori não pôde trazer a Metropole Orchestra para fazer apresentações em solo norteamericano; isso fez com que ela programasse pelo menos dois shows, acompanhadas de um octeto, como estratégia de divulgação do Gold Dust nos Estados Unidos. A primeira performance aconteceu no Le Poisson Rouge, em NYC, e pode ser ouvida neste LINK; o setlist apresentado logo abaixo refere-se exatamente a ela. A segunda, que tomou forma hoje, em Connecticut, já foi tratada em outra postagem nossa.

LEATHER
CLOUD ON MY TONGUE
IMPROV - CALL MY NAME (solo)
JAMAICA INN (solo)
PURPLE PEOPLE (solo)
SNOW CHERRIES FROM FRANCE
SMOKEY JOE
PUTTING THE DAMAGE ON (solo)
TAXI RIDE (solo)
JACKIE'S STRENGHT
FLAVOR
1000 OCEANS (solo)
HEY JUPITER
WINTER

ps: recomendamos muito que vocês ouçam este show! Além da gravação em qualidade profissional, todas as músicas com octeto receberam introduções esplêndidas ;)

Fonte: Undented

Show no Infinity Hall (Connecticut, USA) [08/10/12]


Tori fez mais uma apresentação no estilo do webcast do dia 05/10/12, acompanhada de um octeto, dessa vez no estado de Connecticut. No entanto, invés de tocar Jamaica Inn, Tori apresentou Ribbons Undone; outra novidade foi Marianne, a qual não sabemos ainda se foi solo ou com o octeto. O setlist (obtido via Twitter do Undented) está postado logo abaixo.

LEATHER
CLOUD ON MY TONGUE
PURPLE PEOPLE
MARIANNE
SNOW CHERRIES FROM FRANCE
SMOKEY JOE
TAXI RIDE
RIBBONS UNDONE
JACKIE'S STRENGHT
FLAVOR
1000 OCEANS
HEY JUPITER
WINTER (tocada duas vezes, Tori errou a primeira)

ps: LEATHER e CLOUD ON MY TONGUE foram reapresentadas, logo depois de Winter.

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Setlist de Londres (03/10/12)

Tori fez o terceiro show da Gold Dust Orchestral Tour no prestigioso Royal Albert Hall, em Londres, e seguiu mais uma vez à risca o setlist que tem apresentado desde então. A canção solo, no entanto, foi Ribbons Undone, que veio a calhar com a presença de sua filha, Tash, na plateia.

FLYING DUTCHMAN
CLOUD ON MY TONGUE
BAKER BAKER
MARIANNE
SNOW CHERRIES FROM FRANCE
RIBBONS UNDONE (solo)
HEY JUPITER
JACKIE’S STRENGHT
WINTER
- intervalo -
YES, ANASTASIA
FLAVOR
GIRL DISAPPEARING
SILENT ALL THESE YEARS
LEATHER
EDGE OF THE MOON
GOLD DUST
PRECIOUS THINGS

encore:
STAR OF WONDER
PROGRAMMABLE SODA
OUR NEW YEAR

Por enquanto, não surgiram nem fotos nem vídeos do show, mas fiquem ligados em nosso facebook que postaremos quaisquer links lá!

Fonte: Twitter do Undented

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Setlist de Bruxelas (02/10/12)


E aconteceu hoje o segundo show da Gold Dust Orchestral Tour, na cidade de Bruxelas. O setlist foi praticamente o mesmo apresentado para o show de ontem, com exceção da canção solo, que foi Here In My Head (o momento dessa canção solo, por sinal, recebeu o nome de Fairy Song!). A lista completa segue logo abaixo, e mesmo não tendo saído nenhum bom vídeo até o momento, segue ao menos um link do flickr com várias fotos em boa qualidade do show.

FOTOS (via Undented)

FLYING DUTCHMAN
CLOUD ON MY TONGUE
BAKER BAKER
MARIANNE
SNOW CHERRIES FROM FRANCE
HERE IN MY HEAD (solo)
HEY JUPITER
JACKIE’S STRENGHT
WINTER
- intervalo -
YES, ANASTASIA
FLAVOR
GIRL DISAPPEARING
SILENT ALL THESE YEARS
LEATHER
EDGE OF THE MOON
GOLD DUST
PRECIOUS THINGS

encore:
STAR OF WONDER
PROGRAMMABLE SODA
OUR NEW YEAR

Fonte: Twitter do Undented

ps: a imagem que ilustra a postagem foi obtida no fórum Afterglow.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Setlist do primeiro show da Gold Dust Orchestral Tour! (Roterdã, 01/10/12)



Aconteceu hoje o primeiro de cinco shows da Gold Dust Orchestral Tour! O setlist foi baseado no álbum novo e praticamente inteiro com a orquestra (à exceção de Purple People). Tori teve de recomeçar Flying Dutchman em função de um pequeno erro, mas ao que parece o show seguiu sem problemas. As novidades ficaram por Hey Jupiter, Baker Baker, Leather, Edge of The Moon e Our New Year; para conferir a sequência completa de canções, segue setlist.

FLYING DUTCHMAN
CLOUD ON MY TONGUE
BAKER BAKER
MARIANNE
SNOW CHERRIES FROM FRANCE
PURPLE PEOPLE (solo)
HEY JUPITER
JACKIE’S STRENGHT
WINTER
intervalo -
YES, ANASTASIA
FLAVOR
GIRL DISAPPEARING
SILENT ALL THESE YEARS
LEATHER
EDGE OF THE MOON
GOLD DUST
PRECIOUS THINGS
STAR OF WONDER
PROGRAMMABLE SODA
OUR NEW YEAR

ps: entre Precious e Star of Wonder, Tori deixou o palco e convidou John Phillip Shenale para ser agraciado com palmas!
ps2: as fotos que ilustram esta postagem vieram do maravilhoso tumblr Ear With Feet.

Fonte: Twitter do Undented

Gold Dust, e as recordações


Recordações. Vê-las se formando, sendo guardadas e ficando distantes, com o caminhar dos anos, é o tipo de coisa que nenhum de nós escapa. E à medida que o tempo passa, essas mesmas recordações, que numa análise superficial são momentos fixos no passado, mudam. A maneira como olhamos para elas, sem dúvida, pode mudar. Se num primeiro momento, causavam mágoa e revolta, podem se tornar marcos para nossa consciência e senso de realidade (ainda que, em alguns casos, seja de uma realidade brutal). Ou se nos traziam dor em face de uma perda irreparável, com a ajuda das estações podem acabar nos trazendo um sentimento mais doce, generoso e saudosista. Até se foram essencialmente felizes, dão uma certa melancolia em pensar que aquelas coisas boas não voltam nunca mais... Em suma, as recordações vem e vão, e não são estáticas, em nossas mentes e corações.

Foi esse o esforço assumido por Tori Amos em Gold Dust. Representar, com o amparo pomposo de uma orquestra, que as recordações trazidas por certas canções não são exatamente iguais, ainda que venham de um mesmo lugar. Mostrar, através de mudanças mais ou menos radicais, que as garotas cresceram, adquiriram mais corpo e experiência pelos mundos que visitaram, trazendo-nos a um momento em que todas elas, até as mais dolorosas, acabam sendo especiais: especiais por representarem o curso de uma vida durante 20 anos, e por invocarem todos os sentimentos possíveis que o simples fato de ser humano costuma invocar. E isso não diz respeito somente à Tori em si, ainda que as músicas tenham sido trazidas a esta dimensão por ela mesma. Diz respeito também a cada toriphile que, ao descobrir a arte dessa pianista ruiva, passou a acompanha-la e construir suas memórias com as canções escritas por ela... A ideia por trás do Gold Dust é de resgate, para ela e para nós.

Ainda que muitos tenham sentido falta de várias canções icônicas, e que provavelmente ficariam estupendas em arranjos orquestrais, não seria possível deixar todos satisfeitos na duração de um único disco. E mesmo que a seleção tenha parecido preguiçosa, tanto por se assemelhar ao show de 2010 em companhia da própria Metropole Orchestra (e que serviu de origem a este projeto), como por Tori ter decidido usar músicas que se prestassem mais à orquestração, ao invés de inovar por completo em sua abordagem, ela perfaz de forma concisa a carreira da pianista e tem sim momentos de intensa novidade, a exemplo de Flavor (primeiro single do disco) e da sempre intensa Precious Things. Não ter operado grandes novidades sobre a maioria das faixas não significa que elas não mudaram também; estas mudanças, porém, foram mais sutis, e trataram de acrescentar, mais do que refazer. Como um entrevistador afirmou na nova leva de entrevistas recente, Tori parece canta-las com mais força, mais propriedade. E isso é fruto de um processo que precisa acontecer para todos nós: a maturidade.

Um traço notável nessas transformações foi a incorporação de nuances típicas às apresentações ao vivo dessas músicas: Yes, Anastasia sofreu um corte tremendo em sua duração, mas agora representa o que Tori costuma fazer com ela ao vivo; Cloud On My Tongue, além da comovente nova ponte dos “circles and circles, again, again”, finalmente termina com o seu doce “he and she, we and...”; Precious Things ganhou uma versão em que o “Guuurl” é rosnado de forma contundente; Marianne guarda momentos de orquestração pungente e sufocante, acompanhando a catarse que essa música sugere, quando tocada ao vivo; e Silent All These Years, uma das mais queridas pelos fãs, adquiriu novas camadas de voz em sua ponte, as quais retratam tanto versos cantados na original do Little Earthquakes, como a versão mais simples, típica de performances para o público.

Isso só demonstra como as diferenças trazidas neste novo disco realmente procuraram incorporar a evolução dessas garotas, de uma forma mais “juvenil” (mas não menos genial) a um estado mental mais “adulto”, mantendo porém sua essência e, sem dúvida, o vigor. Porque isso é crescer: é passar por mil coisas, conhecer outras pessoas, se surpreender positiva e negativamente, e ao olhar para si próprio, depois de tudo o que se passou, sentir-se diferente, mas ainda em sua pele. E essas canções ainda são as mesmas que nos fizeram chorar ao lembrar de pessoas que não vão voltar. As mesmas que nos fizeram sorrir quando nos deram conforto e regozijo, às vezes somente por ouvi-las. As mesmas que nos viram crescer e decrescer, mas sempre estiveram lá, até quando sentíamos que o resto do mundo não estaria. Elas estão em nossas memórias, e mesmo que um dia desgostemos por qualquer razão de Tori, suas garotas nunca vão nos deixar.

Recordações. O tempo faz com que a nossa perspectiva sobre elas mude, mas uma coisa nem o tempo nem nós mesmos podemos mudar: o fato aterrador de que elas sempre terão seu lugar. E o Gold Dust é só um sinal disso. De que as recordações sempre terão seu lugar.

“Whose God spread fear? Whose God spread love?”
“We’ll see how brave you are”
“I got lost on my wedding day”
“Circles and circles again, again... Got to stop spinning”
“With their nine inch nails and little fascist pants tucked inside the heart of every nice girl”
“Some say we have been in exile, what we need is solar fire”
“I tell you that I’ll always want you near... You say that things change, my dear”
“So afraid you’ll be what they never were”
“When you think, and boy, when you drink! When you think of me”
“And when I promised my hand, he promised me back snow cherries from France”
“And they said ‘Marianne killed herself’, and I said ‘Not a chance’”
“Years go by and I’m here still waiting for somebody else to understand”
“7 a.m., so it begins again... One zip favoring familiar silhouettes”

“And somewhere Alfie smiles, and says ‘enjoy her every cry you can see in the dark through the eyes of Laura Mars...’ ‘How did it go so fast?’ You say as we are looking back, and then we’ll understand we held Gold Dust, in our hands”



Bem vindo, Gold Dust, boa sorte em seu lançamento.